Neurocientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) descobriram que o cérebro adulto contém milhões de sinapses silenciosas, também conhecidas como plásticas – conexões entre neurónios que se mantêm inativas até serem recrutadas para ajudar a formar novas memórias.
Até agora, porque foi isso que descobriram os cientistas há décadas, acreditava-se que essas sinapses só existiam durante as primeiras fases do desenvolvimento para ajudar o cérebro a entender a informação a que estava exposto nos primeiros anos de vida. Pensava-se então que, nos ratinhos, elas desapareciam ao fim de 12 dias, o equivalente aos primeiros meses de vida humana.
Este novo estudo revela afinal que, nos animais adultos, cerca de 30% das sinapses do cortex cerebral são também silenciosas.
Este resultado pode ajudar a explicar por que é que o cérebro adulto consegue, continuamente, formar novas memórias e aprender novas coisas sem modificar as sinapses convencionais já existentes.
“Estas sinapses estão à procura de novas conexões e, quando informação importante é apresentada, essas conexões entre os neurónios relevantes são fortalecidas. É isto que permite que o cérebro crie novas memórias sem passar por cima de outras importantes gravadas em sinapses maduras, que são difíceis de modificar”, afirma Dimitra Vardalaki, finalista do MIT que liderou este estudo publicado na Nature, juntamente com Mark Harnett, professor de ciências cognitivas, e Kwanghun Chung, professor de engenharia química.
“Este paper, que se saiba, é a primeira evidência real de que é assim que as coisas funcionam no cérebro dos mamíferos”, acrescenta Harnett. “Precisamos de flexibilidade para adquirir nova informação, mas também de estabilidade para reter informação importante.”
Os investigadores estão agora a trabalhar para encontrar evidência da presença dessas sinapses no tecido cerebral humano. Também pretendem estudar se a relação entre o número ou função dessas sinapses é afetado por fatores externos como o envelhecimento ou doenças degenerativas.
“É perfeitamente possível que, mudando a carga de flexibilidade que existe no sistema da memória se torne mais difícil de mudar comportamentos e hábitos ou de incorporar novas informações”, remata Mark Harnett.