Conduzido por investigadores da Universidade Northwestern, em Evanston, Illinois, nos EUA, um novo estudo pode dar a solução para quem não consegue associar nomes a caras com facilidade. A equipa descobriu que colocar uma gravação em repetição com os nomes das pessoas durante o período de sono mais profundo melhora a capacidade de nos lembrarmos desses nomes e rostos, associando-os, no dia seguinte.
As conclusões revelam ainda que as pessoas lembraram-se, em média, de 1,5 mais nomes comparativamente aos resultados verificados antes de dormir, mas isto só aconteceu quando “o sono não foi perturbado no momento da reativação da memória”, explicou Ken Paller, professor de psicologia e autor principal do artigo, em declarações à CNN. Além disso, os investigadores perceberam que as pessoas com períodos mais longos de sono profundo foram as que obtiveram melhores resultados no estudo, publicado na revista NPJ: Science of Learning.
A equipa de investigação pediu a 24 voluntários que tentassem memorizar 80 rostos e os seus nomes correspondentes através de fotos, sendo que metade das imagens diziam respeito a estudantes de uma aula de história latino-americana e a outra metade a alunos de história japonesa.
Cada participante foi ligado a um eletroencefalograma, que regista a atividade elétrica do cérebro, sendo autorizado a realizar uma sesta durante o dia. Durante esse sono, a sua atividade cerebral foi monitorizada pelos investigadores e sempre que havia informação, devido às ondas cerebrais, de que o participante estava em sono profundo, os nomes estudados eram tocados numa coluna de som.
Para facilitar a associação, a equipa também colocou música relacionada com a cultura japonesa ou latina, dependendo do grupo de fotos que tinha calhado a cada pessoa, já que a música contribui para o armazenamento de memórias de longo prazo, ao ativar o hipocampo. “Quando os nossos participantes acordaram, foram relativamente melhores a reconhecer os rostos das pessoas e a lembrarem-se dos seus nomes em comparação com o exercício de memorizar rostos e nomes realizado sem reativação durante o sono.”
De acordo com os autores, esta investigação permitiu provar que “quando as memórias são reativadas durante o sono, as habilidades relativas à memória podem ser melhoradas” assim que acordamos. Durante o sono profundo, que corresponde à fase 3 do ciclo, os músculos relaxam completamente e o corpo fica menos sensível a estímulos externos, sendo que não existem sonhos porque a mente está “desligada”. É uma fase muito importante para a reparação corporal, já que o corpo recupera de pequenas lesões que foram surgindo durante o dia. É aqui que são consolidadas as memórias de longo prazo.
De acordo com Paller, a equipa está, agora, a “testar métodos para implementar os procedimentos em casa”, apesar de ainda não haver evidências suficientes sobre a forma como se podem obter de facto resultados eficazes.