Basta adormecer em cima de um braço para que a surja uma estranha sensação: a mão dormente. Mas se em muitas pessoas é uma sensação passageira, não significando nenhum problema em especial, há casos em que quando persiste pode ser sinal de que algo pode estar errado. O médico Óscar Alve, Coordenador da Unidade de Neurocirurgia do Hospital Lusíadas Porto, responde às dúvidas principais sobre o tema e fala de uma síndrome que e das principais causas da dormência.
O que é?
É uma alteração sensitiva causada por lesão, irritação ou compressão de um nervo periférico desde a sua origem na medula espinhal, ou no braço, antebraço ou punho. Pode afetar só alguns dedos ou toda a mão, e pode estar relacionada com dormência no resto do membro.
Quais as causas?
Uma das patologias mais comuns que podem suscitar dormência nas mãos é a síndrome do túnel cárpico. Afeta 1% a 3% dos adultos, com particular incidência nas mulheres, e com maior frequência em indivíduos com trabalho manual pesado e que executam manobras repetitivas. É causada pela compressão do nervo mediano na transição entre o antebraço e a mão devido a um espessamento no ligamento transverso do carpo, que recobre o nervo no seu trajeto.
A síndrome do túnel cárpico. Afeta 1% a 3% de todos os adultos
Como se manifesta?
Tipicamente, apresenta-se com dormência ou formigueiros nos dedos intermédios da mão afligida, de predomínio noturno. Poderá surgir dor local, com extensão ao antebraço, e perante compressões mais graves ou prolongadas, os sintomas descritos poderão ocorrer também de dia e ser acompanhados de fraqueza e perda de destreza manual.
Como se diagnostica?
A eletromiografia é importante na confirmação e na distinção de outras formas de compressão nervosa. Em certos casos faz-se uma ecografia do punho.
Há tratamento?
O tratamento conservador é eficaz numa minoria dos doentes, e de forma transitória. A principal ferramenta terapêutica é a cirurgia de descompressão − um procedimento simples, com anestesia local e em ambulatório. No pós-operatório, os doentes devem evitar manipular objetos com a mão operada durante o período de convalescença (habitualmente de um mês) e manter a mão elevada em relação ao cotovelo para evitar edema nas extremidades. De recuperação simples e sem complicações, é gratificante pelo bom resultado funcional e pela melhoria da qualidade de vida que dá aos doentes.

Óscar Alves
Coordenador da Unidade de Neurocirurgia do Hospital Lusíadas Porto
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