O R (índice de transmissibilidade) nacional tem tido uma tendência sistemática para aumentar, desde que atingiu o valor mais baixo (0.61), no final do mês de fevereiro, indicou o epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Baltazar Nunes, revelando ainda que, atualmente o indicador se encontra em 1.05.
Esta é agora a média nacional, sendo que “todas as regiões do País, incluindo a Madeira e os Açores estão acima de 1, com exceção da região de Lisboa e Vale do Tejo, que tem uma taxa de crescimento praticamente nula”, referiu durante mais uma reunião no auditório do Infarmed com especialistas e políticos.
Houve assim, nas palavras do especialista, “uma inversão da tendência”, passando o País atualmente por uma fase de crescimento do número de novos casos por dia.
Assumindo a atual taxa de incidência nacional, de cerca de 71 casos por 100 mil habitantes, e o valor do R existente, Baltazar Nunes assegura que a região Norte e o Alentejo demorarão entre duas semanas a um mês a atingir a taxa de incidência de 120 casos por 100 mil habitantes, enquanto o Algarve, os Açores e a Madeira já a atingiram.
Reforçando os resultados apresentados por André Peralta, mais cedo na mesma reunião, Baltazar Nunes disse ainda que há um aumento muito significativo da incidência nas faixas etárias entre os cinco e os seis anos, mas também entre os 25 e os 50 anos. Acima dos 75 anos, há agora a manutenção de uma incidência mais baixa.
Se em outubro, a abertura das escolas veio manter ou, eventualmente, aumentar o crescimento da incidência do número de novos casos, que já existia, Baltazar Nunes revelou que agora “estávamos num processo de descida da incidência e, após a abertura deste primeiro nível escolas, observa-se uma inversão da tendência”, com um aumento da incidência entre os 0 e os 4 anos e os cinco e os nove.
Em relação à posição de Portugal, relativamente à União Europeia, se a 21 de março o país tinha o R abaixo de 1 e uma taxa de incidência entre 60 e 120, agora “esta situação inverte-se”. Portugal mantém-se nos mesmos níveis de incidência, “mas com o R acima de um e até com uma tendência crescente”, alerta Baltazar Nunes, salvaguardando que o país tem uma taxa de incidência, ainda assim, muito inferior à maioria da Europa.
Quanto às matrizes de contacto social, os valores mais elevados foram observados em dezembro e desceram ate ao final de fevereiro, tendo depois voltado a aumentar o número de contactos entre as pessoas, sobretudo nos grupos com menos de 69 anos. Ainda assim, os valores são inferiores aos da época do Natal.
Por fim, o especialista revelou ainda simulações matemáticas que calcularam que o atual plano de vacinação tenha, na última semana, reduzido entre 3% a 5% da ocupação das camas de Unidades de Cuidados Intensivos, entre 9% e 10% a ocupação de camas de enfermaria e prevenido entre 78 e 140 mortes de janeiro a abril.