Este fim-de-semana, dias 27 e 28 de março, começa a vacinação contra a Covid-19 dos docentes e não docentes do pré-escolar e 1.º ciclo. São cerca de 80 mil pessoas espalhadas pelo País que vão pôr a prova a capacidade logística. Mas há uma segunda prova: este será também um teste à confiança nas vacinas, já que a marca prevista é a da AstraZeneca, e muitas pessoas ainda se sentem desconfortáveis com este fármaco depois da polémica que chegou a levar à sua suspensão e que é hoje considerado seguro.
É, pelo menos, isto que notam enfermeiros contatados pela VISÃO. Depois de já ter havido casos pontuais de pessoas que não quiseram tomar esta vacina, este universo de 80 mil pessoas a inocular em poucos dias será um teste. “Há pessoas que perguntam qual a vacina, não recusam a vacinação, mas querem saber se é a da AstraZeneca”, diz Carmen Garcia, enfermeira em Évora. A profissional diz que sente “algum medo da recusa das pessoas”, mas diz à VISÃO que há “falta de comunicação”. “Devia ser feita uma campanha para explicar, de forma simples, o que são as vacinas para tirar todas as dúvidas à população, principalmente os menos instruídos”, nota.
No Twitter, apelou a uma consciencialização maior da parte da Direção Geral da Saúde para organizar formas de comunicação em massa que esclareçam as dúvidas e afastem receios infundados.
Mário Macedo, enfermeiro no Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) está no terreno há meses a vacinar membros das forças de segurança. “Nunca tive uma recusa de vacina”, diz.
Ao Sindicato dos Enfermeiros Portugueses não têm chegado ainda relatos de recusas de vacinas por parte da população. A dirigente Guadalupe Simões concorda que “este fim de semana” pode ser um teste à vacina da AstraZeneca.
Nos Açores, onde a campanha de vacinação é feita por risco, não havendo este fim-de-semana vacinação em massa para pessoal docente e não docente, houve, até, agora, “cerca de 1 600 pessoas que recusaram ser vacinadas”, diz Gustavo Tato Borges, coordenador regional de saúde pública, sendo que já foram administradas cerca de 8 500 doses da AstraZeneca.
A recusa deveu-se à vacina ser da AstraZeneca e “uma pequeníssima parte a não quererem de todo qualquer vacina”. O, também vice-presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, acredita que “não vai haver muitas recusas” este fim de semana durante o processo de vacinação dos professores e auxiliares no continente. “É um momento extraordinário e as pessoas sabem que é um bem para toda a comunidade”, nota, embora admita casos pontuais, já que “as pessoas são livres de serem ou não vacinadas”.
A Agência Europeia do Medicamento confirmou que a vacina da AstraZeneca contra a covid-19 é segura e eficaz, e que não está associada a problemas de coágulos sanguíneos.