Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), apresentou os resultados sobre a incidência e transmissibilidade na reunião do Infarmed, que junta políticos e peritos, e assinalou que o Rt (índice de transmissibilidade) é de 0,89. Um aumento em relação à reunião anterior, quando estava no 0,74. Os dados ainda não têm em conta o início do desconfinamento (abertura de creches).
O especialistas diz que este aumento é “natural” e que reflete a redução do número de casos. “É natural que haja o abrandar da velocidade de decréscimo, embora também tenha os seus riscos”, notou.
Todas as regiões do Continente “estão com o Rt abaixo de 1”, salientou, sendo que os Açores estão acima de 1 e não foram apresentados os valores da Madeira.
O especialista referiu que o grupo etário com maior incidência é o “dos 20-30 anos”, sendo que houve uma grande redução na faixa dos 80 ou mais anos – “redução acentuada no grupo da população mais sénior”.
Adiantou, também, que os contactos na faixa etária dos 70 anos têm aumentado e que isso pode dever-se à “perceção da confiança na vacinação” ou “à própria deslocação aos locais de vacinação”.
Quanto à mobilidade, mostrou que aumentou e em comparação com outros países da Europa,
“Portugal deixou de ser o país com maior redução de mobilidade, que tinha a 2 de março”. No entanto, ressalvou que “grande parte da Europa central e de leste está com o Rt acima de 1 e taxas superiores a 240 casos por cem mil habitantes”. Já o índice de confinamento está nos 55%, na última reunião estava nos 62%. Houve um aumento embora “de forma não abrupta”. Estes dados também não contemplam a abertura das creches e pré-escolar.
Conclui que as incidências estabilizaram e “atualmente já não se prevê que a incidência chegue aos 60 casos por cem mil habitantes no final de março”.
Estratégia de testagem
Depois de Baltazar Nunes, subiu à tribuna Ricardo Mexia, especialista em Saúde Pública do INSA, para falar sobre a Estratégia de Testagem massiva que está a ser realizada e que, disse, “se pretende que seja feita com critérios objetivos e claros”.
As linhas centrais deste plano são para que os testes incidam nas zonas onde há mais casos (áreas de atividade ou geográficas), nos locais onde há maior exposição, entre as populações mais vulneráveis (trabalhadores sazonais, sem abrigou ou migrantes) e serviços essenciais (bombeiros, serviços de saúde e de segurança). Vai também haver um sistema de notificação mais “ágil”, “seja através de plataformas web ou aplicações”, salientou, e “tem de haver forte capacidade de resposta” aos casos novos.
O especialista referiu que “os testes não se substituem uns aos outros” e notou que “a vigilância epidemiológica e das variantes que circulem faz com que seja fundamental fazer testes PCR para assegurar estas vertentes”.