O fenómeno psicológico de déjà-vu vem do termo francês e significa “já visto”. É bastante comum em várias pessoas e provoca a sensação de já ter vivido aquela situação (que a pessoa já esteve naquele lugar sem lá ter ido ou que conhece alguém sem nunca ter visto essa pessoa antes). Existem várias teorias que explicam o déjà-vu, sendo que a psicanálise é uma das correntes da psicologia que se dedicam a tentar explicar esse fenómeno mental.
O psicanalista Carl Gustav Jung explica que o déjà-vu é apenas um resultado do inconsciente coletivo; ao contrário de Freud, que considera que são desejos reprimidos, isto é, a sensação funciona como um mecanismo de defesa causado por um tipo de sofrimento que foi reprimido.
Segundo vários estudos científicos, o déjà-vu pode estar associado à perturbação de ansiedade, por ser mais comum acontecer quando uma pessoa está a passar por situações de grande stresse. Atualmente, de acordo com um estudo recente que foi publicado no The Quarterly Journal of Experimental Psychology, considerou-se que o déjà-vu é uma reação do nosso cérebro a verificar a memória que acabou de criar. De acordo com o mesmo estudo, pôde-se verificar que a sensação de déjà-vu ativou as áreas frontais do cérebro responsáveis pela tomada de decisão.
Alguns cientistas referem que o déjà-vu se deve a algo que desperta no indivíduo uma sensação que ele associa a alguma experiência já vivenciada. Também a imaginação ativa e a habilidade de recordar sonhos parecem ter ligação com as experiências de déjà-vu.
Para outros pesquisadores, a sensação de déjà-vu poderá ser disparada por uma ação neuroquímica no cérebro e não está ligada a nenhuma experiência do passado.
De acordo com os estudos investigados, o déjà-vu ocorre quando existe uma falha do cérebro e os factos, que estão a acontecer no momento, são armazenados no cérebro diretamente na memória a longo e médio prazo sem passar pela memória imediata, o que dá a sensação de a situação ter acontecido antes. Isso acontece, quando há uma falta de comunicação e uma demora da passagem da informação entre os sistemas consciente e inconsciente, o que pode ser causado por uma espécie de curto-circuito no cérebro. Esse atraso faz com que a pessoa sinta que aquela situação já aconteceu e que a memória seja criada duas vezes.
Alguns estudos também indicam que o déjà-vu tem relação com os níveis de dopamina (hormona responsável pela sensação de prazer) no cérebro.
Um estudo realizado descobriu que dois terços das pessoas que experimentaram essa sensação pelo menos uma vez na vida são aquelas que viajam para lugares diferentes com maior frequência, ou seja: são mais propensas a essa sensação.
Outros estudos apontam para que o déjà-vu seja uma espécie de teste natural de memória, o que significa que a pessoa que tem essa experiência tem a capacidade de memorizar informações e que a sua memória está a funcionar corretamente.
Existem ainda estudos que afirmam que as sensações de déjà-vu são parte de sonhos precognitivos e que trazem informações sobre acontecimentos futuros.
Recentes estudos científicos comprovaram que, nas pessoas que têm sensações de déjà-vu com frequência, foram identificados sinais de atrofia no lobo temporal (estrutura do cérebro responsável pela gestão de memórias). Após várias investigações, a tese mais aceite é a de que o déjà-vu é causado por uma espécie de miniepisódio de epilepsia, que faz com que o lobo temporal saia de sincronia em relação às outras áreas cerebrais. O facto deve-se às memórias recentes que estão na consciência e são enviadas para o reservatório de memórias antigas, que faz com que o presente ganhe uma aparência do passado.