Fazer caminhadas rápidas durante 11 minutos – leu bem, 11 minutos apenas – pode ser o suficiente para combater o sedentarismo, sendo possível diminuir as consequências negativas para a saúde de se ficar sentado oito horas por dia. Esta é a conclusão de uma nova investigação, que teve em conta os hábitos diários de milhares de pessoas, analisando nove estudos de quatro países, na Europa e EUA.
A partir da observação das pesquisas, que envolveram mais de 44 mil homens e mulheres, acompanhados entre 4 e 14,5 anos e que utilizaram, diariamente, acelerómetros, a equipa percebeu que as pessoas mais sedentárias, que passam várias horas seguidas sentadas, têm um risco muito alto de morrerem mais jovens. Mas esse risco diminui bastante se as pessoas se levantarem e andarem, mesmo que não façam grandes esforços.
De acordo com a equipa, o tempo médio de sedentarismo variou de 8,5 horas por dia a 10,5 horas por dia. Já relativamente ao tempo de exercício físico moderado a vigoroso, a média foi de 8 minutos por dia a 35 minutos por dia. Em comparação com o grupo de referência – de maior atividade física/menor tempo de sedentarismo -, o risco de morte aumentou bastante quando se observaram níveis mais baixos de exercício físico moderado a intenso e maiores períodos de tempo sedentário. A equipa percebeu que, de todas as pessoas analisadas, 3451 delas morreram durante o período de tempo em conta no estudo. Obviamente, a equipa teve em conta vários fatores que podem ter influenciado estes resultados, nomeadamente o tabagismo e a massa corporal dos participantes.
A investigação, publicada na última semana no British Journal of Sports Medicine , pretendia analisar a ligação entre a atividade física e o sedentarismo e o risco de morte e deu conta de que cerca de 30 a 40 minutos de caminhadas ou atividade física moderada por dia diminuem, realmente, a associação entre o tempo sedentário e o risco de morte. Mas realizar caminhadas rápidas ou exercício moderado durante 11 minutos também pode diminuir o risco de morte. Porquê? A equipa dividiu os participantes em três grupos, baseando-se no quanto se exercitavam ou ficavam sentados, e percebeu que aqueles que se exercitavam de forma moderada diariamente durante onze minutos tinham uma probabilidade significativamente menor de morrer prematuramente relativamente aos que se exercitavam menos, mesmo que todos eles pertencessem ao grupo dos que passavam mais horas sentados.
Este estudo contraria investigações anteriores, que concluíram que era necessário mais tempo de exercício para que os efeitos negativos do sedentarismo diminuíssem. Por exemplo, um estudo realizado em 2016, e que envolveu mais de um milhão de pessoas, descobriu que as pessoas precisam de fazer atividade física moderada entre 60 a 75 minutos por dia para combaterem o sedentarismo.
É importante referir que a investigação mais recente foi meramente observacional e não prova, de forma nenhuma, que o exercício fez com que as pessoas vivessem mais, mas sim que a atividade física, o sedentarismo e a mortalidade estão relacionados. Desde o início da pandemia, as pessoas passaram a realizar menos exercício físico e, por isso, é importante combater esta tendência. Para os investigadores, as caminhadas rápidas são excelentes exercícios moderados e, realizados com regularidade, podem ajudar “a prolongar as nossas vidas”.