O estudo publicado na revista de medicina The Lancet, na passada quinta-feira, 24, indica que os cinco pré-requisitos para amenizar as medidas de confinamento são: possuir um conhecimento detalhado acerca dos níveis de infeção, promover o envolvimento da comunidade, ter a capacidade de promover a saúde pública, oferecer um sistema de saúde adequado e aplicar medidas de controlo de fronteiras.
De forma a traçar os critérios em questão, os especialistas analisaram nove países e territórios que já começaram a amenizar algumas medidas de segurança. É o caso de Hong Kong, Japão, Nova Zelândia, Singapura, Coreia do Sul, Alemanha, Noruega, Espanha e Reino Unido. Mas os casos que mais preocupam as autoridades de saúde são a Espanha, Alemanha e Reino Unido, uma vez que os governos estão a falhar drasticamente no que concerne ao seguimento dos pré-requisitos com o objetivo de conter a expansão do vírus.
Conhecimento detalhado acerca dos níveis de infeção
Os especialistas indicam que um sistema de alta qualidade que permita vigiar o desenvolvimento do vírus é crucial para começar a amenizar, aos poucos, as medidas de restrição. Para tal, o ideal seria estabelecer critérios que permitissem ter acesso aos registos de saúde dos indivíduos em tempo real, de modo possibilitar o cálculo das taxas de infecciosidade.
O estudo britânico conclui que países como Singapura, Noruega, Espanha e Reino Unido, recorrem a especialistas com o objetivo de decidir como se deve proceder para amenizar as restrições. No entanto, ainda não existem critérios específicos que permitam estimar o risco de infeção.
Já no Japão, Alemanha, Coreia do Sul e, em alguns casos, no Reino Unido, as restrições estão a ser suspensas ou novamente aplicadas apenas com base na situação epidemiológica. Por exemplo, na Alemanha não é permitido levantar as restrições caso se verifiquem 50 novos casos diários por 100 mil habitantes, ao longo de sete dias consecutivos.
Envolvimento da comunidade
Um outro aspeto crucial a ter em conta para avançar com o levantamento das restrições tem a ver com a aplicação de uma estratégia que permita à população confiar nos governos. Isto porque, em vários países, a comunicação das medidas de proteção, como o distanciamento físico, tem-se revelado pouco clara e confusa. Isto acontece, particularmente, no Reino Unido em que a distância recomendada não é a mesma para todas as regiões. O mesmo se verifica com as regras relativas ao uso de máscara e o encerramento das escolas, situações em que não há um consenso global por parte das diversas zonas do Reino Unido.
Capacidade de promoção da saúde pública
O estudo indica que os países devem continuar a apostar fortemente na identificação de novos casos, realização de testes à Covid-19 e isolamento nos casos em que seja necessário. Mas o ritmo acelerado da pandemia fez com que muitos países, como é o caso do Reino Unido, não tivessem tempo de preparar devidamente estas medidas.
Oferecer um sistema de saúde adequado
Também a capacidade de oferecer um sistema de saúde adequado às necessidades dos pacientes infetados é fundamental. A medida diz que os países devem ter ao dispor instalações suficientes e eficazes para o tratamento de doentes, equipamento médico e hospitalar, como é o caso dos ventiladores, e um número suficiente de profissionais de saúde preparados para lidar com os surtos.
Medidas de controlo das fronteiras
O estudo aconselha a que os países façam uma gestão do fluxo de pessoas, de modo a reduzir a entrada de infetados. Aqui, o grande problema que alguns países enfrentam, principalmente os europeus, é a demora na realização de testes aos passageiros, daí a necessidade de apostar em medidas de controlo de fronteiras mais eficazes.