Investigadores da King’s College de Londres utilizaram dados da aplicação COVID Symptom Study (em português, Estudo dos Sintomas da Covid-19), em que os utilizadores descrevem, diariamente o seu estado de saúde e quaisquer possíveis sintomas da doença causada pelo SARS-CoV-2.
Após notarem um elevado número de relatos de erupções cutâneas, os dez autores do estudo decidiram focar-se no estudo dos relatos dos 336 mil utilizadores desta aplicação desenvolvida no Reino Unido: 8,8% dos utilizadores que testaram positivo para Covid-19 tiveram erupções cutâneas como um dos sintomas. 8,2% dos utilizadores que não realizaram um teste mas que têm sintomas comuns da doença (tosse, febre, perda de olfato) também tiveram erupções cutâneas.
Para compreenderem melhor o fenómeno, a equipa de investigadores criou um inquérito online, onde foi possível recolher imagens e informações de cerca de 12 mil indivíduos com erupções cutâneas que tenham testado positivo ou sejam suspeitos de ter Covid-19.
17% dos participantes infetados referem que as erupções foram o primeiro sintoma da doença a aparecer e 20% disseram que este foi o único sintoma que tiveram.
Erupções cutâneas associadas à Covid-19
Urticária
Aparecimento de altos na pele que tendem a desaparecer e reaparecer rapidamente e que causam comichão. Pode surgir em qualquer parte do corpo sendo que pode começar com comichão severa nas palmas das mãos e plantas dos pés. Se afetar a cara, pode causar inchaço nas pálpebras e nos lábios, o que pode resultar em dificuldades respiratórias. A urticária podem aparecem numa fase preliminar da infeção mas também podem persistir durante grandes períodos de tempo, até mesmo quando o paciente já não está infetado.
Erupções cutâneas do tipo varicela:
Áreas com pequenos inchaços vermelhos que tendem a ocorrer nos cotovelos e joelhos bem como nas mãos e pés. Pode persistir durante dias ou semanas.
Frieiras (ou “dedos de Covid”):
Esta é a erupção cutânea mais comum entre os indivíduos afetados pela Covid-19. Costuma ser uma resposta do corpo às temperaturas frias mas neste caso, dermatologistas repararam no aparecimento desta erupção com uma maior intensidade e em ambientes com temperaturas elevadas. É mais comum nos infetados mais jovens. Apresentam-se como inchaços avermelhados que aparecem nos dedos tanto das mãos como dos pés. Costumam aparecer numa fase mais avançada da infeção e podem, mais uma vez, perdurar até depois do desaparecimento da infeção viral.
Apesar de o coronavírus ser associado a implicações respiratórias, vários casos deste tipo de erupções têm vindo a ser reportados na China e Europa.
Tanya Bleiker, doutora e Presidente da Associação Britânica de Dermatologistas, explica o porquê destas descobertas serem decisivas no combate a este vírus.
“Documentar os sintomas da pele associados à Covid-19 é uma peça importante na compreensão da doença. Estes sintomas podem ser cruciais para detetar o vírus em pessoas que, de outra maneira, seriam consideradas assintomáticas.”
O estudo foi publicado online no site MedRxiv, que divulga estudos ainda antes de serem revistos e que, por isso, não devem ser usados como guia para práticas clínicas.