Os prós e os contras de comer carne vermelha têm sido amplamente estudados e discutidos. Muita investigação científica tem sido realizada sobre os benefícios de comer bife e, ao mesmo tempo, os malefícios se o fizermos de forma exagerada, ou seja, várias vezes por semana.
Quantas vezes damos por nós a debater o assunto à mesa? E o busílis está mesmo nos estudos que vão sendo feitos pela comunidade científica. Num dia aparece um estudo que diz que faz mal, depois outro que refere que, afinal, não é bem assim.
Em primeiro lugar, refira-se que carne vermelha não é apenas a carne de bovino. A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica como carne vermelha “toda a carne de mamíferos, incluindo carne bovina, vitela, porco, cordeiro, carneiro, cavalo e cabra”. Depois, há que distinguir entre carne vermelha e carne processada (transformada através de salga, cura, fermentação, fumo ou outros processos que realçam mais o sabor e aumentam a conservação. A maioria das carnes processadas contém carne de porco ou carne vermelha, mas, também, podem ter outras, como aves, miudezas ou subprodutos da carne, como sangue, misturadas).
A Agência Internacional para Pesquisa sobre Cancro (IARC, na sigla inglesa) – instituto que avalia os estudos científicos publicados relativos a fatores de risco da exposição humana) – classifica a carne processada como carcinogénica e a carne vermelha como “provavelmente” carcinogénica. No segundo caso, o “provável” explica-se porque as evidências dos estudos epidemiológicos que indicam ligações entre comer carne vermelha e desenvolver cancro colorretal foram limitadas. No entanto, alguns estudos revelam que comer 100 gramas de carne vernelha todos os dias aumenta o risco de cancro em 17%.
Pelo contrário, os estudos sobre carne processada concluíram numa forte relação entre esta proteína e o aparecimento do cancro colorretal, além de uma percentagem maior (18%) se houver uma ingestão diária de 50 gramas.
A IARC não aponta para as quantidades que podemos consumir, mas o Instituto Americano para a Pesquisa do Cancro aconselha: “Coma carne vermelha de forma moderada e pouca, ou nenhuma, carne processada”. A dose recomendada são três vezes por semana, cerca de 350 a 500 gramas no total, sem gorduras. Isto porque, explicam, a carne vermelha é uma boa fonte de proteínas, vitamina B12, ferro, zinco e outros micronutrientes.
Por seu lado, Joel Fuhrman, médico e autor do livro “Eat for life”, citado pelo jornal online Huffington Post, diz que quando comemos carve vermelha “estamos a expor, desnecessariamente, o nosso corpo a agentes cancerígenos, comprometemos o fluxo sanguíneo e aumentamos os riscos de inflamação” do intestino, além de que “este alimento” não é nenhuma mais-valia para o microbioma (flora intestinal).