O estudo apresentado pela Sociedade de Radiologia da America do Norte (RSNA) partiu da observação de 50 ressonâncias magnéticas de alta resolução, envolvendo meia centena de mulheres, 21 das quais tomavam contracetivos orais no momento em que decorreu a pesquisa. Os resultados mostraram diferenças significativas no volume de algumas estruturas cerebrais, nomedamante do hipotálamo, quando comparadas com as ressonâncias magnéticas das mulheres que não tomavam a pílula.
O hipotálamo é uma pequena estrutura do cérebro – do tamanho de uma amêndoa – responsável pela produção de hormonas e pela regulação de funções essenciais como o sono, a fome, a libido, o humor ou a temperatura corporal.
A diminuição do volume do hipotálamo pode estar assim, concluiram os investigadores, relacionada com o consumo de contracetivos orais. Estudos anteriores revelaram que a desregulagão do funcionamento desta estrutura em conjunto com outras partes do cérebro está associada a estados depressivos. No entanto, os investigadores dizem que é prematuro estabelecer uma relação de causa-efeito entre a administração de contracetivos orais e efeitos fisiológicos ou comportamentais específicos.
O autor do estudo, Michel Lipton, professor do Centro de Pesquisa em Ressonância Magnética da Faculdade de Medicina Albert Einstein e diretor médico dos Serviços de Ressonância Magnética do Montefiore Medical Center, advertiu que é possível que existam outras alterações estruturais no cérebro das mulheres que tomam contracetivos orais e admite que são necessárias mais pesquisas para perceber melhor as implicações clínicas da pílula na alteração do volume das estruturas do cérebro das mulheres.
Os contracetivos orais são uma das formas mais comuns de controlo da natalidade e podem ser usados para tratar diferentes condições, incluindo menstruação irregular, acne, síndrome dos ovários poliquísticos ou distúrbio disfórico pré-menstrual. Em 2015, 94% das mulheres portuguesas usavam um método contracetivo, de acordo com a Sociedade Portuguesa de Ginecologia e a Sociedade Portuguesa de Contaceção. Entre os 15 e os 49 anos, 58% usavam pílulas contracetivas orais, o método mais usado em Portugal.