Os bebés que nascem antes do tempo têm uma maior probabilidade de desenvolver lesões cerebrais que os bebés não-prematuros. Um novo estudo da Universidade de Genebra, na Suíça, concluiu que a música tem o poder de contrariar esta tendência.
Segundo os cientistas, como os bebés são separados da mãe logo à nascença, os seus cérebros não se desenvolvem tão bem quanto seria suposto. No entanto, a música ajuda à formação das conexões nervosas que um bebé saudável normalmente sofreria. E o punji, um instrumento de sopro tradicional da India, foi o que demonstrou ter o efeito mais forte.
O estudo envolveu três grupos de bebés: dois grupos de bebés prematuros, um dos quais estava em contacto com música; e um terceiro grupo composto por bebés saudáveis nascidos no fim do tempo normal de gestação. Os investigadores recorreram a ressonâncias magnéticas para avaliar as diferenças de desenvolvimento cerebral entre os três grupos. Foram testados três tipos de instrumentos: o punji, a harpa e sinos.
Os resultados mostraram que os bebés prematuros que ouviam música tinham uma complexidade cerebral mais semelhante à de bebés de termo, quando comparados com os que não ouviam música. Por outras palavras, a música ajudou-os a ter um melhor desenvolvimento cerebral.
Segundo Lara Lordier, estudante no Hospital Universitário de Genebra e principal autora do estudo, “o instrumento que gerou mais reações foi a flauta indiana dos encantadores de serpentes, o pungi. As crianças mais agitadas acalmaram-se quase instantaneamente e a sua atenção voltou-se para a música”, revelou.
Os bebés que não tiveram qualquer contacto com a música apresentavam conexões mais fracas entre as várias partes do cérebro – uma consequência do nascimento prematuro. Os piores danos foram observados na rede de saliência, uma rede neural que liga três partes do cérebro e é responsável pela absorção e interpretação de experiências sensoriais e emocionais. “Esta rede é essencial para a aprendizagem e para o desempenho de tarefas cognitivas, assim como para as relações sociais e a manutenção emocional”, diz Lordier.
Estima-se que, em Portugal, 10% dos bebés que nascem por ano são prematuros. Dados de 2016 indicam que, nesse ano, nasceram aproximadamente 7050 bebés prematuros no país.
Os bebés prematuros têm um desenvolvimento mental mais precário, porque, ao contrário dos bebés saudáveis, são afastados da mãe nos primeiros tempos de vida. Tal faz com que os bebés não aprendam a reagir aos barulhos, sons e formas em seu redor ao mesmo tempo que os bebés que completaram, pelo menos, 37 semanas de gestação. Estudos anteriores revelaram que a música pode ter um efeito relaxante em bebés prematuros, baixando o seu ritmo cardíaco, promovendo o sono e melhorando o processo de alimentação.
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