Em primeiro lugar, explica Marta Fonseca, especialista de Medicina Geral e Familiar no Hospital CUF Infante Santo,em Lisboa, é importante relembrar a definição de constipação, para depois desconstruir o mito enraizado há muito tempo de que andar descalço pode provocar esta e outras doenças.
A constipação é uma infeção das vias respiratórias superiores – nariz, garganta e cordas vocais – provocada por vírus,e que se carateriza por uma sintomatologia ligeira e de tratamento fácil. Na sua origem, esclarece a especialista, podem estar mais de 200 subtipos de vírus diferentes e estima-se que um adulto saudável possa ter, em média, dois a três episódios por ano, de acordo com o estudo The common cold in adults: Diagnosis and clinical features, publicado na UpToDate.
Esta infeção transmite-se através de partículas de saliva de uma pessoa infetada, que são expelidas, principalmente, na tosse e espirros, mas também por contato direto com a pessoa – através das mãos, por exemplo. Por isso mesmo, só se fica constipado se existir contacto com o agente causador da doença e não por exposição direta a um ambiente frio, nem devido a correntes de ar.
Claro que as infeções respiratórias, que incluem, também, a gripe, a faringite e a penumonia, por exemplo, são mais frequentes nos meses frios. “A Direção-Geral da Saúde relembra que a exposição ao frio intenso pode contribuir para a transmissão de doenças infecciosas, como infeções respiratórias, e também pode provocar lesões relacionadas com o frio”, explica Marta Fonseca.
Trata-se, antes, de uma maior vulnerabilidade para este tipo de problemas, que vai aumentar a probabilidade de os desenvolver. “A vulnerabilidade traz maior propensão para uma determinada doença, não é a causa”, eslcarece a especialista, que afirma que os grupos mais vulneráveis são as crianças nos primeiros anos de vida, pessoas com mais de 65 anos, com doenças crónicas, expostas por períodos prolongados ao frio, que consomem álcool e drogas ilícitas e pessoas isoladas ou com carência económica.
Por isso mesmo, a Direção-Geral da Saúde recomenda algumas medidas de proteção nesta altura do ano, tal como a vacinação contra a gripe nos grupos vulneráveis, a higiene das mãos, a utilização de vestuário adequado e a ingestão de alimentos quentes, reforçando o consumo de legumes, frutas e vegetais frescos.