“Será que tenho mau hálito?”, é uma questão que provavelmente já lhe passou pela cabeça. Com um simples abrir de boca, aquela conversa importante ou aquele beijo de despedida podem ser eternamente arruinados.
Mas o que causa realmente o mau hálito? A VISÃO desmente os mitos e apura as verdades sobre esta potencial ameaça invisível.
Mito: temos a perceção do nosso próprio mau hálito
Para perceber se estamos com mau hálito, é comum bafejar para as próprias mãos e respirar o ar pelo nariz. Eduardo Bastos, dentista e diretor clínico da clínica dentária MINT, diz em entrevista à VISÃO que “é um método falível.”
“A maior parte das pessoas não tem capacidade para reparar no seu próprio mau hálito“. Mesmo bafejando para as mãos, “a pessoa está habituada ao seu próprio odor e, portanto, não repara“.
A melhor forma de perceber se tem mau hálito continua a ser, para muitos, a menos agradável: “o melhor é sempre perguntar a outra pessoa”, refere Bastos, pois é “em contexto social que as pessoas mais reparam no problema”.
Mito: mau hálito é sinónimo de problemas na boca
A halitose não está necessariamente associada a doenças na boca. A principal explicação para o fenómeno é, “a libertação de gases sulfurados, que são gases formados através da decomposição alimentar pelas bactérias presentes na nossa boca”, explica o dentista.
Estas bactérias alojam-se principalmente na parte de trás da língua e “mesmo que as pessoas tenham uma boa higiene oral e não tenham problemas de cáries ou gengivais, podem propiciar o aparecimento de mau hálito“, diz.
O mau hálito pode também estar associado a problemas gastrointestinais, mas o especialista afirma que “apenas 10-15% dos casos de halitose estão associados a problemas de estômago.”
Mito: a halitose pode ser crónica
Algumas pessoas são mais predispostas a ter mau hálito que outras, mas existe sempre uma forma de o prevenir.
Bastos considera que a melhor prevenção para o mau hálito é “uma boa higiene oral – a escovagem após as refeições, o uso de fio dentário e o devido tratamento dos problemas da boca – é o essencial”.
Como método complementar, “existe também um utensílio que a maior parte das pessoas desconhece que diminui muito o mau hálito – o raspador de língua”. O instrumento pode ser comprado na farmácia e utiliza-se antes de lavar os dentes. “Raspa-se a parte de trás da língua de trás para a frente, de modo a remover as bactérias alojadas na zona”, explica Bastos.
Mito: os elixires bucais tratam o mau hálito
“Depende do elixir”, afirma o dentista. “A maioria dos elixires mascaram, mas não tratam o mau hálito“.
Algumas soluções possuem clorohexidina, “um antibacteriano bastante potente e com uma atividade prolongada” usado no tratamento do máu hálito. “Se a pessoa bochechar duas a três vezes por dia, pode passar o dia inteiro sem se preocupar com o mau hálito”, afirma o dentista.
No entanto, “a maior parte dos elixires tem outros componentes que não tratam, apenas mascaram” a halitose. Apesar disso, Bastos não desencoraja o uso de elixir bucal como parte de uma boa higiene oral.