A Riberalves Imobiliária apresentou à autoridade de avaliação de impacte ambiental (AIA), no início do mês, a alteração do projeto do Conjunto Turístico da Praia dos Moinhos em Alcochete, que se encontra atualmente em fase de participação pública.
Agora, o novo projeto – que visa o aproveitamento das edificações preexistentes das antigas secas do bacalhau pertencentes originariamente à Sociedade Nacional de Armadores de Bacalhau e à Sociedade Europeia de Aquacultura – contempla 936 camas (apartamentos e camas turísticas), numa área de implantação de 16.526,60 metros quadrados.
A empresa, que integra o grupo Riberalves, declara que este projeto, cujos primeiros estudos remontam a agosto de 2004, “não implica qualquer aumento da área de implantação do edificado em relação aos edifícios preexistentes e licenciados” e que esta reformulação reduz o número de apartamentos e de camas propostos, assegurando “o aumento do afastamento da implantação dos edifícios às Salinas”. Em comunicado enviado à VISÃO, a Riberalves Imobiliária afirma, assim, que esta é “uma ocupação claramente defensora do Ambiente e da Avifauna, quando comparada com aquela que poderia ocorrer no território na ausência deste projeto”.
À VISÃO Bernardo Alves, responsável da Riberalves Imobiliária, explica que no terreno, neste momento, são armazéns e que “não são edifícios devolutos ou que não têm utilização. Nós é que não queremos utilizá-lo para este fim e, como investidores, queremos tirar todo o potencial do terreno”. O cenário de armazenagem, diz, “é pior do que o se propõe”. O novo projeto “não só é mais benéfico para a fauna e a flora, como pela questão social e económica”.
O antigo plano foi criticado, no ano passado, pela associação ambientalista Zero, referindo que este afetava “significativamente e de forma irreversível a manutenção do estado de conservação favorável dos habitats e das populações de espécies protegidos com perturbação da zona de praia e das zonas de salinas, a leste e a sul, com grande potencial enquanto habitat para a avifauna”.
Mas o novo esboço tem outros contornos e prevê-se que com menos impacto ambiental. Por entre as novas medidas, “foram reforçadas as propostas de medidas de compensação e de minimização dos impactes”. A título exemplificativo, estão previstas: “a intervenção nos cabos elétricos nas imediações das salinas, a construção de barreiras ao longo da estrada que contorna as salinas, a fim de diminuir a perturbação das aves que utilizam as salinas; e o condicionamento de movimentação de pessoas e viaturas na estrada ao longo das salinas”.
Além disso, propõe-se, ainda, “a recuperação das salinas o Brito e das salinas do Vale de Frades, bem como um plano de monitorização no decurso da execução do projeto para avaliar a evolução das espécies de interesse conservacionista; e a recuperação da vegetação dunar e a erradicação das espécies invasoras”.
Assim, com as novas propostas e o novo projeto, Bernardo Alves admite à VISÃO que associações como a Zero “vão ter hipótese de reequacionar a sua posição sobre o tema”.
Segundo o administrador da empresa, “o projeto representa entre 100 a 120 milhões de euros de investimento e está prevista a criação de cerca de 150 postos de trabalho”. Apesar de ainda não estar definido, “o financiamento dependerá do modelo económico a seguir” e o projeto deve estar concluído nos próximos três a quatro anos.
O novo projeto vai estar em consulta pública até 28 de agosto.