Os microplásticos são um dos maiores desafios ambientais da atualidade. Esta forma de poluição é um problema a nível global, e agora sabe-se que estas micropartículas causam diversos prejuízos às células humanas quando ingeridas. As conclusões são de um novo estudo que analisou os impactos toxicológicos da exposição de células humanas a microplásticos.
O estudo, publicado no Journal of Hazardous Materials, consistiu numa metanálise de 17 estudos anteriores, que analisaram os efeitos da ingestão de microplásticos na saúde humana e replicaram em laboratório aquilo que acontece quando ingerimos estas partículas, através de água contaminada ou de peixes, ou ainda através da respiração.
Posteriormente, compararam o nível de microplásticos nas situações em que foram causados danos às células com os níveis consumidos pelas pessoas através de água contaminada, peixe, marisco e sal de mesa (estudos anteriores revelam que o sal é frequentemente um portador de microplásticos).
Entre os danos causados às células pela ingestão de microplásticosm encontra-se a morte celular, resposta alérgica, e danos nas paredes celulares.
Estas descobertas são particuarmente expressivas se considerarmos que uma pessoa ingere, em média, cinco gramas de microplásticos por semana (o equivalente ao peso de um cartão de crédito), segundo uma estimativa da WWF. O que equivale, ao fim de um ano, a falar de 250 gramas de plástico.
Apesar de não se saber ao certo como este impacto se traduzirá a nível do corpo humano, uma vez que é desconhecido quanto tempo os microplásticos permanecem no organismo antes de serem expelidos, para Evangelos Danopoulos, coordenador da pesquisa, os possíveis impactos são motivo de preocupação.
“Os efeitos nocivos sobre as células são, em muitos casos, o evento inicial para alguns problemas de saúde”, explica. “Deveríamos estar preocupados. Neste momento, não existe realmente uma forma de nos protegermos.”
A única medida a tomar é reduzir o uso de plásticos e evitar o seu desperdício. Mais investigação no futuro poderá, no entanto, ajudar os cientistas a perceber quais os alimentos mais suscetíveis de serem portadores de microplásticos.
“Estamos expostos a estas partículas todos os dias: estamos a comê-las, estamos a inalá-las. E não sabemos realmente como reagem com o nosso corpo quando estão cá dentro”, acrescenta Danopoulos.
O estudo concluiu ainda que os microplásticos com formas irregulares causam ainda mais danos nas células do que os que têm uma forma esférica – precisamente os que são usados na maioria das pesquisas laboratoriais, e que por isso podem não representar na totalidade a quantidade de microplásticos ingeridos por humanos. Por esta razão, os cientistas realçam que é importante incluir na investigação microplásticos de formatos irregulares, que são os mais presentes no ambiente.