A história decorre durante esse ano extraordinário em que uma rapariga começa sozinha a fazer greves à escola à porta do parlamento do seu país e acaba por ser nomeada Pessoa do Ano pela conceituada revista Time. Mas, quando começou, o realizador Nathan Grossman não fazia ideia do que o esperava. “Pensei que duraria no máximo duas ou três semanas”, confessou já, citado pelas agências internacionais. “Na minha cabeça, era uma curta-metragem sobre ativistas infantis”:
Só que, entretanto, o trabalho transformou-se num ano completo de filmagens, com Grossman a fazer de tudo para conseguir acompanhar Greta. De repente, a tímida estudante sueca com asperger tornou-se a face global do movimento contra as alterações climáticas. Assim, o pequeno filme passou a ser um documentário chamado “I am Greta”, mostrando a menina sueca a cada passo do seu caminho.
Desde o primeiro dia à porta do parlamento com o seu cartaz feito em casa a apelar à Skolstrejk för klimatet (greve escolar pelo clima). Até aos seus encontros com os líderes mundiais, na ONU, até que foi eleita Personalidade do Ano da revista Time. Pelo caminho, Grossman retrata ainda o lado mais privado da ativista, mostrando como lidou com o stress das viagens ininterruptas e do constante escrutínio público.
Em direto para Veneza
Agora que o trabalho final foi apresentado na cidade italiana de Veneza, no prestigiado Festival de Cinema, a jovem já contou que está muito satisfeita com o resultado. Numa ligação vídeo em direto, a jovem Thunberg teceu-lhe mesmo os maiores elogios. “Conseguiu enquadrar-me como eu mesma e não como a pessoa que os meios de comunicação me enquadram. Não como a criança zangada e ingénua que se senta na assembleia geral das Nações Unidas a gritar aos líderes mundiais”, disse ela. “Faz-me parecer uma pessoa mais tímida e nerd, mas é assim que eu sou “.
E não só. Greta sublinhou ainda que o documentário desmascara bem algumas das acusações que lhe são feitas. Por exemplo, que é um fantoche e é manipulada por outros interesses. “Algumas pessoas dizem que espalho teorias da conspiração. Ou que não penso por mim. Ou que alguém escreve os meus discursos. No filme pode-se ver que isso não é realmente verdade e que eu, claro, falo por mim e decido tudo por mim”.