Um estudo dirigido por peritos da Universidade da Califórnia, nos EUA, baseou-se na análise de amostras de sangue e tecidos de 18 espécies diferentes de pinguins e, posteriormente, da informação dos genomas dos animais para estimar os diferentes locais por onde eles passaram ao longo dos anos.
O estudo publicado no Proceedings of National Academy of Sciences, refere que “o desenvolvimento do grupo-coroa [grupo constituído por uma espécie e todos os seus descendentes] de pinguins remonta ao Mioceno (período geolófico) na Nova Zelândia e na Austrália, e não na Antártida como se pensava”. A análise sugere, ainda, que os animais apareceram há cerca de 22 milhões de anos e “ocuparam primeiro ambientes temperados e depois expandiram-se para as águas frias da Antártida”, devido às abundantes quantidades de comida lá existentes.
Há cerca de 12 milhões de anos, a passagem de Drake (ou estreito de Drake), a parte do Oceano da Antártida situada entre a extremidade sul da América do Sul e a Antártida, ficou totalmente aberta. Este fenómeno permitiu que os pinguins viajassem e se alojassem nas ilhas à volta da Antártida, bem como nas regiões mais quentes da América do Sul e da África. Por isso é que ainda hoje a espécie pode ser encontrada em locais como a Austrália, Nova Zelândia, América do Sul, Atlântico Sul, África do Sul, algumas ilhas do Oceano Índico e regiões subtropicais.
O estudo foi um pouco mais longe e investigou, ainda, de que modo os pinguins se têm vindo a adaptar às alterações climáticas que se acentuam cada vez mais. Essa análise foi possível graças ao estudo das adaptações genéticas que deu a possibilidade aos pinguins de se desenvolverem em ambientes adversos. Por exemplo, os genes dos animais evoluíram no sentido de regular a sua temperatura corporal, o que lhes permitiu viver tanto em ambientes mais frios, como em ambientes tropicais mais quentes.
Mas as alterações climáticas têm causado um impacto negativo na evolução da espécie. À medida que o fenómeno do degelo se intensifica, menos são os locais disponíveis para os pinguins se devolverem e se reproduzirem. Também o aumento da temperatura dos oceanos tem vindo a diminuir significativamente as quantidades de krill, pequenos crustáceos que se constituem como a principal fonte de alimento dos pinguins. Para além disso, algumas colónias de pinguins na Antártida diminuíram mais de 75% nos últimos 50 anos devido, sobretudo, às mudanças climáticas.