A manifestação já estava marcada, claro, a propósito da Cimeira do Clima, COP-22, que por estes dias decorre em Marraquexe, Marrocos. Mas a notícia com que o mundo acordou dia 9 de novembro caiu que nem uma bomba (também) no seio daqueles que lutam por um planeta melhor. “Trump representa uma linha política negacionista em relação às alterações climáticas”, realça Ricardo Vicente, da plataforma Peniche Livre de Petróleo, uma das signatárias do manifesto que serve de base à contestação. Acresce que Donald Trump se tornou, na quarta-feira, o 45º presidente do segundo país mais poluidor do mundo.
E se a manifestação organizada para sábado, 12 de novembro, com o slogan “Salvar o Clima, Parar o Petróleo”, já fazia sentido, passou a ser inevitável, na opinião dos organizadores.
A concentração está agendada para as três da tarde, em Lisboa (Largo de Camões até ao Intendente), e no Porto (Avenida dos Aliados até à Ribeira). Porque em Portugal, dizem, é urgente conseguir cancelar as 15 prospeções e explorações de gás e de petróleo ao longo da costa. E esta foi a altura tida como ideal pelos movimentos de contestação para realçar a contradição de, por um lado, se querer evitar que a temperatura do planeta suba dois graus em relação à era pré-industrial (já subimos um grau), e por outro se abra caminho à busca de novas reservas de hidrocarbonetos.
“Portugal situa-se numa faixa que é um hotspot das alterações climáticas, o que significa que ainda sofreremos mais com isso do que outros países. Ao mesmo tempo somos também um hotspot de biodiversidade. E o que fazemos? Apanhamos a última carruagem de um comboio em fim de linha, que são as energias fósseis”, alerta Ricardo Vicente, enquanto porta-voz de todos os signatários.
A carruagem a apanhar, para continuar a usar a sua metáfora, só pode ser a das energias renováveis. É por isso que vão sair à rua, já no sábado, e deixar os braços no ar enquanto acharem que o assunto não está encerrado.