Por cada dia que passa, há um português a usar um ou dois sacos de plástico. Não passará nem meia hora até irem para o lixo. E só um quarto será reciclado. Os restantes, provavelmente, cairão nos cursos de água e desaguarão no mar. A sua degradação fará com que se decomponham em pedaços mínimos, com menos de 5 milímetros. Os microplásticos acabarão por ser ingeridos por pequenos peixes e, em menos de nada, entrarão na cadeia alimentar. Da próxima vez que (ab)usar de um saco de plástico, é melhor pensar que ele, ou uma microparte dele, pode acabar no seu estômago.
Espera-se que a medida governamental, inserida num pacote de fiscalidade verde, em vigor a partir de 15 de fevereiro, ajude a diminuir o consumo desenfreado de sacos leves (os mais difíceis de reciclar), oferecidos em alguns supermercados, mercearias, farmácias ou pastelarias. A partir do próximo domingo, passam a custar 8 cêntimos + IVA. Nem toda a receita irá para os cofres das Finanças – reforçará o Fundo de Conservação da Natureza e a Agência Portuguesa do Ambiente. Ainda assim, o Governo conta conseguir 40 milhões de euros este ano, prevendo que cada português não gastará mais do que 50 sacos por ano (contra os 466 da atualidade). A medida tem o apoio das associações ambientais, que há anos defendem a implementação duma taxa deste tipo, à imagem do que já acontece noutros países (ver mapa).
Tudo isto vem na sequência da excessiva banalização do plástico. Quem diria que, quando Charles Goodyear adicionou enxofre à borracha dura, em 1839, o material saído dessa mistura fosse tomar conta das nossas vidas? Nas décadas seguintes, as descobertas e evoluções sucederam-se até que, depois da Segunda Guerra Mundial, este derivado do petróleo introduziu-se de vez nas rotinas, a ponto de ser difícil imaginar a vida sem ele – brinquedos, caixas para guardar alimentos e até componentes da indústria aeroespacial. Afinal, foram as suas principais características – durabilidade e resistência -, que o transformaram num perigo para o ambiente. Cada pedaço de plástico fabricado até hoje, ainda existe algures na natureza.
Numa altura em que o consumidor deixará de receber sacos em todas as lojas, a medida será olhada como mais um imposto ou como um empurrão para uma atitude diferente?
O que fazer – 5 gestos que fazem a diferença
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Reutilizar os sacos, quer seja para o lixo ou para transportar as compras outra vez
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Evitar os produtos de uso único, como sacos, garrafas ou palhinhas
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Colocar todos os plásticos na reciclagem
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Fugir das frutas, legumes ou carnes já embaladas
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Aderir às iniciativas de limpeza de praia