Manoj Kumar, um ex-banqueiro da Índia, começou por desenvolver projetos que eram realizados em
outsourcing por empresas de desenvolvimento social, económico e cultural. Segundo a filosofia de Manoj, os empreendedores conseguem achar as soluções para resolver determinado problema investigando-o a fundo. Foi assim que percebeu que existia uma lacuna entre empregadores, que cada vez mais sentem dificuldade em contratar a pessoa certa para o trabalho certo, e a juventude, que se depara com um grave problema de desemprego. Falou com empregadores e criou um programa de formação de 100 dias para jovens desempregados, dando-lhes o treino necessário e adequado.
Através da fundação Naandi (
http://www.naandi.org), Manoj implementou ainda um programa que criou as condições necessárias para transformar uma comunidade de pequenos agricultores. O objetivo era simples: acabar com a fome desta comunidade em Aruku. Para isso foi necessário tornar o solo sustentável, e organizar a produção de maneira a possibilitar a compra de matérias-primas em grandes quantidades. Com a ajuda de especialistas, a comunidade tornou-se num produtor de café de qualidade, que é depois exportado para países europeus.
O exemplo indiano foi um dos casos apresentados na 5ª edição do Greenfest, que decorre desde ontem, e até domingo, 30, no Centro de Congressos do Estoril. Este ano, o evento anual de desenvolvimento sustentável apostou no “empreendedorismo como atitude” como tema central. Assente num modelo que combina o ambiente com a economia e a esfera social, o Greenfest aposta agora na inovação como pilar para o desenvolvimento sustentável.
Quem se deslocou ao Estoril ouviu ainda o brasileiro João Baggio partilhar a sua experiência na Ashoka (
https://www.ashoka.org), usando a internet como meio para integrar na sociedade jovens de favelas e prisioneiros. Inicialmente, criou uma rede virtual para interligação de jovens, com o objetivo de debater assuntos como política, ambiente e sexualidade, entre outros. Ao fim de algum tempo, percebeu que só os jovens de classe média/alta é que estavam a usufruir da rede. Resolveu, então, abrir centros que disponibilizassem a tecnologia a jovens mais desfavorecidos, com o apoio de educadores. A mesma ideia foi aplicada em prisões brasileiras, com a adaptação da internet (permitindo o acesso apenas a sites previamente escolhidos). O resultado foi a integração e a transformação da vida de muitos jovens, e a reinserção de muitos prisioneiros na vida ativa.
O último exemplo veio de Cantanhede e diz respeito a inovações no campo da saúde. A Cell2b (
http://www.cell2b.com) é uma empresa que investiga e desenvolve soluções para doenças personalizadas que, por serem raras, muitas vezes não tem medicação própria e adequada. Ao contrariar o processo atual de desenvolvimento de medicamentos (que demora cerca de 14 anos), o grupo que pretende focalizar-se na medicina personalizada e reduzir custos de saúde, explicou a CEO Daniela Couto. A empresa, que conta atualmente com oito cientistas, começou por tratar doentes de leucemia que rejeitaram o transplante de medula óssea – com elevadas taxas de sucesso.
Muito diferentes umas das outras, as três iniciativas têm uma coisa em comum: o empreendedorismo pode ser uma arma para resolver os problemas atuais.