Ovais, as dáfnias, também apelidadas de “pulgas de água”, são animais visíveis a olho nu, apesar de não chegarem a ultrapassar os quatro milímetros de comprimento.
É na recém-inaugurada Sala Saramugo do Fluviário de Mora, no Alentejo, que os amantes da Biologia podem estar frente a frente com estes crustáceos.
“Ao contrário das pulgas de meio terrestre, pertencentes à categoria dos insetos, cujo ímpeto para saltar é dado pelo par de patas compridas, nas dáfnias isso acontece graças a umas longas antenas”, explica João Lopes, 32 anos, biólogo do Fluviário de Mora. O ato de saltar é, pois, a única característica semelhante à pulga parasita.
Aliás, enquanto as parasitas alimentam-se de sangue, as dáfnias comem fitoplâncton (algas unicelulares) e zooplâncton (matéria orgânica em suspensão). Trata-se de animais filtradores, tal como os moluscos, usados para a limpeza das águas. Mais do que isso, funcionam enquanto indicadores ambientais, pois são sensíveis à poluição.
Como cobaias, têm sido utilizados para aferir o impacto de toxinas no meio ambiente. “Quando surgem, por exemplo, grandes massas de cianobactérias também conhecidas por algas azuis, as dáfnias são ideais para perceber o seu impacto”, diz João Lopes. “Não exterminam essas bactérias. Pelo contrário: podem morrer devido à sua toxicidade”, diz João Lopes.
Na Sala Saramugo, as dáfnias convivem, nos dois tanques dos macro invertebrados, com outros crustáceos, insetos, moluscos e gastrópodes. Já agora, noutros tanques, nada o próprio saramugo, um pequeno peixe do rio Guadiana, ameaçado de extinção e que não cresce mais do que sete centímetros.
De volta às dáfnias, uma das melhores formas de conhecê-las é inscrever-se em Aquarista Por Uma Hora, uma atividade extra do Fluviário de Mora, que custa oito euros (T. 266 448 130). Tudo sem mordidelas nem comichões.
[O Dado]
4 mm
Comprimento máximo de uma dáfnia