A história florestal moderna de Portugal é uma história feliz, onde o país conseguiu durante o ultimo século recuperar 3 milhões de hectares de território nacional exaurido por séculos de agricultura de subsistência, para a base da produção da indústria florestal. O primeiro inventário florestal Nacional, datado de meados do século XIX, indicava que apenas 4% do território nacional estava arborizado, quando hoje temos cerca de 39%.
Dentro do setor industrial de base florestal, o subsetor do papel é um caso de sucesso económico nacional, tendo tido um crescimento notável durante a última década, contribuindo de forma decisiva para a afirmação do setor florestal em Portugal, que é atualmente o 1º em Valor Acrescentado Bruto, responsável por 10% das exportações nacionais e 12% do emprego industrial.
No entanto, dados recentes mostram que o subsetor do papel em Portugal corre o risco de se tornar um gigante económico assente sobre uma floresta nacional improdutiva e a importação de madeira de risco incerto. As estatísticas do porto de Leixões evidenciam este risco através do crescimento contínuo das importações de madeira para pasta para papel: 2008 – 150.000 Ton; 2009 – 250.000 Ton; 2010 – 550.000 Ton. A importação de madeira, para alem de significar uma perda do valor acrescentado do setor para a economia nacional, aumenta a sua exposição ao risco associado à origem da madeira importada.
Também a quebra em cerca de 40% da área de plantações florestais certificadas em Portugal pelo FSC, passando dos 182.000 ha de Janeiro deste ano, para os 108.000 ha atuais, evidência a falta de ordenamento e deficiente gestão de uma parte significativa das plantações florestais em Portugal. As consequências são, o elevado risco de incêndio florestal, a perda de produtividade e biodiversidade, e a escassez de matéria-prima nacional.
Acontece que esta é uma fileira estratégica em termos de futuro para o país. Os produtos florestais são renováveis, e quando proveniente de plantações bem geridas, tendem a ter uma menor pegada ecológica do que o aço, cimento, plástico ou combustíveis fósseis. Estando nós no início de uma era onde a eficiência vai ser a chave da sustentabilidade, a elevada eficiência das plantações na utilização dos recursos luz, água e nutrientes, torna-as importantes no contexto de um adequado uso do solo.
Em Portugal, as plantações, como floresta rentável que são, tem vindo a ocupar um espaço deixado vazio pelo abandono da agricultura, e que muitas vezes tem sido a tábua de salvação de algumas regiões rurais. O abandono, desordenamento e outros erros cometidos nesse espaço rural, resultam das políticas e das opções que foram tomadas, sobre o desenvolvimento dessas regiões. É necessário inverter este processo, investindo bem na floresta, garantindo à sociedade e ao mercado que os princípios da gestão florestal sustentável estão sendo aplicados, retomando a valorização da floresta Portuguesa.