Um em cada três dos nossos mamíferos corre risco de extinção. Numa curta linha, é essa a principal conclusão do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental, o maior e mais pormenorizado estudo de sempre sobre o estado de conservação desta classe de animais. Em relação à última avaliação, em 2005 (integrada no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal), houve um agravamento da percentagem de animais em situação preocupante.
Não quer isto necessariamente dizer que nos encontramos numa espiral inexorável em direção ao abismo. Na realidade, o aumento de espécies em mau estado é, em geral, atribuído ao facto de terem sido analisadas mais espécies e de uma forma mais aprofundada. Várias já estariam em situação periclitante há 18 anos, mas não entraram para as estatísticas porque tecnicamente, de acordo com as regras da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), não havia informação suficiente para poderem ser classificadas. Porém, isto também significa que, quanto mais escavamos, piores são as notícias que encontramos. Neste Livro Vermelho, alguns mamíferos mantêm-se com o selo DD (data deficient, ou “informação insuficiente”). É possível que estejam a extinguir-se debaixo dos nossos narizes.