“A pressão sobre o hoje não nos pode fazer esquecer que depois da pandemia a vida continua e que todas as ameaças e oportunidades que já existiam, cá estarão e nunca podemos de deixar de ter a visão para olhar para o amanhã que virá depois deste período negro da pandemia”, disse o primeiro-ministro, António Costa, na abertura da Visão Fest Verde, evento que se realiza este fim de semana na Estufa Fria, em Lisboa.
Para o primeiro-ministro, reforçou, “não há contradição entre a prioridade de conter a pandemia e a de cuidar e prepara o futuro”. Nessa preparação do futuro, o Governo já apresentou a Bruxelas o Plano de Recuperação e Resiliência, que António Costa aproveitou para elencar algumas das medidas aí previstas. “O Plano de Recuperação e Resiliência é tão importante como é decisivo que case bem com a agenda do Portugal 2030 e em particular com a agenda das alterações climáticas”, salientou.
E neste casamento realça o contributo dos projetos de expansão dos metros de Lisboa e do Porto, da ferrovia, a descarbonização industrial, a melhoria da capacidade de reciclar, a eficiência energética dos edifícios e a preservação das estruturas verdes.
O Programa de Recuperação e Resiliência assenta em três blocos: resiliência, transição digital e transição climática, “com três prioridades que temos de assumir, mobilidade sustentável – permitirá acelerar a expansão das redes de metro, o desenvolvimento de novos modos de transporte em sítio próprio, como por exemplo o elétrico rápido entre Odivelas e Loures -, eficiência energética dos edifícios e uma dimensão que tem a ver com a floresta”.
O primeiro-ministro lembrou que Portugal foi o primeiro País a comprometer-se a atingir a neutralidade carbónica em 2050. A floresta é, nas palavras de António Costa, “o maior desafio que nos é colocado do ponto de vista coletivo”. Se a grande mancha florestal nacional pode funcionar como um sumidouro de carbono, pode também ser um dos maiores emissores, devido aos incêndios florestais. “A ciência sabe que por cada grau de aumento de temperatura, aumenta seis vezes o risco de incêndios florestais em Portugal. Mesmo que consigamos atingir o objetivo do Acordo de Paris de conter em 1,5 graus o aumento da temperatura global, o risco de incêndio aumenta nove vezes”.
Um risco que reforça a responsabilidade coletiva e para António Costa este é um problema que também se “vence ou perde” nas cidades. As duas maiores fontes de CO2 passam pela mobilidade e pela eficiência energética dos edifícios, duas áreas “essenciais para podermos combater esta pandemia global que são as alterações climáticas”.
António Costa aproveitou para sintetizar alguns dos projetos lançados pelo seu Governo como as alterações das políticas de mobilidade e a valorização do transporte público. Mas também sintetizou objetivos futuros: ter até 2023 em todo o País um sistema de recolha de bio resíduos; produzir 80% da eletricidade por fontes renováveis em 2030, aproveitando “o enorme potencial natural que temos”. António Costa lembrou os dois leilões para a energia solar ocorridos nos últimos dois anos e que irão também ser uma “mais-valia” no hidrogénio verde”.
“O hidrogénio verde é crítico para complementar todas as fontes renováveis que temos ótimas condições para produzir”, reforçou.
Estes são alguns dos desafios do longo prazo que não fazem esquecer “a emergência do tempo de hoje de responder a uma situação em que estamos diariamente a aumentar novos casos e do enorme combate para conter a expansão da pandemia e a necessidade de fortalecer imediatamente o SNS para que fique cada dia mais forte para responder cada dia melhor”.
Mas, uma coisa é certa. “Depois da pandemia a vida continua”. E nessa constante, António Costa abriu mesma a sua intervenção falando contra o negacionismo alimentado pela desinformação e fake news, reforçando a importância cada vez maior da informação de qualidade. Esse negacionismo “é uma das vertentes mais perigosas do populismo. Nega a existência de uma ameaça ambiental, nega a pandemia e põe em causa o que é essencial para preservar a nossa vida”.
Antes da intervenção de António Costa, coube a José Sá Fernandes, vereador de Ambiente e Clima da Câmara Municipal de Lisboa (CML), abrir o VISÃO Fest, com um balanço sobre o facto de Lisboa ter sido eleita Capital Verde da Europa em ano de pandemia. Ainda assim, apesar das dificuldades, entre o confinamento e as apertadas medidas de segurança, garantiu que a iniciativa teve um “grande impacto” na cidade, recordando que a mudança começa a nível local – uma lição que, disse, lhe foi passada por António Costa. “Este é o momento de nos ajudarmos, e para isso temos de começar pelo bairro.”
O vereador acrescentou que, até ao final do ano, “a CML vai disponibilizar informação sobre todos os parâmetros ambientais” da cidade. Recordou ainda as várias exposições sobre ambiente e biodiversidade em Lisboa até ao final do ano, incluindo uma “sobre o mestre, Gonçalo Ribeiro Telles”, e admitiu uma pequena batota, devido à pandemia, prolongando duas importantes exposições até março de 2021, três meses para lá do término da Capital Verde 2020.
No final, antes de passar a palavra ao primeiro-ministro, José Sá Fernandes chamou ao palco a diretora da VISÃO, Mafalda Anjos, para lhe entregar um prémio pelo papel da revista na área do ambiente.
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