Por detrás do sorriso há um tom melancólico na voz profunda-mente grave, e um pouco arras-tada, quando me diz: «É uma coisa quase sádica! Propostas muito interessantes de que eu pre.ro nem falar! Os convites deviam ter chegado 40 anos mais cedo.» Ál-varo Siza Vieira, 71 anos, não se refere aos convites que, em geral, recebe um pouco de todas as latitudes, para fazer projectos, mas em concreto a três muito recentes dos EUA, da Coreia do Sul e da Austrália.
Além de nunca ter feito nada em nenhum destes países, aos dois últimos nem os conhece. E salta aos olhos que gostaria de aceitar os desa.os, sendo o da Coreia para um projecto de museu, e o dos EUA para um projecto de hotel. Só que não pode. Não pelo excesso de trabalho que há muito o assoberba, mas de que gosta e para ele é uma espécie de vitamina não pode, por doença. O que é muito pior. O arquitecto revela-nos:
Os meus problemas cervicais, com a hérnia, agravaram-se, provocam-me do-res terríveis e impedem-me de andar de avião. Ainda por cima surgiu-me agora outro problema, neurológico-oftalmoló-gico, que nem me deixa conduzir. E se este se poderá resolver em breve, o mesmo não sucede com o da cervical. Assim, com muita pena, já recusei esses convites.
Disseram-lhe que não havia problema. Ele não se deslocava e tudo se resolveria com as novas tecnologias, vídeos porme-norizados que lhe enviariam e videocon-ferência. Siza não aceitou: De certeza que não conseguiria a mesma profundidade de trabalho. Para mim é fundamental visitar a obra, não no tosco, mas quando se chega aos acabamen-tos, a fase mais crítica. Não há desenho, por melhor que seja, nem maqueta, por mais perfeita, que resolva tudo. É preciso ir à obra, estar lá, ver com toda a atenção. Pode haver necessidade de mudar. Ou pode faltar a coisa mais radiosa.
Porque não delega esse trabalho noutro arquitecto?
Nunca é o mesmo. Além disso, é pre-ciso falar com o dono ou gestor da obra, o empreiteiro, fazer mudanças que eles não querem, chegando a transformar-se nos «inimigos» do arquitecto, lutar. O que exige alguém que imponha um respeito que em geral não têm pelos colaboradores.
É bom ter um dono ou gestor da obra a apoiar?
É importantíssimo. Foi o que fez o rei-tor, no caso da Faculdade de Jornalismo de Santiago de Compostela. Depois, veio outro e começaram os problemas, não se .zeram coisas que deviam ter sido feitas e .zeram-se outras que não deviam. Como umas «guardas» num desnivelado. Há quem tenha a ideia que as pessoas, em especial as crianças, são todas suicidas!
Mas já me disse uma vez que as dificuldades…
…são o alimento da criação, estimu-lam a criatividade e vencê-las é o pró-prio da boa arquitectura. Só que isso são outras di.culdades, não as burocráticas, administrativas, etc. O que digo sobre as di.culdades, aliás, assim como sobre o método de trabalho, o tempo ou a falta dele, a pressão contemporânea, é mais ou menos o mesmo que os criadores de outras áreas também dizem, como tive oportunidade de veri.car num encontro em que participei, em Genebra. Hoje não há grandes fronteiras entre as várias acti-vidades artísticas.
As várias artes do artista
Siza Vieira, aliás, é uma prova disso. Queria ir para Escultura e faz escultura, desenha muito bem (como se vê dos de-senhos e retratos reunidos no magní.co livro-álbum organizado por Bernardo Pinto de Almeida, com prefácio do José Saramago, editado pelo BPI, no Natal), é autor de mobiliário, objectos, design, eu sei lá! E além de tudo isto, o que não vem nos livros sobre ele, nem na sua biogra.a ou na lista das diversíssimas exposições que já teve um pouco por todo o mundo, das principais galerias das capitais europeias a universidades como Cambridge, Harvard, Columbia (de NY), da Bienal de São Paulo à Art Front Gallery de Tóquio, é que a primeira foi, tinha ele 22 anos, uma exposição de. aguarelas, na Póvoa de Varzim. . no Clube Naval. .
a menos de cem metros da casa onde eu vivia, tinha então 14 ou 15 anos. E como ia a todas as exposições, conhecemo-nos há cerca de meio século! Regressando à cria-ção, sei que poesia é o que mais lê. Certo?
Sim. Tenho uma admiração enorme pela o.cina e pelo trabalho do poeta, um trabalho de extremo rigor, em que cada verso é um diamante. O máximo da poesia é que com um mínimo de recursos nos dá a percepção da vida. Há em toda a grande poesia, na poesia grega, oriental, chinesa, nomeadamente nos hai-kays, uma busca de essencialidade e perfeição.
Como na sua arquitectura?
Busca e desejo.
E quais são os seus poetas preferidos?
Muitos. De Kava.s e Ritsos até, entre os portugueses, o Eugénio, a Sophia, o Her-berto. Além, claro, do Pessoa. Lembro-me sempre do dia em que, por acaso, ainda na adolescência, comprei, pela primeira vez, um livro seu, edição da Ática.
Pessoa a quem um dos especialistas ou es-tudiosos da sua obra, Brigitte Fleck, de al-gum modo o compara, quando diz que pela variedade das suas linguagens, pela ca-pacidade de fazer em cada local edifícios perfeitamente enquadrados na paisagem, poderia ter heterónimos.
Ainda não dei por eles…
Consta-me, porém, que também escreve, textos, digamos, literários, mas não os publica nem mostra a ninguém.
A quase ninguém. Nenhum está acabado.
Viagens e desenho(s)
Conversamos no seu novo ateliê, um elegante mas austero prédio cinzento, de cimento à vista, com quatro pisos, na Rua do Aleixo, na zona de Lordelo, já bem perto da Foz. As janelas não são muitas mas estão tão sabiamente colocadas que se diria de toda a parte se ver o rio Douro, ali em frente e bem perto, como o vejo deste lugar onde estou sentado, com Siza em frente, a fumar mais um dos seus crónicos três maços de cigarros diários («mas não travo; e há tempos mudei dos que provocavam esterilidade para os que matam.», graceja).
O prédio pertence a um grupo de excelentes arquitectos amigos, totalmente autónomos, mas que têm colaborado em vários trabalhos. Por decisão unânime, o projecto foi de Siza, que pretendia antes ele tivesse sido de Fernando Távora, o seu velho mestre, com quem começou e nunca se cansa de elogiar (que ocupa o quarto e último piso), ou, não tendo ele aceite, de Eduardo Souto Moura, que estará para Siza como Siza para Távora, e ocupa o segundo piso (Siza ocupa o terceiro). O primeiro, por sua vez, é de Rogério Cavaca, e nele trabalham, entre outros, independentes, o próprio .lho de Siza, também Álvaro.
É assim a primeira vez que o arquitecto trabalha numa casa e num ateliê que tem o seu risco; e, como os anteriores, o seu ca-rácter: nada de luxo, ostentação, requinte, apenas espaço e luz, funcionalidade, nas paredes projectos e fotogra.as de obras planeadas ou em execução. Siza também nunca viveu numa casa feita por si. Morava num banal andar, na zona das Antas, só há pouco comprou e passou a residir num belo andar na Foz, da autoria de Souto Moura, com o qual se mostra «muito contente». Tem uma casa no Bairro da Malagueira, em Évora um dos seus maiores e famosos projectos, onde muito raramente .ca.
Estamos num sábado de manhã, de sol e de Aleluia. Os .ns-de-semana são os seus dias preferidos para estar no ateliê, porque os mais calmos «ah, e então os domingos de Agosto, que maravilha!». A arquitectura, para ele, mais que modo de vida é forma de vida: ofício, arte e paixão. Gostar, gosta de estar com amigos à conversa, à comida e à bebida, de ler, ver televisão, viajar.
Há mais de quatro meses, porém, pe-los já referidos problemas de saúde, está sem sair de Portugal* e quase sem sair do Porto «fui só, outro dia, ao Marco de Canaveses, para ver o Centro Paroquial, agora em construção». E já sente saudade das viagens. Embora há bastantes anos se «defendesse», para não passar a maior parte do seu tempo lá fora.
As viagens são .sicamente cansativas, mas dão para es-pairecer e abrir o espírito. Mais: para um arquitecto viajar é sinónimo de aprendi-zagem constante, viajar esti-mula, proporciona contactos, contribui para a formação e até para a capacidade de invenção. O que a História con.rma: a ida dos portugueses à China e ao Japão, nos Descobrimen-tos, teve re.exos fortíssimos na arquitectura e na cultura por-tuguesas. Gosto de andar sem mapa nem programa, a olhar e ver, a descobrir os lugares e as coisas, as ruas e as casas, as pessoas. Nem quero pensar que tenho de acabar com elas, as viagens de trabalho, que são quase todas, e as outras, que faço desde muito novo, com a família!
Há alguma que recorde em especial?
Tantas! À Índia, ao México (a última), a Machu Picchu, no Peru, um sítio abso-lutamente fabuloso.
A Machu Picchu, do poema de Neruda.
Exactamente.
E é também nas viagens que mais faz uma coisa para si fundamental: desenhar.
Desenhar para mim é uma necessi-dade, às vezes imperiosa. Uma forma de descompressão, de libertação do cir-cunstancial, de ver através do desenho. Nas viagens desenho muito, inclusive por razões pro.ssionais, para captar a atmos-fera das cidades ou dos lugares onde vou desenvolver os projectos. Por isso, por-que não preciso, é que quase não tenho desenhos do Porto. Pode ser que agora o comece a desenhar .
Matosinhos, Porto, o mundo.
Álvaro Joaquim de Melo Siza Vieira nasceu em Matosinhos, a 25 de Junho de 1933. O pai, oriundo de uma família minhota que emigrara para o Brasil, onde nasceu, era engenheiro electrotécnico; a mãe (ainda viva, com 90 e tantos anos lúcidos) doméstica. Teve quatro irmãos, o mais velho dos quais, médico, morreu muito novo, num desastre de automóvel. Com uma infância «muito tranquila, muito acarinhada», começou a desenhar ao colo de um tio que lhe estimulou esse gosto. Fez a escola em casa com uma ma-drinha professora, depois frequentou o Colégio Lutero, no Porto. Vinha de eléc-trico, todos os dias, viagens que lhe ficaram na memória e às vezes recorda.
Desde cedo «bastante introvertido» e com gosto pela arte, isso não impediu jogar hóquei e «bem», sublinha. no Infante de Sagres. Quis ir para escultura, mas por «pressão» do pai acabou por optar por arquitectura. Aliás, a primeira lembrança muito viva que tem, no domí-nio da arte, é a visita, aos 14 anos, à Barce-lona de Gaudi. Antes de concluir o curso, Siza já estava a trabalhar com Távora e a fazer projectos. O primeiro de todos, em 1954, de umas casas em Matosinhos (ver caixa). Mas só em 1965, por insistência de Carlos Ramos, apresentou a «tese»: teve 20 valores e foi convidado para professor. Nos meios intelectuais já era uma vedeta, que se foi transformando numa espécie de arquitecto de culto, sem grande clientela, com a inconfundível marca do talento e da originalidade em tudo que fazia.
Entretanto, em 1961 casara com uma colega, pintora, Maria Antónia, de quem teria uma .lha, hoje com 43 anos, anima-dora cultural, e um .lho, 42, arquitecto. A mulher, porém, morreu prematuramente, em 1973, sentiria sempre a sua grande falta (não voltou a casar) e isso ainda porventura o terá «agarrado» mais à arquitectura. De Maria Antónia organizou a Árvore, aliás, uma bela exposição, que vai agora inaugu-rar, nas Belas-Artes de Madrid*.
Homem de esquerda, o 25 de Abril foi a libertação que julgou lhe permitiria, en.m, realizar projectos pro.ssionais inovadores e de grande escala. Foi o caso do SAAL (habitação social) no Porto, que, no entanto, suscitou ataques violentos das forças mais retrógradas. E, após o 25 de Novembro de 1975, foi «dissolvido» e to-dos que nele trabalhavam «despedidos». Outro projecto de Siza, na zona pobre do Barredo, também foi metido na gaveta. Resultado, diz o próprio: «Eu não tinha trabalho que pagasse sequer o ateliê!» Mas foram estes projectos, que conduzi-ram a que fosse discriminado no seu país e na sua cidade, que a.nal o lançaram internacionalmente. A certa altura era considerado mesmo «especialista» em habitação social, o que não lhe agrada e combateu: Sou contra essa ideia de especializa-ção. Gosto de diversi.car o meu trabalho, quero e tenho feito um pouco de tudo. Não se pode fazer bem um bairro social ou um museu sem ter feito casas. A arquitectura é só uma. As mãos que desenham e as mãos que constroem, seja o que for, são sempre as mesmas.
A fase da consagração
E chegou a fase de consagração a ní-vel mundial, de exposições, seminários, revistas, livros que lhe são dedicados, condecorações, doutoramentos, nume-rosos prémios, incluindo os três (ou dos três) mais prestigiosos do mundo o Alvaar Alto, o Mies van der Rohe e o Pritzker! Neste momento, além de em Portugal, tem numerosos e diversi.ca-dos projectos em execução em Espanha (Barcelona e Madrid), Itália (Vicenza, Veneza e Nápoles), Holanda (Amester-dão e Roterdão), Brasil (o Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre, já muito adiantado, e que lhe agrada particu-larmente), etc.
Mas não liga peva ao êxito, à fama. Pas-sam-lhe ao lado, tenta que inter.ram o menos possível na sua vida e actividade pro.ssional. E ironiza: A única vantagem seria ter mais projectos no meu país e em particular na minha cidade. Ora, mesmo dos que tenho, muitos não são aprovados ou são aprovados mas querem virá-los de pernas para o ar! E cita alguns dos últimos que muito provavelmente não se vão concretizar. Além da Avenida da Ponte, no Porto, re-fere o caso das muito contestadas Torres de Lisboa. E responde: As Torres não seriam nenhuns mons-tros de betão, teriam menor volume de construção e permitiriam mais a vista do Tejo do que o previsto, além de estarem enquadradas. Em todas as cidades do mundo existem torres, a questão é a sua qualidade (e, em Lisboa, espero que cons-truam as do Foster). Mas dada a reacção que provocaram, com acusações quase de traição e suscitando uma atitude de vingança, creio que não há condições para a sua construção.
Quando, porém, lhe pergunto se é duro ter a maioria dos projectos realiza-dos durante toda a vida por executar, ele relativiza, dizendo que isso acontece com muitos arquitectos; e até ironiza: «As dores da cervical são muito pior.»
Como na poesia
Homem discreto, veste-se com simpli-cidade, não gosta de gravata, tem um ar quase austero e escuro, envolto no fumo do eterno cigarro. É, em tudo, na ima-gem e no comportamento, o avesso da ideia que se tem do artista de dimensão universal ou na moda. De poucos ges-tos e poucas palavras, quando fez 70 anos, deu a última aula como professor da Faculdade de Arquitectura do Porto e foi homenageado, perguntei-lhe (durante quase três horas de conversa para uma entrevista que não escrevi), se atingir o chamado «limite de idade» mudava alguma coisa a sua vida. Ele desfranziu o sobrolho espesso, esboçou um sorriso breve e respondeu apenas: «Não.» De-pois, calmamente, explicou que já dava poucas aulas, acrescentando: «E a minha ligação com os alunos era pequena: como sou míope, nem os via.» De poucas palavras, disse. Mas um bom conversador. E que, quando começa a falar de arquitectura pode embalar e ir por aí fora. Não se eximindo a dar opiniões claras, inclusive sobre colegas. Muitos dos quais elogia. É o que acon-tece ao holandês Rem Koolhaas e ao seu projecto da Casa da Música do Porto, agora .nalmente aberta, que entende ser «excelente». Recorda é desde o início ter alertado para uma previsão de prazo e de custos absolutamente irrealista, assim como para outros «erros» que provoca-ram as trapalhadas que se sabe. Quanto a Frank Gehry, conhece-o bem e considera o seu trabalho de muita qualidade. Subli-nhando também a panóplia tecnológica ao seu serviço, com grandes especialistas de computadores, um ido até da Nasa.
Siza lembra que nunca teve um escritó-rio com uma grande organização virada para os «concursos», e agora é que vai mesmo deixar de concorrer, pois quase não ganha um.
Hoje a tendência predominante é para escolher projectos com imagens fortes, devam ou não ser fortes. Porque é po-liticamente necessário mostrar coisas de grande impacto. E qualquer projecto do Ghery, por exemplo, tem uma repercussão enorme.
E esse estilo espectacular, tipo efeitos es-peciais, não é o seu, bem pelo contrário.
Não é o meu. Embora os meus projectos também sejam polémicos. Aliás, em geral, o que tem qualidade e é inovador suscita polémica, o medíocre não.
Quando começa a falar de arquitectura, disse lá atrás, Siza pode ir por aí fora. Tanto entrando em pormenores que di zem pouco a um «leigo», como, de súbito, tendo achados incríveis. Então o seu olhar miúdo cintila e o gesto voa. Uma vez, no Outono de 1988, durante um longa en-trevista, a certa altura perguntei-lhe se para ele cada projecto era um acto cria-tivo autónomo ou se situava na linha de desenvolvimento de alguma teoria. E ele, salientando que «o trabalho do arquitecto precisa de ter uma base teórica sólida», acrescentou que ao mesmo tempo era necessário «um trabalho muito crítico em relação a essas teorias e às ideias feitas». Concluindo desta forma espantosa: «As coisas estão sempre a mudar e homem prevenido vale por meio.» Homem prevenido vale por meio! É o lado oculto do arquitecto artista, criador, que já vimos o que pensa da ligação entre todas as artes, e volta ao tema quando o confronto com duas frases suas: uma, me-taforicamente de prosador: «Os projectos estão para o arquitecto como a persona-gem de um romance está para o autor»; outra, de poeta: «As ideias vêm imateriais e mexem com o papel branco».
De facto, como nos romances a certa altura as personagens ganham vida pró-pria, na arquitectura a páginas tantas também sinto isso. Há uma parte impre-visível, que vem de uma dinâmica que se cria. Para lá de tudo que se estudou, pensou, re.ectiu.
O Siza escreveu que «o desenho era o desejo da inteligência»…
… há coisas que surgem de forma espon-tânea e num movimento quase incontido se impõem por si. Há, em qualquer pro-jecto, uma actividade quase exploratória, pode-se avançar em muitos sentidos; e há desenvolvimentos, soluções, que vêm do seu interior.
Embora depois tudo pareça muito simples.
A naturalidade, a simplicidade, é uma conquista muito difícil e muito laboriosa. Como na poesia.
Arquitecto, forma de vida
Continua a respirar arquitectura, 50 anos depois de ter feito as primeiras casas, e a falar dela com paixão. Distinguido com os mais prestigiosos prémios mundiais, com obra(s) em numerosos países, nunca deixou o Porto onde, em Serralves, tem agora a exposição Museus e Espaços. 'Novas' e um certo retrato do artista, inseparável do homem, a quem o êxito e a fama não mudaram. Recorde aqui o artigo