Há coisa de meia dúzia de meses atrás, um bom amigo encheu-me de inveja. Foi viajar com outros amigos, sabe-se lá por onde e conseguiu que lhe publicassem os fantásticos relatos das suas viagens. Claro que fiquei contente por ele. Dei-lhe os parabéns, um abraço, uma palmada nas costas. Mas cá no fundo, no fundo, ser humano invejoso que sou, só pensava “se ele consegue então eu também consigo”.
Está percebido que eu era daquelas criancinhas mimadas que não podia ver outro miúdo com um brinquedo. Queria logo um igual. Normalmente acabava sozinho, amuado no quarto. Tive sorte, desta vez ninguém me pôs de castigo. E com alguma sorte lá consegui que alguém prestasse atenção às imbecilidades que tenho para contar.
Comecei a viajar sozinho, e por sozinho entenda-se sem a família a controlar, acabado de fazer os meus 18 anos. Um puto reguila convencido que é crescido a dar o grito do Ipiranga. Com um grupo de amigos fiz-me à rua e atravessei a Europa a dormir mal e a comer pior. Mãezinha preocupada, avó chateada, pai aflito. Para a minha sanidade mental, bem como para a daqueles que me rodeavam, comecei a enviar emails espirituosos para quem ficou no conforto do lar. Estes emails pegaram! A malta achou-lhes graça. Passaram de pais para tios, de tios para primas e das primas para os amigos das primas que as enviaram respetivamente aos seus distintos familiares. E assim, graças à magia das redes sociais, as aventuras do Nardo foram passando de mão em mão. Com os elogios fui ficando convencido. Quanto mais convencido, mais escrevia. Uns bons anos passados, acumulei uma quantidade simpática de histórias para contar.
A seguir ao meu Interrail seguiram-se viagens pela Suíça, Argentina, Brasil, Tailândia, Laos, Camboja, Vietname, Estados Unidos da América, Itália, Marrocos, Sul de França entre outras tantas de menor importância. Mais recentemente tive a oportunidade de passar duas semanas maravilhosas no Japão. E muito em breve irei, se tudo correr bem, laurear a pevide para Israel. Mas como ainda estou em terra, vou aproveitar para vos contar como correram as viagens anteriores. Nas semanas que se avizinham começo com a mais recente viagem ao Japão.
Viajar é um vício. E eu estou altamente viciado. Provavelmente não vou descansar enquanto não visitar todos os países do mundo. Por isso enquanto leem as minhas crónicas, Vou ali e já venho!