Na Cidade do México apanhámos um autocarro para Pátzcuaro. O ex-líbris desta cidade é o lago com o mesmo nome. Das seis ilhas aí existentes, Janitzio é a mais conhecida. Infelizmente não foi possível visitarmos este lugar tão especial, pois os barcos saem com pouca frequência e têm um limite mínimo de dez pessoas para partirem.
Ao redor do lado Pátzcuaro encontram-se pequenas aldeias, muito peculiares, entre as quais se destaca Tzintzuntzán, pelas ruínas pré-colombianas. Em toda a região sente-se a influência indígena dos purépechas e até a compreensão da língua se tornou mais limitada durante a nossa estadia nesta cidade.
Pátzcuaro é uma cidade pequena. Tem duas bonitas praças principais: a praça Vasco de Quiroga e a praça Gertrudes Bocanegra, onde se localiza um peculiar mercado de artesanato e gastronomia. É de salientar que esta região é conhecida pela forma impressionante como festeja o dia dos mortos, provavelmente devido às suas fortes raízes índigenas.
De Pátzcuaro partimos para Uruapan (nome proveniente do vocábulo purepécha, “lugar onde tudo floresce”), encaixada na serra de Uruapan. Esta é a segunda cidade mais importante do estado de Michoacan e, devido ao seu clima sub-tropical, capital mundial do abacate. Aqui fomos surpreendidos por um parque de uma vegetação luxuriante e de inúmeras cascatas. Localizado exactamente no coração da cidade, o Parque Nacional Barranca del Clipatitzio, com 452 hectares de área protegida, dá nome ao rio Cupatitzio (rio que canta, em purepécha), que aqui nasce.
Foi o monge espanhol Juan de San Miguel que fundou esta cidade em 1533. Construiu La Huatapéra, uma capela hospital que actualmente alberga um museu muito interessante sobre os quatro povos indígenas da região. Este museu é contíguo ao mercado municipal, onde podemos deliciar-nos com refeições estupendas a preços muito acessíveis (cerca de dois euros).
Nas redondezas de Uruapan é possível visitar inúmeros lugares de grande interesse, como o vulcão Paricutín e as cascatas de Tzararácua e Tzararacuita.
Chegámos a Angahuan, uma comunidade indígena localizada a cerca de 40km de Uruapan. Esta pequena aldeia ainda conserva os seus costumes e até mesmo a língua purépecha. As pessoas vagueiam pelas ruas, quase desertas, em trajes indígenas e muitos locais oferecem cavalos para visitar o vulcão que se encontra a três horas de caminho a pé. Esta aldeia conta ainda com um pequeno centro turístico e um miradouro onde se pode vislumbrar o vulcão e as ruínas da aldeia de San Juan Parangaricutiro, deixadas após a sua erupção vulcânica.
A pouco menos de uma hora de caminho, chegamos às ruínas da antiga cidade de San Juan. Pouco mais resta desta cidade além da fachada e do altar da igreja. Toda a nave central da igreja, assim como a restante aldeia, foram completamente engolidas pela lava na primeira erupção do vulcão em 1943. Mais de quatro mil pessoas ficaram desalojadas. O cenário é indescritível: apesar da vegetação luxuriante que se encontra ao redor desta região, aqui, poucas são as plantas que surgem entre as formações rochosas de basalto. Ao fundo, entre nuvens e névoa, constata-se a imponência de Paricutin, um dos mais recentes vulcões do mundo. O nosso intuito era subir até à cratera do vulcão, mas como nesse dia chovia intensamente e fomos alertados por pessoas da região de que era muito perigoso subirmos, não conseguimos cumprir o objectivo. Por isso aproveitámos uma boleia simpática, de quase uma hora, numa carrinha de caixa aberta, debaixo de muita chuva, até à nova aldeia de San Juan, onde apanhámos um autocarro para Uruapan.
No dia seguinte visitámos duas cascatas maravilhosas – Tzararácua e Tzararacuita -, localizadas a 10 km do sul de Uruapan. Depois de esperarmos e desesperarmos quase hora e meia por um autocarro, que não quis aparecer, apanhámos um táxi para este lugar de rara beleza.
No meio de um bosque com uma vegetação muito exuberante, depois de descermos uma escadaria comprida, chegámos aos pés de Tzararácua, uma cascata com 40 metros de altura. Aqui pode-se chegar a pé ou cavalo. Optámos pela primeira.
A maioria das pessoas fica por esta cascata. Acreditamos que desconhecem a segunda, Tzaracuita. Aqui só se pode chegar a pé num percurso de cerca de uma hora, preenchido por vistas incríveis. Depois da caminhada a recompensa é grande: a cascata de Tzararacuita tem 16 metros de altura, mas não é menos bonita que a primeira. Aqui podemos dar um mergulho e carregar baterias para a subida.
Partimos de Uruapan para Ixtlan, onde queremos visitar um géiser, e depois para Guadalajara!
Até lá!