Editorial
Confiança na resistência. Editorial de Rui Tavares Guedes
Ao fim de um ano de múltiplos desafios e de inúmeras incertezas, continuamos aqui. A resistir e animados por aquilo que é mais importante: a confiança manifestada, de forma permanente e crescente, pelos nossos leitores
Luz, sombra e poder
Mal ou bem, vai-se formando a ideia de que as investigações do Ministério Público obedecem a uma agenda própria, que os seus responsáveis gostam de manter oculta e sobre a qual já nem se dignam a dar qualquer explicação
Atenção ao jogo… da atenção
Os debates são nas televisões, em formato horizontal, mas a mais longa campanha de presidenciais vai decidir-se nas redes sociais, em modo vertical, com todos em busca do vídeo de 30 segundos que se torne mais viral
Teremos sempre Paris?
Nestes tempos de polarização e de conflitos permanentes, a maior virtude do Acordo de Paris passou a ser também a sua maior fraqueza: era consensual
Tornar os países pequenos outra vez
As campanhas contra a imigração, que povoam todos os discursos populistas de hoje, não são baseadas no conhecimento nem na razão. Servem unicamente como peças de propaganda, destinadas a criar divisões irreconciliáveis na sociedade
Até onde chegam os ventos de Nova Iorque?
Com Zohran Mamdani podemos estar a assistir a algo revolucionário: uma nova forma de lidar com o populismo, com propostas dirigidas especialmente às classes trabalhadoras e a quem foi vítima de exclusão
Quem vê caras também pode ver corações
Nas autárquicas, na hora da escolha, o voto é canalizado para quem se pensa que pode ser o melhor para resolver problemas e não para eleger quem grita mais alto ou quer ser apenas a voz do protesto
É preciso continuar a ter VISÃO
Temos salários em atraso. Deixámos de ter um espaço físico para reunirmos a redação. Mas continuamos a resistir e a insistir
O homem mais perigoso do mundo quer ganhar o Nobel da Paz...
O pior de tudo é o grau de silêncio e de tolerância, nalguns momentos a roçar a submissão, com que tantos líderes de países democráticos passaram a encarar as ameaças e as diatribes emanadas de Washington
A História nos julgará
O reconhecimento do Estado da Palestina pode não ter nenhum efeito prático no imediato, mas ajuda a definir o lado em que queremos ser recordados na História. E isso, só por si, já é um avanço moral considerável
Gaffe? Chamem-lhe antes vício
As gaffes que Ventura comete seriam fatais para qualquer político, mas a ele quase não o beliscam, porque são coerentes com imagem que ele criou de si próprio: desmesurado, incendiário, combativo e… indiferente à verdade oficial
As ondas de calor matam mais do que os incêndios
Combater o calor extremo vai exigir medidas muito vastas e transversais, em especial para proteger uma população crescentemente envelhecida e mais vulnerável – tantas vezes atirada para lares de idosos sem condições básicas, quanto mais para fazer frente às altas temperaturas
A aritmética da morte e a falta de vergonha
Decretar a calamidade em Gaza obriga à verificação e à compilação de dados horríveis. Mas para a negar apenas é preciso descaramento – e um nível de desumanidade que ultrapassa todos os limites
A intolerância e a violência não nascem do vácuo
Depois da normalização dos insultos no futebol, estamos agora a ultrapassar, enquanto sociedade, outro patamar na escala da falta de decência: a normalização da intolerância e do apelo à violência no discurso político
Lições do mundo de hoje
Os drones são a versão moderna da funda com que David derrotou Golias. E, devido à sua eficácia, podem anunciar uma nova era na guerra moderna – que não pode ser descurada pelos países europeus em processo de rearmamento
E os "outros" 77,44% de eleitores?
Se os eleitores do Chega precisam de ser compreendidos, e as suas aspirações levadas em linha de conta, não podem, no entanto, ser vistos como se tivessem passado a ocupar o centro do debate político
Para o ano há mais
Esta foi a primeira campanha eleitoral em que, de forma descarada, os candidatos se preocuparam muito mais com o entretenimento do que com as notícias
O choque de realidade das contas "certas"
Quando não se prometem utopias nem grandes sonhos, o mínimo que devemos exigir é o compromisso de se falar verdadee com rigor
O apagão que devia iluminar a reflexão
Não há teoria de conspiração, por mais criativa ou “iluminada” que se apresente, que seja capaz de nos carregar a bateria do telemóvel
Identificar os adversários e saber escolher os parceiros
O mais importante é tentar perceber como agirá um futuro primeiro-ministro em circunstâncias excecionais, como as que se adivinham para as primeiras semanas do novo Governo – quando as tarifas de Donald Trump baterem com força na Europa