Quarta-feira à tarde já tinham sido contabilizados mais de 260 balões com lixo e excrementos de animais, numa operação que Pyongyang descreve como uma retaliação pela campanha de “propaganda” contra o regime de Kim Jong Un levada a cabo por desertores e ativistas, que fazem, regularmente, chegar ao outro lado da fronteira panfletos políticos, alimentos, medicamentos, dinheiro e unidades de armazenamento USB com vídeos de música K-pop.

Os militares da capital sul-coreana, que divulgaram imagens do que parecem ser grandes balões brancos a carregar sacos cheios de lixo e fezes, já condenaram Pyongyang pelas suas ações “ desumanas e de baixo nível”, pedindo aos residentes que vivem perto da fronteira com a Coreia do Norte para estarem alerta.

“Os cidadãos devem abster-se de atividades ao ar livre, não entrar em contacto com quaisquer objetos desconhecidos e denunciá-los à base militar ou à polícia mais próxima”, leu-se numa mensagem de texto enviada aos cidadãos da província de Gyeonggi, na última terça-feira à noite.

A Coreia do Norte já tinha avisado, no último fim-de-semana, que iria cobrir as áreas fronteiriças com sujidade, uma forma de punir Seul pela “frequente dispersão de folhetos e outro lixo pela Coreia do Sul perto das zonas fronteiriças”, informou, num comunicado publicado no domingo, Kim Kang Il, vice-ministro da Defesa da Coreia do Norte.

Há mais de dois anos em prisão domiciliária, é na Quinta do Assento, em Gondizalves, Braga, que Manuel Pinho procura ocupar o seu tempo, ora escrevendo ora cuidando do vasto jardim de camélias (algumas das quais certificadas). No próximo dia 6 de junho, o antigo ministro da Economia saberá se é ou não condenado por corrupção, num processo que também envolve Ricardo Salgado, o antigo presidente do Banco Espírito Santo que, segundo Manuel Pinho, teve mais fama de ser o “dono disto tudo” do que, propriamente, o proveito. Em junho, o antigo ministro também deverá ser acusado noutro caso, envolvendo suspeitas de favorecimento à EDP. “Quero ser julgado”, disse Pinho, nesta entrevista à VISÃO, admitindo estar preparado para passar o resto da vida em tribunal.

Depois de sete meses de julgamento, acha que conseguiu convencer os juízes de que não foi corrompido por Ricardo Salgado?
Sobre o julgamento, ainda não posso dizer muito. Posso é dizer que foi exemplar, no que respeita à celeridade, quantidade e qualidade da prova produzida e à transparência. Foi positivo. Segundo, foram ouvidas cerca de 120 testemunhas e os seus depoimentos importantíssimos. Não houve uma única, repito uma única testemunha, que tenha confirmado as teses do Ministério Público, que são baseadas em convicções, em vez de serem em factos.

Exceto José Maria Ricciardi, que declarou ter sido Ricardo Salgado quem indicou o seu nome para o governo de José Sócrates.
Isso não é verdade e outras testemunhas disseram não ser verdade. O testemunho de José Maria Ricciardi foi extremamente importante, porque disse que o meu trabalho era totalmente reconhecido no BES e que, talvez, tenha sido substituído porque o meu perfil não se coadunava com operações, entretanto, descobertas. E também admitiu que havia aquela forma de remunerar quadros do BES [através do chamado “saco azul”, a ES Enterprises].

Crimes Antigo ministro da Economia foi acusado por dois crimes de corrupção, um de branqueamento de capitais e um terceiro de fraude fiscal

Admite, contudo, que podem ser suscitadas dúvidas com os pagamentos que lhe foram feitos através da ES Enterprises? Não é normal.
Estou a ser investigado há 12 anos. E as histórias foram colocadas a circular por etapas. Não fiz nenhum acordo com o dr. Salgado nas vésperas de entrar para o governo. O único acordo que tinha era com os acionistas do BES e foi celebrado um ano antes por ocasião da minha substituição das funções que então desempenhava, tendo isto inclusivamente sido confirmado pelos advogados que o escreveram. Todas as verbas que recebi do BES têm base contratual e decorrem desse acordo laboral, tendo sido feita prova documental disso. Fazer pagamentos no estrangeiro era uma má prática generalizada no BES, até o ex-marido de uma juíza que inicialmente integrava o coletivo recebeu mais de 1 milhão de euros numa conta numerada na Suíça, no banco de gestão de fortunas do GES. No que me respeita, paguei o que a lei estipula para os regularizar, noutros casos não sei.

Não teme que as últimas polémicas com o Ministério Público – Influencer e o caso da Madeira –  possam influenciar a decisão do tribunal, no sentido de, como disse o seu advogado nas alegações finais do julgamento, “apresentá-lo ao País como um corrupto” e, tal como o MP pediu, condená-lo a nove anos de prisão?
O que não admito, porque seria extremamente negativo, é que este processo tenha motivações políticas, no sentido de relação entre instituições. Do que me acusam neste processo é de ter sido um centro de favores ao Grupo Espírito Santo, sobretudo na área do Turismo. Em 2005, a associação do Turismo dizia que não se dava atenção ao setor. Veja-se o que se passa 20 anos depois. Se este processo tiver motivações políticas, é um sinal para pessoas com responsabilidades para não fazerem reformas, limitando-se à gestão corrente. Quem julga são os juízes, não é o Ministério Público. Compreende-se que o Ministério Público pretenda uma pena pesada porque está a investigar há 12 anos e tenciona salvar a face. Espero que os problemas entre o Ministério Público e o sistema de justiça não sejam resolvidos à custa de terceiros.

Em resumo, considera que o julgamento foi-lhe favorável?
Quando se trata de um caso mediático, assistem a um julgamento muitos jornalistas que relatam o que se passa na sala de tribunal, e tal é uma garantia de transparência, quer para os juízes quer para os arguidos. No final das sessões de julgamento, costumo tomar o comboio na gare do Oriente para voltar a Braga e durante a viagem vem sempre muita gente falar comigo que já sabe o que se passou na sessão do próprio dia. Isto não se passou uma ou duas vezes, passou-se muitas vezes.

Todas as verbas que recebi do BES têm uma base contratual. Os pagamentos no estrangeiro eram uma má prática. Até o ex-marido de uma juíza que chegou a integrar o coletivo recebeu um milhão de euros na Suíça

Há também a acusação de que foi corrompido nos CMEC (Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual) e em negócios das barragens com a EDP.
É a tal investigação que começou há 12 anos, relativamente a decisões tomadas em 2007. Eu pergunto se há quem tenha capacidade e clarividência para analisar o que se passou há quase 20 anos. Portugal tem muitos problemas, mas não é a eletricidade. Pagamos das tarifas mais baixas na União Europeia.

Nem toda a gente concordará com isso. Todos achamos que pagamos muito.
Eu também acho. Não há nenhum português que não ache que pague muito. Nos EUA, é mesma coisa. Toda a gente acha que paga muito pela conta da luz. Mas, regressando ao processo, estão a fazer uma investigação sobre uma coisa que correu realmente bem. Gostava muito que a investigação dos supostos favorecimentos à EDP terminasse com uma acusação. Eu e outras pessoas fomos expostos publicamente de forma inadmissível. Agora, ficaria com pena de que se arranjasse uma desculpa para arquivar. Não, não, isto tem de se revolver em tribunal: chamam-se testemunhas, apresentam-se provas e fica mostrado sem margem para dúvidas de que a EDP não foi beneficiada.

Tem a noção que será um tema de difícil explicação, tendo em conta os contratos, as fórmulas matemáticas?
Aqui no Norte há um ditado que diz “quando uma pessoa não sabe, tudo atrapalha”. É perfeitamente possível explicar tudo em português suave. Até nas questão das barragens. O MP argumenta que a EDP foi favorecida em um pouco mais de 300 milhões nos CMEC e em 800 milhões nas barragens. Esta matéria foi já objeto de averiguação da Comissão Europeia, que atestou a validade do processo. No caso da EDP, o Ministério Público, aliás, colocou lá uma questão gravíssima, envolvendo a Odebrecht, que é uma das empresas mais corruptas do mundo.

Teme passar o resto da sua vida em tribunal?
Infelizmente, não podemos escolher a vida que temos. Quando vejo pessoas a queixar-se de estarem há quatro, seis anos em investigação, eu vou em 12 anos, depois há outra parte e não sei o que mais haverá. Tenho 69 anos e já me mentalizei que terei de lidar com processos. É uma tristeza. Quem sabe se, um dia, a sociedade portuguesa não acordará para esta realidade. As pessoas querem justiça, não querem corruptos, mas não concordam com este tipo de atuação.

Estratégia Defesa de Manuel Pinho passou por tentar demonstrar em tribunal que os pagamentos do BES estavam previstos num contrato e que nunca favoreceu o grupo de Ricardo Salgado

Acha que a perceção das pessoas em relação à Justiça tem vindo a alterar-se?
Uma recente sondagem [do Público] mostrava resultados perturbadores, o que não é bom. Estamos muito mal quando a miséria dos pobres é causada pela fraqueza das instituições. Merecemos instituições respeitadas e sólidas, mas não me cabe fazer comentário sobre a Justiça.

Hoje, tem um conhecimento que não tinha há 12 anos?
Sim. O facto de, quando fui constituído arguido, em 2017, não me ter sido comunicado o objeto do processo. Depois, estava a ser investigado por uma coisa e fui acusado por outra. Isto aconteceu. O Ministério Público veio duas vezes a esta casa fazer buscas e as televisões estavam lá fora…

E também foi nesta casa que nasceu um processo disciplinar a um procurador do MP. Aconteceu de tudo.
Pois. Não sei qual foi o resultado. Passaram-se coisas que ninguém pode concordar. O mesmo aconteceu com Rui Rio, mas não lhe levaram os vinhos e a máquina de flippers.

Já lhe devolveram?
Já. Fizeram-me buscas com as televisões à porta, com o claro objetivo de me humilhar, tendo-me apreendido vinhos correntes e uma máquina de flippers. Ainda bem que o fizeram, porque, desde então, o apoio que recebo cresceu exponencialmente. Este foi o ponto de viragem neste processo, os vinhos e os flippers, porque toda a gente achou que se tinham ultrapassado as marcas. Estou há dois anos e meio em prisão domiciliária, porque disseram que fechei contas bancárias ‒ o que não fiz ‒, que vendi património ‒ que é uma coisa que se comprova com registos ‒, e de ter filhos no estrangeiro. No último Natal, vi pela primeira vez as minhas netas, que nasceram na Austrália.

E a pensão de reforma?
Arrestaram-me a pensão por três vezes e, por outras tantas, os tribunais superiores decidiram que ela me fosse devolvida. Ainda hoje apenas tenho acesso a uma pequena parte da verba que um tribunal superior decidiu, por três vezes, que tinha de me ser devolvida. Há um ano e meio, a minha mulher recebeu a notícia de que o seu pai, que vivia em Évora, estava a morrer. Como qualquer filho, queria acompanhar o pai nos últimos momentos, mas eu não podia sair de casa e ela tem uma deficiência que a impede de guiar à noite, pelo que a solução era chamar um uber. Só que, como a minha pensão foi arrestada e não nos deixaram sequer o equivalente ao salário mínimo, tivemos de recorrer a um primo que tem um amigo condutor de uber e que aceitou ser pago mais tarde.

Viu o “manifesto para a reforma da Justiça”? Acha que há coragem para levar a cabo alterações profundas?
Confesso que não li o documento. Mas sei que o governo do PS esteve 8 anos no governo e não reformou. É um facto.

Quando vejo pessoas a queixar-se de estarem há seis anos a serem investigadas… eu vou em 12 anos. As pessoas não querem corruptos, mas também não querem este tipo de atuação

A frase “à Justiça o que é da Justiça e à política o que é da política” foi o mote para não se fazer nada?
Contaminou. E depois acabam na situação de provar do próprio veneno. É uma ironia do destino para António Costa. E há outra: um novo governo, em pouco tempo, está a fazer coisas que o governo PS teve oito anos para fazer. O TGV e o aeroporto, duas obras dos governos de José Sócrates. Em 2003, o governo português fez um acordo com Espanha que previa cinco linhas TGV. EM 2008, disse que ficávamos em duas. Nessa altura, Marrocos começa a pensar no TGV. Em 2018, Marrocos arrancou, ou seja, Marrocos já tem TGV. Oferecemos-lhes muitos anos de avanço.

Na negociação dos CMEC, certamente que a EDP lhe tentou fazer chegar propostas, defendendo os seus interesses.
A escolha do modelo CMEC foi feita pelo governo de Durão Barroso, o processo, a fórmula, que envolveu negociações e a aprovação de Bruxelas.

E foi Ricardo Salgado quem escolheu António Mexia para liderar a empresa?
Tenho de me controlar com isso. Temos um MP que, ao fim de tanto tempo a investigar, foi preciso ir Vasco Mello ao meu julgamento a dizer que isso não é verdade. É um embaraço para o Ministério Público. Isto é um facto histórico.

Ricardo Salgado era uma pessoa que exercia a sua influência ou o facto de ser líder do BES, por si só, bastava para ir ao encontro das suas pretensões?
Ele não era mesmo o “dono disto tudo”. Quando fui administrador do BES, tive a responsabilidade dos mercados financeiros. Quando fui ministro, contam-se pelos dedos os contactos que tive com Ricardo Salgado ou com outro quadro do BES. Em questões importantes, as decisões do governo foram contra os interesses do BES. Não para mostrar independência, mas em função do interesse nacional. Foi assim na Galp, EDP e na refinaria do empresário Patrick Monteiro de Barros…

Custa a acreditar que Ricardo Salgado tivesse a fama de “dono disto tudo” e não o proveito.
Só posso falar do que conheço. No caso da EDP, há toda a razão para o Grupo Mello, o BCP e outro investidor. Tinham colocado muito dinheiro na EDP e queriam garantir que o governo não ia colocar lá um boy do PS. O Estado tinha condições estatutárias especiais e podia nomear, mas o primeiro-ministro aceitou. Porém, José Sócrates não deu de borla a gestão de uma empresa. E criou-se um Conselho Superior e de Supervisão, com poderes mais amplos, tendo sido nomeado uma pessoa da confiança pessoal. E a EDP desenvolveu-se.

E gerou muito interesse, quando o Estado vendeu a última parte que detinha.
E agora é uma empresa estatal chinesa, que é o maior acionista.

No caso da Galp, o governo de que fez parte herdou um problema criado por outro governo socialista, com o antigo ministro Joaquim Pina Moura a celebrar um acordo parassocial com os italianos da ENI, o qual, na prática, lhes dava o controlo da empresa.
Exatamente. No final do último mandato de António Guterres foi escolhido como parceiro estratégico da Galp essa empresa italiana, com forte presença de capitais públicos. Veio-se a descobrir que esse governo tinha dado à ENI uma opção de compra que lhe permitiria assumir a maioria do capital numa empresa estratégica. Os governos de Durão Barroso e Santana Lopes fizeram todas as tentativas para que essa opção não fosse possível. Quando tomei posse, uma das primeiras visitas que recebi foi do diretor-geral da ENI, que me disse que iria acionar a opção. “Atreva-se”, respondi-lhe. Entretanto, vários grupos portugueses, um dos quais envolvia o BES, propuseram entrar para o capital da Galp, mas a operação era muito alavancada, sem dinheiro vivo. Apareceu Américo Amorim e disse “eu pago em dinheiro vivo”. Hoje, a Galp é a segunda maior empresa portuguesa.

Exílio Manuel Pinho tem passado os últimos anos na Quinta do Assento, em Braga. Escreve, cuida das camélias e passeia a cadela Vira.

Era ponto assente manter as grandes empresas em mãos nacionais?
Definitivamente, sim. Não é uma questão de grandes empresas, mas estratégias. Banca, energia, seguros. Não há país que venda ao desbarato essas empresas a estrangeiros. Hoje, fala-se muito da crise bancária mas, entre 2008 e 2010, alguns países, como a Irlanda e Espanha, Grécia e Chipre, que tiveram crises ainda maiores do que a nossa. Em Espanha, o governo encontrou uma solução, sem passar por vender tudo o que havia a estrangeiros. Ainda no passado mês, a Saudi Telecom comprou 10% da Telefónica sem avisar. O governo espanhol comprou outros 10%.

O que está em causa

Os grande negócios de Estado


A suspeita inicial de toda a investigação diz respeito à passagem dos chamados Custos de Aquisição de Energia (CAE) para os CMEC (Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual), após uma imposição da Comissão Europeia, em 2003. Para evitar pagar aos produtores as indemnizações previstas nos CAE, o Estado, entre 2004 e 2005, criou os CMEC, como forma de compensação pelo fim dos primeiros. Além de assinar o acordo, o governo de José Sócrates prolongou, por mais 25 anos, as concessões das barragens à EDP. E é aqui que surgem as suspeitas de favorecimento: por um lado, suspeita-se de que a fórmula matemática encontrada para definir os CMEC foi favorável à empresa e, por outro, o Ministério Público tem alegado que a prorrogação da concessão das barragens foi ilegal. Entretanto, este processo ganhou um afluente com a entrada em cena, já depois de 2014, dos nomes do “saco azul” do Banco Espírito Santo, nos quais se encontrava Manuel Pinho.

Os elementos recolhidos na Suíça revelaram que, enquanto foi ministro da Economia (2005-2009), Pinho recebeu mensalmente 15 mil euros, depositados numa sociedade offshore. O antigo ministro tem alegado que esses pagamentos faziam parte de um acordo de desvinculação do grupo (do qual foi quadro antes de entrar para o governo), que lhe foram pagos através do método utilizado por Ricardo Salgado também para outros quadros do grupo, como António Rio Tinto (ex-Tranquilidade), ex-marido da juíza Margarida Ramos Natário, que saiu do coletivo que está a julgar Pinho devido a este facto. Certo é que o Ministério Público decidiu acusar Manuel Pinho e a sua mulher, Alexandra Pinho, mais Ricardo Salgado por supostos favorecimentos ao Grupo Espírito Santo. Em junho, os procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal vão avançar com a segunda acusação, relativamente ao (alegado) favorecimento à EDP, após terem recuado na utilização de emails que constavam no processo, mas que o Supremo Tribunal de Justiça declarou como ilegais e o juiz de instrução Nuno Dias Costa mandou destruir.

Palavras-chave:

Depois do almoço-piquenique e de mochilas às costas, são muitos os alunos que erguem as suas vozes ao alto para que todos oiçam o que defendem e inspira.

No Agrupamento de Escolas D. Maria II, de Lamaçães, em Braga, quem mais chama a atenção são as meninas com o hijab a proteger a cabeça. O hijab é o lenço ou véu que as jovens e mulheres muçulmanas usam para cobrir o cabelo e o rosto. O adereço surge para representar o livro O Lápis Mágico da Malala.

Meninos e meninas cantam: “1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, Com a Malala ninguém se mete; 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 como a Malala não há nenhuma!”

No Senegal, de onde é natural Binta, de 11 anos, o hijab chama-se col. Além da nacionalidade senegalesa, Binta também é portuguesa, mas continua preocupada e a defender o seu país, especialmente o direito à Educação.

“Já fizemos na escola vários trabalhos sobre a Malala. Preciso muito da inspiração dela para defender o meu país. As pessoas, e ainda tenho lá os meus familiares, também foram para a rua fazer a revolução contra a ditadura no poder”, conta entusiasmada a menina de hijab azul.

A Escola Básica Padre Himalaia, em Arcos de Valdevez, tem uma mensagem dedicada à “leitura do grande livro que Deus escreveu – a natureza”. Manuel António Gomes, nascido em 1868, foi um padre português, minhoto a viver nos EUA, muito interessado na ciência, nas ervas medicinais e no aproveitamento da energia do Sol.

“Ler, ler, ler” repetem as crianças do 4º ano, algumas com tambores e pandeiretas na mão, a pé desde as quatro da madrugada quando saíram da cama para viajarem rumo a Lisboa.

A classe do externato de Paço d’Arcos A Minha Escola focou-se no livro O Tesouro, de Manuel António Pina, que fala sobre o respeito pelos outros e a liberdade de expressão, ou seja, poder dizer o que se sente e não ser castigado por isso.

Margarida e Francisca, 10 anos, colegas de turma, sabem que antes do 25 de Abril de 1974 os meninos e as meninas não tinham os mesmos direitos, nem eram vistos como pessoas iguais. É contra esse preconceito que erguem a sua voz.

Os alunos do 8º ano da escola EB 2, 3 de Caldas de Vizela não tem cartazes nem autocolantes para distribuir, mas prepararam dois booktrailers para mostrarem no grande ecrã do auditório. Os livros Um de Nós Mente e O Diário de Anne Frank dão o mote para as duas histórias contadas em poucas imagens.

A canção “A Viúva e o Papagaio” vai sendo cantada pelos alunos da Escola EB 2, 3 Martim de Freitas, em Coimbra – cá fora, na entrada da Fundação Gulbenkian, afinam as vozes para o que se segue no auditório – o espetáculo final de “Miúdos a Votos”!

Na apresentação das medidas para o setor da Saúde, aprovadas esta quinta-feira em Conselho de Ministros, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou, em conferência de imprensa, que “este plano de emergência e transformação na Saúde vai esgotar, até ao limite do que é possível, a capacidade do Estado, seja no aproveitamento dos recursos humanos, seja no aproveitamento de todas as unidades de Saúde”.

Os “cidadãos não podem ficar privados do acesso aos cuidados de Saúde que precisam e merecem”, referiu ainda, acrescentando que o Governo “vai, em regime de complementaridade, contar com os setores social e privado para dentro da função e missão do SNS dar uma resposta aos cidadãos”.

Grávidas e partos

Na conferência de imprensa, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, anunciou que as grávidas vão ter um canal de atendimento direto, disponível através do SNS24, denominado “SNS Grávida”, de forma a garantir que são devidamente encaminhadas para os hospitais mais perto das suas residências.

Será realizada, nesta sentido, uma campanha para que as grávidas obtenham “a confiança e a segurança que precisam para saber exatamente onde se dirigir”, diz ainda Ana Paula Martins.

Também se prevê o aumento da capacidade do SNS na realização de partos com a atribuição de um incentivo por parto acima da produção média diária de partos da instituição. Esta medida permite dar liberdade às Unidades Locais de Saúde (ULS) para que distribuam o incentivo pela equipa da forma mais equitativa, de acordo com a Lusa.

Mais médicos de família e foco nos doentes oncológicos

A ministra da Saúde informou também que foi aprovado na generalidade um decreto-lei que abre mais de 900 vagas para médicos de família em todo o País. Só em Lisboa e Vale do Tejo, o número de vagas é de 400. “Quisemos dar a possibilidade a todos os médicos de medicina geral e familiar de poderem escolher exatamente as zonas onde que se querem instalar para fazer o seu projeto de vida”, referiu.

E enquanto não for possível que todos tenham um médico de família, o Governo criou, por exemplo, um “centro de Saúde virtual que funciona com teleconsulta” e uma linha de atendimento.

Também será realizada a requalificação dos espaços dos Serviços de Urgência – Urgência Geral / Psiquiátrica e serão criados centros de atendimento clínico para situações agudas mas de menor complexidade e urgência clínica e consultas do dia seguinte nos Cuidados de Saúde Primários para as mesmas situações.

Este plano prevê ainda a atribuição de médicos de família aos doentes em espera, com a capacidade atual do setor público.

Em relação às listas de espera, o Governo criou o plano OncoStop 2024, dedicado aos doentes oncológicos, que pretende regularizar a lista de espera para cirurgias oncológicas e está já a ser aplicado.

Também haverá uma alteração no atual modelo dos voucher SIGIC. “O novo programa são vouchers telefónicos: a partir de um call center central do SNS24, vamos dizer à pessoa que se aproxima do momento em que precisa de ter resposta, tem à escolha os hospitais em causa”, explicou a ministra. “Serão os hospitais públicos que tiverem vaga, ou privados ou sociais que tiverem convenção”.

Saúde Mental

Em relação à Saúde Mental, o plano de emergência para a Saúde prevê a contratação de psicólogos para os Cuidados de Saúde Primários, assim como a criação de um programa estruturado de Saúde mental para a PSP e GNR.

Além disso, prevê-se também a criação de equipas comunitárias de Saúde Mental para adultos, infância e adolescência e também o aumento da capacidade de internamento para situações agudas nos serviços locais de Saúde Mental.

A TRUST in NEWS decidiu aderir ao Plano Especial de Revitalização (PER), submetido ao Tribunal de Comércio de Sintra. Este instrumento de gestão foi cuidadosamente ponderado, por uma equipa de consultores e especialistas externos e pelas nossas equipas internas, e foi usado após uma análise cuidadosa da nossa situação financeira, com o objetivo de garantir a sustentabilidade e estabilidade a curto e longo prazo.

Objetivos do Plano:

Negociação com Credores: O PER permite, através do Administrador Judicial, negociar diretamente com os nossos credores soluções que beneficiem ambas as partes. Isso inclui a possibilidade de redução de dívidas, juros, moras, e garante prazos de pagamento flexíveis.

Preservação de Empregos: A adesão ao PER permite manter todas as nossas operações e, consequentemente, preservar os empregos dos nossos colaboradores. Valorizamos cada membro da nossa equipa e estamos comprometidos em mantê-los.

Continuidade da Atividade: Com o PER, a empresa continuará a produzir e oferecer todos os produtos e serviços aos seus clientes e leitores. O mercado tem uma perceção correta do objetivo de um PER, que sumariamente congela e reestrutura todas as dívidas, impede qualquer possibilidade dos credores avançarem com processos, execuções ou outros meios, e permite à empresa aceder a todos os seus meios financeiros para ter tempo de acabar a reestruturação.

Enfrentamos grandes desafios financeiros, acreditamos que somos viáveis economicamente – só assim é possível aderir ao PER – e isso dá-nos a oportunidade de manter e acelerar a reestruturação interna, reorganizar as nossas finanças e superar as dificuldades.

Sem utilizar este instrumento de gestão, nesta fase, e tendo em conta o esforço de Tesouraria necessário para cumprir as obrigações básicas, como ordenados, subsídios, produção de revistas, e outros tantos fornecimentos estratégicos, a empresa ficaria rapidamente paralisada.

Estamos confiantes de que esta decisão é a melhor para a TIN, neste momento, e também para todos os seus trabalhadores, colaboradores, fornecedores e credores. Contamos convosco e com o vosso apoio neste processo e juntos, com certeza, vamos ultrapassar estas dificuldades e desafios.

Muito Obrigado

A administração da TRUST in NEWS

Nove estações sísmicas espalhadas por Lisboa detetaram atividade sísmica no decorrer do concerto da artista norte-americana que atuou pela primeira vez em Portugal nos dias 24 e 25 de maio, em dois concertos completamente esgotados no Estádio da Luz. A estação da Escola Básica Professor Delfim Santos – a mais próxima ao estádio da Luz – foi a que registou uma maior atividade, contudo, o impacto terá sido ainda captado pela estação sísmica do aeroporto da Portela – a cerca de seis quilómetros do local do concerto.

Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa desenvolveram um espectrograma que permite observar a evolução da vibração sísmica. Segundo os registos, foi durante a música “Shake it Off”, pertencente ao quinto álbum da cantora, que terá ocorrido uma maior vibração do solo, com um tremor de magnitude de 0,82 na escala de Richter. Já outros temas populares da cantora como “You Belong With Me”, “Love Story” e “We are Never Ever Getting Back Together” também geraram atividade sísmica com magnitudes de 0,80, 0,72 e 0,61, respetivamente.

Segundo os investigadores, a magnitude da atividade sísmica registada durante o espetáculo não é, contudo, comparável à magnitude dos sismos, uma vez que estes últimos “são eventos muito pontuais, que libertam muita energia num intervalo muito curto de tempo”. “Aqui estamos a falar de uma libertação de energia ao longo de vários minutos durante uma música. Portanto, as escalas de magnitude não são bem as mesmas”, explicou a investigadora Susana Custódio, em entrevista ao jornal Público.

Esta não é a primeira vez que as atuações da compositora fazem “tremer a terra”. Já em julho do ano passado, durante um concerto em Seattle – nos EUA – foi sentido um abalo de 2,3 na escala de Richter durante um dos seus concertos. O evento foi posteriormente apelidado de “Swift Quake”.

Em Lisboa, outros momentos de celebração já tinham resultado em atividade sísmica semelhante. No ano passado, já tinham sido registados valores semelhantes após um golo que deu a vitória ao Sporting durante um jogo de futebol.