O que acaba de ouvir são os primeiros sinais enviados, a partir do Espaço, pelo ISTSat-1. Segundo a nota de imprensa do IST, o satélite de pequenas dimensões já comunicou o beacon (um sinal mais forte, mais fácil de captar em Terra, mas com menos informação) e também as primeiras telemetrias (informações mais detalhadas sobre o seu funcionamento e posicionamento). A equipa diz que ainda está a tentar perceber o estado de ‘saúde’ do satélite, juntamente com a ajuda de radioamadores.

Isto porque o envio dos sinais pelo satélite é feito em canal aberto, podendo ser captados por radioamadores de todo o mundo. No entanto, existe um canal de comunicação específico e que apenas a estação-terra situada no IST do Taguspark, em Oeiras, pode usar para enviar comandos ou retirar informação mais detalhada sobre a missão. 

O satélite, que seguiu a bordo do voo inaugural do foguetão Ariane 6, está neste momento a 580 km de distância da Terra, o que é considerada uma órbita baixa. 

O ISTSat-1 foi desenvolvido integralmente por estudantes e professores do Técnico. Este pequeno cubo, com arestas com 10 centímetros, terá como missão testar a capacidade de deteção da presença de aviões em zonas remotas e que não são visíveis da Terra, sendo visíveis apenas através de uma vista do Espaço. 

Em entrevista à Exame Informática no início da semana, antes do lançamento, Carlos Fernandes, investigador do IST NanoSatLab, explicava que o ISTSat-1 se enquadra na categoria dos NanoSats ou CubeSats – uma categoria que se foi tornando cada vez mais popular com a mudança do paradigma dos satélites. “Há cerca de uma década, o paradigma dos satélites mudou”, detalha. “Nós estávamos habituados a satélites muito grandes – com um peso enorme, do tamanho de autocarros, e que eram lançados por empresas muito grandes. (…) [Agora] Passou-se para uma outra filosofia em que os satélites passam a ser mais pequenos – podem ser até do tamanho de uma caixa de fósforos – mas com funções mais específicas, mais reduzidas ou mais limitadas”.

Ao todo, espera-se que o satélite permaneça no Espaço por cerca de cinco anos e, após cumprir as suas funções, será desativado, voltando a reentrar na Terra, onde arderá durante o processo de entrada na atmosfera.

Veja, na fotogaleria em baixo, com maior detalhe o satélite português desenvolvido no Instituto Superior Técnico.

Arben Kaçorri, 52 anos, um dos principais nomes da máfia dos Balcãs, vivia há 11 anos num prédio de luxo no Parque das Nações, em Lisboa. Condenado em Itália, a quase 22 anos de prisão por homicídio, Kaçorri passava despercebido, nunca interrompendo a sua atividade criminosa. No mesmo prédio, apenas um andar acima, vivia o luso-brasileiro Ícaro Leddy Gouveia (que também tem passaporte holandês), de 48 anos, um operacional da Mocro Máfia, conhecida como máfia marroquina, mas que atua, principalmente, nos Países Baixos.

Em conjunto, os dois homens lideravam uma rede dedicada ao tráfico internacional de droga, que atuava em Portugal e nos Países Baixos. E tudo era decidido e coordenado a partir daquele prédio.

Na madrugada do passado dia 3, a Polícia Judiciária (PJ), através da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE/PJ), desmantelou a organização criminosa. Em comunicado, a PJ explica que a operação – a que se deu o nome de “Labirinto” – “foi realizada simultaneamente nos dois países e permitiu desmantelar a infraestrutura do grupo de crime organizado indiciado por tráfico de droga, participação em organização criminosa, rapto, tomada de reféns e sequestro”.

Arben Kaçorri e Ícaro Leddy Gouveia permanecem, hoje, vizinhos, embora tenham mudado de morada para a cadeia de alta segurança de Monsanto, em Lisboa, onde aguardam o desenvolvimento das investigações em prisão preventiva. De acordo com a PJ, foram apreendidas “elevadas quantidades de dinheiro, vários veículos topo de gama, bens de luxo, sistemas de comunicações e diverso equipamento informático” que pertenciam aos detidos.

A PJ refere ainda que esta organização praticava “vários crimes violentos que visaram tomar posse da droga através do uso da força e com recurso a armas de guerra”. “Dado o grande potencial económico da organização, os seus membros dispunham de fortes medidas de segurança e autoproteção, nomeadamente de meios avançados de transmissão de informação, tanto a nível individual como o utilizado no uso de contra medidas policiais”, lê-se na nota.

Apesar de refugiados em Portugal, as autoridades acreditam que esta união entre máfia dos Balcãs e Mocro Máfia – organização que tem sido associada ao assassínio do jornalista holandês Peter R. de Vries, em julho de 2021, e a ameaças de morte à casa real neerlandesa e à sua herdeira, a princesa Catharina-Amalia – operava, sobretudo, no estrangeiro. O tráfico internacional de cocaína tinha como epicentro os portos de Roterdão e de Antuérpia, na Bélgica.

Um (assassino) albanês em Lisboa

Durante a última semana, o nome de Arben Kaçorri permaneceu desconhecido – ao contrário do de Ícaro, exposto na comunicação social. Considerado “muito perigoso”, vivia, na capital portuguesa, uma vida discreta e de luxo.

Cunhado de Ervis Martinaj, um famoso gangster albanês, conhecido como o “Rei do Jogo”, que está desaparecido desde agosto de 2022., Kaçorri, de 52 anos, pertence a uma longa linhagem ligada a organizações criminosas (o seu irmão, Valentino, também está referenciado como membro da máfia dos Balcãs).

Em maio de 2009, foi condenado em Itália a 21 anos e oito meses de prisão, pelo homicídio qualificado do compatriota Fatmir Kala, em Florença, e ainda por posse e porte ilegal de armas. A sentença tornou-se irrevogável em outubro de 2010, depois do seu (último) recurso ter sido indeferido. As autoridades italianas, porém, nunca não mais conseguiram localizar Kaçorri para que cumprisse a pena.

O albanês ainda beneficiou de um indulto de três anos, mas continua a ter de cumprir 18 anos e oito meses de reclusão por aquele crime. A Itália deve pedir, em breve, a extradição do condenado ao Estado português. Ainda na sequência desta condenação, 15 bens de Kaçorri foram confiscados, em dezembro do ano passado, por decisão de um tribunal albanês. O narcotraficante perdeu edifícios comerciais, apartamentos, terrenos e garagens, todos localizados na capital Tirana e arredores.

A democratização do desenvolvimento de aplicações é hoje uma realidade inevitável, fortemente impulsionada pela ascensão das plataformas Low-Code. Estas plataformas, ao simplificar e agilizar o processo de criação de aplicações, permitem que uma gama mais ampla de indivíduos, independentemente do seu nível de competências técnicas, participe ativamente no desenvolvimento de soluções digitais. No entanto, à medida que mais pessoas se envolvem no processo de desenvolvimento, surgem desafios significativos em termos de governança e controlo.

Neste contexto, a qualidade das aplicações torna-se numa preocupação central. Com a facilidade de criação proporcionada destas plataformas, há um risco crescente de comprometer a qualidade das aplicações desenvolvidas. Aplicações mal projetadas podem resultar em falhas e custos adicionais para correções e manutenção.

A segurança é outra preocupação crítica em qualquer processo de desenvolvimento de aplicações. Com a democratização do desenvolvimento, surgem desafios, uma vez que utilizadores menos experientes podem introduzir vulnerabilidades nas aplicações, colocando em risco dados sensíveis e informações confidenciais.

Além disso, a falta de controlo sobre o processo de desenvolvimento pode levar a violações de conformidade e implicações legais significativas. As organizações enfrentam o desafio de garantir que as aplicações desenvolvidas estejam em conformidade com regulamentações como GDPR, HIPAA e PCI-DSS.

Para enfrentar estes desafios, é essencial implementar estratégias eficazes de controlo no desenvolvimento de aplicações em plataformas Low-Code. Isto garante que os utilizadores estejam cientes das melhores práticas de desenvolvimento, segurança e conformidade.

Formações adequadas, revisões de código e auditorias regulares para avaliar a qualidade, segurança e conformidade das aplicações desenvolvidas, ajudam a identificar e corrigir problemas antes de se tornarem críticos.

Por outro lado, implementar controlos de acesso e permissões para garantir que apenas utilizadores autorizados tenham acesso às funcionalidades de desenvolvimento e de configuração nas plataformas Low-Code, é fundamental.

A democratização do desenvolvimento de aplicações através de plataformas Low-Code oferece oportunidades emocionantes para inovação e crescimento. No entanto, é essencial reconhecer e enfrentar os desafios associados à governação do processo de desenvolvimento. Ao adotar estratégias robustas de controlo, as organizações podem garantir que as aplicações desenvolvidas atendam aos mais altos padrões de qualidade, segurança e conformidade regulatória. Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.

O mundo continua a girar sobre si próprio e em volta do Sol, mas parece que, não obstante esse movimento ininterrupto, de tempos a tempos – mais concretamente, de dois em dois anos –, volta exatamente ao mesmo sítio e deixa toda a gente – bem, não será bem toda, mas uma quantidade considerável, sobretudo no nosso país – a discutir o mesmo assunto: deve, ou não, Cristiano Ronaldo continuar na Seleção Nacional? Se há três anos, quando se disputou o Europeu (que deveria ter acontecido um ano antes, mas teve de ser adiado por causa da pandemia), um largo consenso apontava que o melhor do mundo ainda tinha plenas condições para continuar a ser uma mais-valia para a equipa das quinas, depois do Mundial de 2022, no Catar, a discussão subiu de intensidade, sobretudo após Portugal ter sido afastado do torneio nos quartos de final, com Cristiano obrigado a sentar-se no banco por Fernando Santos. O resultado, todos se lembram, foi o craque a deixar, sozinho e em lágrimas, o estádio e o selecionador a ser despedido uns dias depois. Achava-se que, com um novo treinador, o tema seria enterrado, mas Roberto Martínez não só trouxe o jogador de volta à Seleção como lhe deu tanto ou mais tempo de jogo do que o seu antecessor, nomeadamente durante este Campeonato da Europa da Alemanha. Com o desempenho do craque madeirense, já com 39 anos, a revelar-se, no mínimo, medíocre e a seleção a voltar a cair nos quartos de final, coloca-se de novo a questão: será desta vez que Cristiano Ronaldo dá o seu lugar a outro ou vamos continuar a ter o avançado do Al-Nassr a participar na Liga das Nações e a apontar ao Mundial de 2026?

Até ao momento, e apesar de a Seleção Nacional já ter sido eliminada pela França na sexta-feira da semana passada, dia 5, ninguém veio ainda esclarecer este tema. Por parte da direção da Federação Portuguesa de Futebol, o silêncio é absoluto. O selecionador nacional, o qual o comentador televisivo Bruno Prata acusava, há semanas, nos ecrãs da RTP, de “ver borboletas onde toda a gente vê lagartas”, passou todo o torneio sem explicar a razão de tanto tempo dado a Ronaldo, limitando-se a lembrar que ele “é um exemplo”. Isto apesar de não ter marcado um único golo nos quase 500 minutos em que esteve em campo durante a competição, tendo sido o português, além do guarda-redes Diogo Costa, que mais tempo jogou durante o Euro 2024. As únicas palavras que se conheceram sobre o tema vieram do próprio jogador, que, através das suas redes sociais, veio agradecer o apoio dos adeptos, lamentar o desaire, dizer que a equipa merecia mais e garantir que “o legado vai continuar a ser construído”. Acrescentou, no fim do texto, a palavra “juntos”, deixando no ar a ideia de que a sua vontade é a de continuar a servir a Seleção Nacional. E agora?

Desporto ou negócio?

É natural que o jogador queira continuar a representar o seu país. Ele, melhor do que ninguém, perceberá se tem, ou não, condições para continuar. E mesmo que já as não tenha, é legítimo que expresse a sua vontade de continuar. Sabemos que a ambição de Ronaldo não tem limites e foi essa uma das características que fizeram dele o jogador que foi. Terá, porém, de haver quem, acima da vontade do atleta (dele e de todos os outros, diga-se de passagem), avalie as condições e tome decisões. E só há duas maneiras de poder avaliar a questão, tirando já do caminho a eventualidade de uma lesão que impeça o jogador de jogar: ou se usam critérios de mérito desportivo, de rendimento em campo, ou se dá a primazia à vertente financeira. Uma e outra apontam para decisões opostas. Cabe à Federação Portuguesa de Futebol escolher o seu caminho.

Do ponto de vista desportivo, os números falam por si. Apesar de, durante a fase de qualificação, em que Portugal defrontou equipas de menor valia, Ronaldo ter marcado dez golos, o rendimento na fase final foi aquele que se conhece. Fora a assistência para o golo de Bruno Fernandes contra a Turquia, os 485 minutos em que esteve em campo no torneio da Alemanha foram aqueles em que obteve o pior rendimento de todos os seis Europeus em que participou. Não marcou, falhou mais oportunidades, tocou menos vezes na bola, recuperou-a menos vezes e ganhou menos duelos. Portanto, avaliando apenas o rendimento desportivo, não parece justificar-se que Cristiano Ronaldo continue a ter tanto tempo de jogo. Acreditando que continua a ser um jogador de inúmeros recursos e válido para ajudar a Seleção, mandaria a lógica que outras opções fossem experimentadas e que Cristiano fosse poupado para momentos especiais e mais decisivos do jogo, partindo no banco de suplentes. Mas não foi essa a opção de Roberto Martínez, que, pela insistência, deixou crescer a ideia entre alguns adeptos e críticos de que a sua função ali não era tanto a de tentar levar a equipa até à final, mas sim a de manter o jogador em campo o maior tempo possível.

Ora, essa é uma explicação que pode encontrar razão de ser quando usamos um critério financeiro para analisar a questão. Independentemente da sua idade, Cristiano Ronaldo tem um peso mediático que ultrapassa largamente o da Seleção Nacional ou o de qualquer outro futebolista em todo o mundo. Todas as redes sociais somadas, o avançado do Al-Nassr soma cerca de mil milhões de seguidores, um número impressionante que só compara com a população da China ou da Índia. Perante estes números, é fácil perceber que a presença do jogador faz aumentar o valor das competições. É do interesse de quem organiza, neste caso a UEFA, mas também a FIFA, que Ronaldo esteja presente, pois assim conseguirá ampliar a captação de atenção global e, com isso, as receitas. O mesmo se aplica aos patrocinadores, que pagarão sempre mais se jogadores como CR7 ou Messi estiverem presentes. Um raciocínio que se aplica de igual forma à Federação Portuguesa de Futebol, cujo potentado económico e financeiro tem crescido atrelado à omnipresença de Ronaldo.

Planeta CR7

Números e curiosidades da carreira, da participação no Euro2024 e do fenómeno global em volta do craque português

Idade: 39 anos

Total de jogos Oficiais: 1 233

Jogos pela Seleção: 212

Total de golos: 895

Golos: 130

Prémios individuais: 62

Títulos coletivos: 34

Euro apagado
O torneio na Alemanha foi aquele, dos seis em que participou, em que o jogador teve o pior desempenho

Jogos: 5

Minutos: 485

Golos: 0

Assistências: 1

Livres: 7

Oportunidades claras falhadas: 5

Remates por jogo: 4,6

Interseções: 0

Desarmes por jogo: 0,2

Fenómeno nas redes
Em todas as redes sociais, CR7 tem cerca de mil milhões de seguidores

Instagram: 634M

Facebook: 170M

X: 112M

Palavras-chave:

Num momento em que não faltam ameaças à solidez e coerência do projecto europeu e algumas semanas após a eleição para o seu Parlamento, tem-se falado muito de políticos e pouco de políticas.

Durante a campanha para o Parlamento Europeu, foi consensual que esta era uma das eleições mais decisivas da história da União quanto à política europeia e no que toca à regulação no espaço europeu por motivos vários, como o receio de que o populismo de extrema-direita que ensombra a Europa se tornasse mais influente, as guerras comerciais (China, mas também EUA) e bélicas (Ucrânia, Médio Oriente, Taiwan) em curso ou em potência nos próximos 5 anos, e os desafios urgentes (combate às alterações climáticas) e emergentes (evolução tecnológica).

Num Parlamento que passou de 705 para 720 deputados, as forças políticas de Direita aumentaram ligeiramente a sua representação tendo os dois partidos que englobam populistas e extrema-direita reforçado a sua presença em percentagem superior à do crescimento geral desse espectro, que se reforçou como claramente maioritário na sede da democracia europeia. Tais resultados são preocupantes considerando o posicionamento das Direitas (nomeadamente das portuguesas) em relação a conquistas dos últimos anos e décadas, seja em matérias como o bem-estar animal e a exploração dos oceanos, ou de Direitos Humanos básicos como os dos migrantes e os das mulheres.

Ainda assim, surgiu nos últimos dias uma nota de esperança. Em França, de enorme influência no projeto europeu, a extrema-direita foi derrotada pelas forças democráticas tendo a Nova Frente Popular, coligação progressista, ecologista e de esquerda, vencido a eleição e demonstrado que o verdadeiro antídoto contra as forças reacionárias e populistas é a união em torno de políticas verdes e de progresso que apostem num reforço do Estado Social e da solidariedade.

Infelizmente, nas Europeias, o Livre não elegeu um eurodeputado por uma pequena margem de votos apesar de ter obtido o melhor resultado percentual da sua história, sendo hoje o partido mais votado à esquerda do PS em vários municípios (p.e. Lisboa, Ourém, Cascais, Alcobaça, Oeiras, Vila Real) cimentando-se como alternativa credível e alcançando novamente a confiança de quase 150 mil cidadãos.

A não eleição não nos desmobiliza nem faz esmorecer a nossa esperança no projecto europeu, continuamos a acreditar nele como fórmula de paz, progresso e resolução dos problemas das populações europeias e das urgências globais. A nossa visão de uma Europa solidária, justa, ecologista, social, e fortemente ancorada na defesa dos Direitos Humanos, continuará a ser defendida através da nossa participação nos trabalhos dos Verdes Europeus (força europeia da qual somos o único membro português de pleno direito com estratégia autónoma e europeísta), mas também na política nacional (no Parlamento e não só), nomeadamente a partir dos debates com o Governo sobre os temas europeus e acerca dos assuntos nacionais, visto que acreditamos e defendemos que a União é também parte essencial da solução para as dificuldades que a nossa população enfrenta no dia-a-dia.

Prova disso é que, no último debate quinzenal, o Livre questionou o primeiro-ministro sobre a nossa proposta de criação de um Instituto Europeu que permita, por exemplo, apoiar e formar portugueses para que consigam mais facilmente trabalhar na União Europeia e chegar aos lugares de topo ampliando assim a influência do país nas suas decisões. Doutro modo, uma das últimas propostas do Livre na Câmara Municipal de Lisboa é precisamente o estabelecimento de uma delegação da cidade junto das instituições europeias, permitindo maior impacto nos processos de construção das suas políticas.

Continuamos muito atentos aos principais desenvolvimentos da política e regulamentação europeia, principalmente em domínios como a inovação tecnológica e a ecologia. Quanto ao setor das tecnologias, é importante garantir o acesso livre à internet e às inovações, nomeadamente nas que contaram com a participação de fundos europeus e cujo objeto se relaciona com a transição verde, bem como regulamentar a Inteligência Artificial e a Segurança Cibernética para que não se tornem um perigo para os Estados de Direito e os Direitos Humanos, e afinar os mecanismos de combate aos grandes monopólios tecnológicos cuja posição dominante tem nefastos impactos ao nível social, económico e da inovação.

No que toca ao combate às alterações climáticas e à protecção e restauro da natureza defendemos medidas como a criação de um Tribunal Europeu para o Ambiente que vigie o cumprimento do Pacto Climático e da Diretiva de Redução das Emissões Poluentes bem como de outros padrões ambientais em domínios como as pescas ou a mineração, queremos um reforço normativo para combater pecuária assente em práticas cruéis na reprodução, criação e transporte de animais, e a promoção da economia circular a partir do combate à obsolescência programada e ao consumo descartável, permitindo maior reutilização das matérias-primas críticas.

Considerando todos estes desafios prementes e o impacto que o Parlamento Europeu pode ter na resposta aos mesmos, cabe perguntar qual o rumo traçado, e se queremos uma União de Futuro ou uma Europa do Passado. O Livre permanecerá vigilante e proativo em relação à política europeia e aos seus impactos na vida nacional.

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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Dvontaye Mitchell, um norte-americano negro, de 43 anos, morreu na passada quarta-feira, dia 3 de junho, à porta de Hotel Hyatt Regency, no estado do Wisconsin, nos Estados Unidos, após ter sido agarrado à força por quatro seguranças do estabelecimento. Segundo as informações da polícia, o confronto entre Mitchell e os seguranças terá tido início ainda dentro do hotel, após Mitchell ter, alegadamente, provocado “distúrbios” e “lutado com os seguranças enquanto o retiravam para a rua”. O momento de imobilização de Mitchell por parte dos seguranças foi captado por testemunhas presentes no local, tendo-se tornado rapidamente viral nas redes sociais. As circunstâncias que terão levado à morte do norte-americano – que deixou dois filhos de 6 e 8 anos – estão a levar a comparações com a morte de George Floyd, em 2020.

No vídeo pode observar-se o momento em que Mitchell é expulso do hotel e imobilizado pelos seguranças, com um a colocar o seu joelho nas suas costas enquanto outro lhe segura as pernas. Um terceiro segurança pode ainda ser visto a usar a força para impedir que o homem se levante. Mitchell é também ouvido no vídeo a gritar várias vezes por ajuda, enquanto um dos guardas lhe ordena que permaneça deitado. A certa altura do vídeo, é ainda possível ouvir um dos guardas dirigir-se às testemunhas que se encontravam no local a filmar e gritar: “Isto é o que acontece quando se vai à casa de banho das senhoras!”, ouve-se. “Entrar na casa de banho das mulheres “não devia ser uma sentença de morte”, pode ler-se no comunicado entretanto emitido pela defesa de Mitchell, onde a família refere ainda o seu historial com problemas de saúde mental, admitindo que o mesmo poderia estar a sofrer uma crise.

Ainda não está confirmado que tenha sido este o incidente na origem da altercação entre a segurança do hotel e Mitchell.

À revista TIME, o Departamento de Polícia de Milwaukee referiu existir uma investigação em curso, recusando-se a confirmar a identidade do indivíduo e do estabelecimento onde ocorreu o incidente. Segundo as autoridades, o homem terá sido detido pelos seguranças do hotel até à chegada da polícia que, já no local, verificou que Mitchell já não se encontrava consciente. A morte foi confirmada depois da realização de manobras de salvamento. Segundo os resultados da autópsia preliminar realizada pelo Gabinete do Médico Legista do Condado de Milwaukee, a morte de Mitchell é considerada um homicídio, estando a causa final do seu óbito ainda sob investigação.

Em conferência de imprensa, na passada segunda-feira, dia 8 de junho, junto ao hotel, o advogado da família assinalou a utilização de “força excessiva” por parte dos seguranças, o que terá levado à morte de Mitchell que se encontrava “desarmado”. O advogado da família apelou ainda a uma investigação contra os seguranças envolvidos no incidente, referindo-se às circunstâncias da morte de Mitchell como “perturbadoras” e que, “conforme descrito por uma testemunha, fazem lembrar o assassinato de George Floyd”. “É profundamente preocupante que tenhamos perdido outro homem negro num confronto com pessoal da segurança, o que levanta sérias preocupações sobre o uso da força, falta de responsabilização e ausência de considerações sobre a saúde mental”, referiu. Durante a conferência, dezenas de pessoas reuniram-se do lado de fora do hotel, como forma de protesto, segurando cartazes com a frase “Justiça para Dvontaye”.

O vídeo que circula pelas redes sociais tem gerado comparações com o homicídio de George Floyd, que morreu a 25 de maio de 2020, após ter sido imobilizado pelo joelho de um agente da polícia que pressionou o seu pescoço durante quase dez minutos. A morte de Floyd, também muito partilhada na internet, resultou numa onda de protestos contra a violência policial e o racismo pelos EUA e que está na origem do movimento #BlackLivesMatter. “Depois de George Floyd, todos na América deveriam treinar os seus funcionários, especialmente as forças de segurança, para não colocarem os joelhos nas costas e no pescoço das pessoas. E quando as pessoas estiverem com problemas para respirar, não as mantenham deitadas”, refletiu Crump.

Já um porta-voz do hotel referiu que o mesmo “ainda está a concluir a sua investigação e, até à data, suspendeu os seus funcionários envolvidos no incidente”. “Estendemos as nossas sinceras condolências à família de Dvontaye Mitchell, a todos aqueles que o conheciam e amavam, e à comunidade de Milwaukee à luz desta tragédia”, refere.