A Waymo, empresa de carros e sistemas de condução autónomos, apresentou a sexta geração de veículos da marca. A grande novidade é a utilização de menos sensores – o que ajuda a baixar o custo por veículo – garantindo os mesmos níveis de fiabilidade e segurança em condução.

A nova geração é construída sobre o modelo Zeekr da fabricante chinesa Geely. Agora, os carros da Waymo só têm 13 câmaras (o modelo anterior tinha 29) e usam quatro sensores LiDAR (menos um do que a geração anterior). Além destes sensores, o novo carro da Waymo está ainda equipado com seis radares e recetores de áudio externos.

“Reduzimos significativamente o custo do nosso sistema de sexta geração ao mesmo tempo que entregamos ainda mais resolução, alcance, potência de computação e permitimos mais funcionalidades”, escreve Satish Jeyachandran, vice-presidente de engenharia na Waymo, em comunicado.

Apesar da redução no número de sensores a bordo do veículo, os novos carros, segundo a empresa, conseguem agora ‘ver’ até 500 metros de distância e têm um desempenho melhor mesmo em condições climatéricas adversas (seja calor extremo, seja temperaturas baixas). 

Quanto à segurança, a Waymo diz que estão garantidos os mesmos níveis dos veículos atualmente em utilização (a quinta geração), o que significa que a empresa será capaz de colocar os novos carros em estradas reais “em metade do tempo”. Atualmente, a empresa continua a fazer testes em circuitos fechados, em plataformas digitais de simulação e algumas estradas públicas antes de fazer o lançamento oficial dos novos carros.

Segundo a publicação Engadget, a Waymo já realiza 50 mil viagens pagas todas as semanas nas quatro cidades norte-americanas nas quais os veículos estão disponíveis – São Francisco, Los Angeles, Phoenix e Austin. A empresa-irmã da Google, que pertence à Alphabet, foi criada em 2018.

A convenção Nacional Democrata teve início durante a madrugada desta segunda-feira, dia 20 de agosto, no Union Center, em Chicago, no estado norte-americano do Illinois. O primeiro dia da convenção ficou marcado pelo discurso surpresa de Kamala Harris, na sua primeira aparição como candidata oficial do partido às eleições presidenciais. A noite ficou ainda marcada pelo discurso de Joe Biden – atual líder da Casa Branca – e as declarações de Hillary Clinton, Jill Biden e Karen Bass, presidente de Los Angeles.

A primeira de quatro noites da Convenção Democrata – que vai contar ainda com discursos de Barack Obama, Tim Walz e Nancy Pelosi – ficou dividida entre o apoio a Kamala Harris e as homenagens e agradecimentos a Joe Biden. Harris, que só era esperada esta quinta-feira, antecipou as primeiras declarações para o primeiro dia de convenção tendo dedicado parte do seu discurso a Joe Biden e à “sua liderança histórica”. “Quero começar celebrando o nosso incrível Presidente Joe Biden”, referiu a candidata, recebida por uma ovação em pé pelos milhares de participantes da Convenção. “Estaremos eternamente gratos”, acrescentou.

Após a desistência de Biden, no passado dia 21 de julho, Kamala Harris assumiu a candidatura pelo partido democrata à liderança da Casa Branca tendo conseguido, em menos de um mês, virar as sondagens dos estados críticos a seu favor. A democrata referiu ainda a necessidade de “seguir em frente”, passando uma mensagem de “otimismo, esperança e fé”. “Olhando para todos os presentes esta noite, vejo a beleza da nossa grande nação, gente de todos os lados e com todo o tipo de historial”, explicou. 

Já Biden, ainda Presidente, passou o testemunho à vice-presidente durante a sua intervenção. “Selecionar a Kamala foi a primeira decisão que tomei quando fui nomeado, e foi a melhor decisão que tomei em toda a minha carreira política (…) Ela vai ser uma presidente de que todos podemos ter orgulho. Vai ser uma presidente histórica”, defendeu.

Recebido com uma ovação de mais de quatro minutos, o líder americano mencionou as conquistas da sua administração e sublinhou a importância da eleição de novembro. “Com um coração grato, apresento-me perante vocês nesta noite de Agosto para declarar que a democracia prevaleceu. A democracia funcionou e agora a democracia tem de ser preservada”, continuou. “Foi a honra da minha vida servir como vosso presidente. Adoro este cargo, mas amo ainda mais o meu país”, despediu-se.

Durante a sua intervenção, Biden foi várias vezes interrompido pelos presentes que ecoavam os cânticos “We love Joe” – em português, “Adoramos o Joe” – bem como “Thank you Joe” – “Obrigado Joe”.

O democrata, de 81 anos, falou ainda sobre o adversário republicano de Harris, Donald Trump, que derrotou nas eleições de 2020. “Donald Trump diz que os Estados Unidos são uma nação falhada. Pensem na mensagem que ele envia para o mundo inteiro, quando diz que os Estados Unidos são uma nação falhada. Ele é que é o falhado. Está completamente errado”, referiu. Biden voltou também a mencionar o assalto ao Capitólio – a 6 de janeiro de 2021 – reforçando que todos os cidadãos norte-americanos têm a obrigação de voltar a salvar a democracia. “Nesse dia, quase perdemos tudo o que faz o nosso país. E essa ameaça, e isto não é uma hipérbole, ainda está muito viva. Donald Trump diz que recusa aceitar os resultados eleitorais se perder outra vez”, advertiu. “Estamos num ponto de inflexão (…) É um desses raros momentos na História em que as decisões que tomarmos agora vão determinar o futuro durante décadas”, defendeu.

Enquanto decorria a convenção, no lado exterior do recinto, acontecia uma manifestação Pró-Palestina. O ainda chefe de Estado acabou também por dirigir algumas palavras aos manifestantes garantindo que Harris continuará a oposição a Putin e referindo a sua proposta de cessar-fogo para o conflito Israel-Hamas. “Os manifestantes lá fora têm razão, muita gente está a morrer – dos dois lados”, referiu Biden.

Também a antiga candidata democrata Hillary Clinton discursou na primeira noite da Convenção Democrata, defendendo que a nomeação de Harris para a Presidência dos Estados Unidos abre um novo capítulo na história do País. “Alguma coisa está a acontecer na América. Conseguimos senti-lo. É algo pelo qual trabalhámos e com que sonhámos durante muito tempo”, referiu, recordando vários marcos importantes no percurso político das mulheres, desde a conquista do direito ao voto à sua derrota em 2016. “Recusámo-nos a desistir da América. Milhões marcharam, muitos candidataram-se a cargos e mantivemos os olhos no futuro (…) Bom, meus amigos, o futuro chegou”, mencionou.

Uma das mais aplaudidas da noite, Clinton mencionou ainda a condenação por 34 crimes em Nova Iorque de Trump sendo ouvidos pelo público os cânticos “Lock him up!” – em português, “prendam-no” – numa referência às palavras do republicano durante a campanha de 2016. “A Constituição diz que o trabalho do presidente é garantir que as leis são executadas de forma fiel. Olhem para os candidatos”, defendeu. “Donald só quer saber dele próprio”, apontou.

Ao palco subiu ainda Karen Bass, Presidente da Câmara de Los Angeles, que elogiou o trabalho de Harris enquanto procuradora-geral da Califórnia. “Quando a Kamala encontra alguém jovem, conseguimos sentir a sua paixão, o seu coração e a sua coragem. É isso que define o compromisso com as crianças, estar disposta a lutar por todas”, referiu. 

A Convenção Democrata – que regressou a Chicago 28 anos depois – decorre até 22 de agosto.

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A Convenção Democrata norte-americana começou ontem, e a única surpresa – se é que podemos chamar surpresa a uma necessidade imperativa do partido – foi a energia renovada com que os Democratas apareceram neste início de segundo semestre do ano. Kamala Harris surgiu com a dinâmica e o discurso combativo que lhe tem sido característico desde que que foi conhecida a sua candidatura, e Joe Biden fez uma aparição surpresa [e emotiva]: recordou o caminho que trilhou ao lado da agora candidata à Casa Branca. E proferiu uma frase que resume bem a personalidade de um dos políticos mais respeitados dos EUA: “Cometi muitos erros, mas dei-vos o meu melhor”, cita a Associated Press. “Durante 50 anos, dei a alma e o coração à nossa nação”.

Hillary Clinton, a grande derrotada por Donald Trump em 2016, chamou a Democracia ao seu discurso e virou-se em particular para os direitos das mulheres, repetindo a garantia de Joe Biden, naquele mesmo palco: “Harris voltará a tornar legal o aborto em todo o País”, instou.

Se é certo que ainda há muita estrada para andar nesta campanha presidencial norte-americana – onde, não se engane, está mesmo em jogo o futuro da Democracia não apenas daquele país mas também do resto do mundo – é também verdade que foi refrescante, e um pouco tranquilizador até, ver os Democratas voltarem à frente de batalha.

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A posição de Data Collection Operator está a ser publicitada pela Tesla, que procura humanos que possam realizar determinados movimentos que depois são capturados e usados para ensinar o robô Optimus.

A empresa pretende que os candidatos tenham entre 1,70 e 1,80 metros, previsivelmente para se ajustarem às dimensões do robô, que terá 1,75 metros de altura. Os trabalhadores vão ter de passar sete horas por dia a andar, carregando um peso de 13,5 quilos e um headset de Realidade Virtual.

Segundo a Business Insider, a Tesla já terá contratado 50 pessoas para desempenharem esta tarefa no último ano. Em declarações ao website, Animesh Garg, investigador da Nvidia Research, estima que sejam necessárias milhões de horas de dados para treinar um robô com recurso à captura de movimentos, como a Tesla pretende fazer, antes que estes estejam prontos para trabalhar nas fábricas.

Garg vai mais além e afirma mesmo que “o volume de recolha de dados que necessitaria chega facilmente aos 500 milhões de dólares e a questão real é que ‘mesmo que o faças, tens sucesso?’. Não há garantias de sucesso”.

Elon Musk prometeu ter robôs “genuinamente úteis” nas suas linhas de produção no próximo ano, embora já tenha admitido posteriormente que o prazo foi uma mera suposição.

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A circulação de carne de aves de capoeira e ovos para consumo humano está, devido à gripe das aves, sob “restrição sanitária” em Viana do Castelo, Esposende e Barcelos. O comunicado foi feito pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), que confirmou um foco numa exploração de detenção caseira de aves de capoeira, na freguesia de Chafé, concelho e distrito de Viana do Castelo.

“Em Portugal, desde finais de julho de 2024 têm sido detetados vários casos de infeção por vírus da GAAP [Gripe Aviária de Alta Patogenicidade] do subtipo H5N1 em aves selvagens nas várias regiões do território do continente e a 14 de agosto confirmou-se esta doença em aves domésticas, nomeadamente numa exploração de detenção caseira de aves, localizada no concelho de Viana do Castelo”, lê-se.

Entre as limitações impostas encontra-se a circulação de aves, ovos, miudezas ou outros produtos à base da carne de “aves detidas e selvagens” detidas em estabelecimento, matadouro ou estabelecimentos de manipulação de caça ali localizados.

As proibições, que se aplicam a 26 freguesias, devem manter-se até 15 de setembro. A organização refere que por se tratar “uma exploração pecuária de detenção caseira o estatuto sanitário do país mantém-se inalterado”.

As freguesias de Viana do Castelo “sob vigilância” são Areosa, Santa Marta de Portuzelo, Vila Franca, Vila de Punhe, Barroselas e Carvoeiro, Mazarefes e Vila Fria, Santa Maria Maior e Monserrate e Miadela, Darque, Cardielos e Serreleis, Perre, Mujães, Subportela, Deocriste e Portela Susã, e Alvarães. Em Esposende, as freguesias afetadas são Forjães, Esposende, Marinhas e Gandra, Antas, Belinho e Mar, e Vila Chã. Em Barcelos, estão em causa as freguesias de Fragoso, Aldreu, Palme, Durrães e Tregosa.

Recorde que não existem evidências que a gripe das aves seja transmitida aos humanos através do consumo
de alimentos, tais como carne ou ovos. Ainda assim a DGAV apela a todos os detentores de aves que cumpram com rigor “as medidas de biossegurança e as boas práticas de produção avícola, que permitam evitar contactos diretos ou indiretos entre as aves domésticas e as aves selvagens”.

A notificação de qualquer suspeita deve ser realizada de forma imediata, à DGAV por “forma a permitir uma rápida e eficaz implementação das medidas de controlo da doença”, reforçam.

É o avô simpático de todos os festivais de verão portugueses e mantém-se bem vivo depois de, há mais de 50 anos, em 1971, ter levado à pacata aldeia minhota de Vilar de Mouros Elton John e Manfred Mann e de, em 1982, se ter afirmado como uma iniciativa única no País, com bandas como os U2, The Stranglers e Echo & The Bunnymen ao lado de Carlos do Carmo, Vitorino, Jafumega ou os novinhos GNR. 

Regressaria ainda entre 1996 e 2006, já em moldes mais comerciais, e foi novamente ressuscitado em 2016, com uma filosofia que recupera o legado das primeiras edições, apostando num cartaz (mais ou menos) revivalista, mas sem cair na armadilha fácil do saudosismo.  

Neste ano – e apesar do cancelamento daqueles que seriam os grandes cabeças de cartaz, os norte-americanos Queens of The Stone Age, de Josh Homme –, o alinhamento mantém a fasquia bem alta. Na primeira noite, a 21, de entrada livre, mediante ordem de chegada, brilha a prata da casa, com as atuações de The Legendary Tigerman, GNR, Delfins ou Amália Hoje. Já na quinta, 22, o serão é dedicado às sonoridades mais extremas do rock, com a presença de nomes como Ramp, Moonspell ou Soulfly, mas também de verdadeiras instituições, como Xutos e Pontapés e The Cult.  

Na sexta, 23, além dos concertos de Capitão Fausto, Crystal Fighters e Ornatos Violeta, o destaque vai inteirinho para a disruptiva dupla sul-africana Die Antwoord, que será porventura um dos trunfos desta edição do Festival Vilar de Mouros. Para concluir, no sábado, 24, há propostas para todos os gostos e (quase) todas as faixas etárias, com David Fonseca, The Waterboys, The Libertines e The Darkness.

CA Vilar de Mouros > Vilar de Mouros, Caminha > 21-24 ago, qua-sáb a partir das 17h > €53,50 (dia), €101,65 (passe) 

A Fujifilm lançou uma nova câmara da família Instax, a Wide 400, concebida para captar momentos especiais com a família e amigos. O formato de maiores dimensões é uma estreia e há um temporizador para que ninguém fique de fora das fotos.

A Instax Wide 400 quer apelar aos utilizadores com um modo de utilização simples e com a possibilidade de imprimir os seus momentos fotográficos favoritos na hora. Por fora, a qualidade de construção deixa a desejar e, quando a manuseamos, sentimos que é constituída maioritariamente por plástico de baixa resistência. Por outro lado, a ergonomia é uma categoria onde marca pontos, permitindo um bom ajuste ao punho apesar das grandes dimensões. Além de ser volumosa também é pesada. Sem as pilhas AA e as películas na traseira pesa 616 gramas. 

Qualidade das fotografias

A qualidade das fotografias não é a mais impressionante, sobretudo em ambientes com pouca luminosidade. Tirámos várias fotografias dentro de casa, com um bom nível de iluminação artificial, e, mesmo assim, ficaram escuras. A qualidade melhora em cenários com luz natural, em particular, se o foco estiver em pessoas.

Quando fotografámos paisagens, as cores ganham um aspeto pouco natural. Mas, a verdade é que, por este preço, é difícil pedir muito mais e, para a experiência que a Instax Wide 400 proporciona, as fotografias satisfazem a maioria das expetativas. A objetiva da câmara permite escolher entre dois modos: um para fotos a distâncias mais próximas (90 cm – 3 m) e um outro para distâncias mais afastadas (a partir dos 3 m). Apreciamos o primeiro, que nos dá fotos mais nítidas e com cores que se aproximam da realidade.

Clique nas imagens para ver a Instax Wide 400 com mais detalhe

Uma das novidades que a Fujifilm introduziu nesta câmara é o temporizador manual, que agiliza as fotos de grupo, sobretudo aquelas em que todos querem aparecer. O processo de ativação do temporizador é simples, sendo possível definir diferentes intervalos temporais que vão dos 4 aos 10 segundos. Depois de definirmos o tempo, basta clicar no botão de disparo e sorrir.

Durante a contagem decrescente surgem pequenas luzes em torno do botão do temporizador para que tenhamos a noção de quando a câmara irá ‘disparar’. A marca aposta ainda no flash e no controlo de exposição automáticos, mas não permite qualquer tipo de personalização.

Aplicação para digitalizar as fotografias

A aplicação Instax UP!, disponível para Android e iOS, permite digitalizar as fotografias captadas, para que cada memória fique guardada no smartphone, sendo também possível criar álbuns digitais. Mas não ficámos totalmente convencidos com a app. As fotos ficam desfocadas com frequência após a digitalização, o que nos levou a repetir o mesmo processo várias vezes. A app tem uma opção concebida para corrigir este tipo de problema, contudo, não verificámos resultados práticos.

O processo de troca das recargas é muito simples e demora apenas alguns segundos. Durante os nossos testes notámos que a revelação das fotografias leva cerca de dois minutos. O preço de cada fotografia acaba por ser mais elevado do que, por exemplo, no modelo Mini, mas temos de ter em conta que a dimensão de cada foto é consideravelmente maior. A Fujifilm vende um pack de 20 películas a 19,99 euros, ficando a sensivelmente um euro cada. Um valor em linha com o que tem vindo a ser praticado pela marca.

Tome Nota
Instax Wide 400 – €149,99
instax.pt

Fotografia Bom
Ergonomia Muito Bom
Construção Satisfatório
Velocidade de revelação Bom

Características Controlo de exposição automático (ISO 800) ○ Alimentação: 2x pilhas AA ○ Tamanho de fotografia: 62×99 mm ○ Tempo de revelação: 2 minutos ○ Peso: 616 gramas ○ Dimensões: 162 mm × 98 mm × 123 mm 

Desempenho: 3,5
Características: 3,5
Qualidade/preço: 4

Global: 3,7

Seja a tricotar, pintar ou a fazer peças em cerâmica. Não é segredo para ninguém que a prática de trabalhos manuais – ou qualquer passatempo ou hobby – ajuda a relaxar e contribuem para uma boa saúde mental. Agora, um novo estudo científico, realizado por um grupo de investigadores da Universidade Anglia Ruskin, no Reino Unido, confirmou este facto ao revelar que a realização de atividades manuais – desde o origami ao macramé, passando pela carpintaria – têm um impacto positivo na saúde mental, comparável ao efeito de ter um emprego. Segundo o estudo, a prática de atividades que permitam explorar a criatividade são muito benéficas, uma vez que permitem aumentar “a sensação de que vale a pena viver, assim como a felicidade e a satisfação com a vida”.

“De facto, o impacto do artesanato foi maior do que o impacto de estar empregado. O artesanato não só nos dá uma sensação de realização, como também é uma forma significativa de auto-expressão, o que nem sempre é o caso do emprego”, referiu Helen Keyes, autora do estudo, num comunicado da Universidade.

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Para o estudo foram analisadas respostas de uma amostra com mais de sete mil pessoas – com mais de 16 anos de idade – no âmbito de um inquérito denominado “Taking Part”, realizado pelo Ministério da Cultura, dos Media e do Desporto do Reino Unido. Para o questionário – que teve por objetivo analisar o impacto de atividades como a costura ou a pintura – foi pedido a cada participante que classificassem – numa escala de um a dez – sensações de felicidade, ansiedade e satisfação com a vida bem como a sua opinião sobre se a vida valeria a pena. Os resultados do estudo foram publicados na revista Frontiers in Public Health.  

Segundo as suas conclusões, 37,4% da amostra estudada referiu já ter participado em pelo menos uma atividade criativa nos últimos doze meses e, assim, sentirem-se mais satisfeitos com a vida. De acordo com os investigadores, o aumento desta sensação foi tão significativo como o facto de possuírem uma atividade profissional. “O envolvimento nestas atividades está associado a uma maior sensação de que a vida vale a pena, a uma maior satisfação com a vida e à felicidade. Os efeitos de bem-estar estavam presentes mesmo depois de termos tido em conta fatores como a situação profissional e o nível de privação”, explicitou Keyes.

A investigadora referiu ainda que os resultados mostram também o peso que significa para as pessoas não terem um trabalho ou de não possuírem uma profissão que considerem gratificante. “Esta foi, provavelmente, a nossa descoberta mais interessante, porque certamente pensamos que temos muito do nosso valor por causa de um emprego”, explicou.

O grupo de investigadores avaliou ainda que, quando praticados a preços acessíveis, os trabalhos manuais podem revelar-se um instrumento importante para melhorar a saúde em geral. Embora os trabalhos manuais sejam utilizados há muito tempo para ajudar a saúde mental, os especialistas afirmam que a maior parte da investigação analisou o seu efeito em doentes e não na população em geral, e tende a analisar atividades específicas. “Se fossemos um serviço nacional de saúde, ou um governo, ver um aumento de 2% no bem-estar geral da nossa população seria realmente significativo a nível nacional”, defendeu.

Um dos traços mais distintivos da vida nas sociedades modernas é a onipresença das organizações. Desde que nascemos até que morremos, a nossa vida é moldada e condicionada pelas organizações: dos hospitais às creches, às escolas, às empresas, às associações, às entidades estatais, aos diferentes sectores de actividade, com ou sem fins lucrativos, vivemos, sempre, na esfera da realidade organizacional. Enquanto estudantes, enquanto profissionais, enquanto clientes ou utentes, a forma como estão estruturadas as organizações e os valores que nelas vigoram, impactam profundamente as nossas vidas.

Por isso, quando se fala de valores fundamentais como o humanismo ou a felicidade, se não cuidarmos da forma como esses valores estão, ou não, postos em prática nas organizações, corremos o sério risco de se tornarem palavras ocas. Não há humanismo nem felicidade na sociedade se não houver humanismo ou felicidade nas organizações.

Não basta um país ser subscritor de Carta Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, e até transpor certos princípios humanistas para as suas leis se, depois, as práticas organizacionais forem contrárias a esses valores. O mesmo vale para a felicidade. É inútil um país apregoar que busca a felicidade dos seus cidadãos se, depois, as organizações forem locais de sofrimento.

Significa isto que a densificação e a concretização do humanismo e da felicidade tem que passar pela transformação das organizações para que reconheçam esses valores como parte integrante das suas funções. O que não é óbvio nem automático. As organizações do sector lucrativo estão sempre orientadas para a perseguição do lucro. As do sector não lucrativo, para outros fins, nomeadamente de serviço aos clientes/utentes. Em ambos os casos, nem o humanismo nem a felicidade surgem como prioridades. Muitos argumentarão que não são prioridades directas mas que são consequências indirectas do bom funcionamento dessas organizações. Só que não é assim tão simples. Há empresas muito lucrativas que não praticam nem o humanismo nem a felicidade (com os seus colaboradores e com os seus clientes) e organizações do sector não lucrativo que, mesmo quando prestam bons serviços, podem alijar o humanismo e felicidade de muitos dos seus stakeholders, nomeadamente dos seus colaboradores. Outro exemplo: uma escola que pressione as crianças para os resultados nos exames, à custa da sua saúde mental por falta de descanso, lazer e excesso de stress, numa lógica produtivista desrespeitadora do humanismo e da felicidade (como sucede em muitos países asiáticos) mina as possibilidades do humanismo e da felicidade na sociedade.

Na União Europeia, a implantação da obrigatoriedade da prestação de contas ESG por parte de muitas organizações, vai na direção correcta. Reconhece que, às organizações, não deve ser apenas exigida saúde financeira, mas também saúde ambiental, social e de governação.Em organizações vitais como hospitais e escolas, não devemos exigir apenas que se curem os pacientes ou que se ensinem os conteúdos programáticos aos estudantes, devemos exigir que se cuide humanamente dos pacientes, promovendo a sua felicidade, e que floresçam humanamente e em felicidade os estudantes. Em todos os locais de trabalho, ao mesmo tempo que se exige o cumprimento zeloso das obrigações organizacionais, deve-se nunca desrespeitar o humanismo e sempre promover a felicidade laboral.

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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

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