A Conferência Internacional de Exploração do Espaço Profundo decorreu na província de Anhui, na China, e foi o palco escolhido pelo país asiático para apresentar as duas fases do projeto que visa a construção da ILRS (de International Lunar Research Station). O plano original tinha sido apresentado em 2021, em conjunto pela China e pela Rússia, e na época visava a construção de uma base robótica através do lançamento de cinco foguetões superpesados entre 2030 e 2035.

Agora, a China parece ter assumido as rédeas da iniciativa e detalha que este desenvolvimento se vai fazer em duas fases, com a primeira a terminar em 2035 e a segunda em 2050. Wu Yunhua, responsável pelo projeto, explicou aos jornalistas que o modelo completo vai ser “uma rede lunar abrangente que usa a estação orbital lunar como um núcleo central e a estação do polo sul como uma base primária, e irá incluir pontos de exploração no equador lunar e no lado mais distante da Lua”, cita o Space.com.

No que toca a necessidades energéticas, a China pretende usar geradores nucleares, energia solar e radioisotopos. O projeto visa ainda comunicações rápidas à superfície da Lua, também entre o astro e a Terra, assim como veículos para serem usados na Lua, caso de um meio de transporte não tripulado de longo alcance e vários outros pressurizados e não pressurizados.

Palavras-chave:

O VOLT – Energia para mudar é um podcast associado do Campeonato de Portugal de Novas Energias – PRIO, no qual se mostra e discute bons exemplos de transição energética.

Neste episódio falámos com Américo Oliveira, Fleet Manager da Galliker (antiga Velltrans), sobre a redução da pegada ecológica associada à área da logística. Nomeadamente, em que estado está a eletrificação deste setor e se podemos sonhar com transportes pesados livres de emissões.

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Todos os verões falamos sobre o nível de água das barragens. Se chega para dar de beber aos animais de pecuária, como o gado… Se é este ano em que teremos de racionar água para usos essenciais (e proibir lavagem de carros e de ruas, rega usando água potável, etc…). Questionamos as origens de tal acontecimento, se é devido às culturas de irrigação intensiva, ou excesso de turismo e uso de água per cápita, menor precipitação annual… Uns anos permitem mantermos a cabeça fora de água enquanto noutros tomamos medidas drásticas e temos tanques de bombeiros a transportarem água para zonas de maior necessidade. E cada vez que temos anos consecutivos de seca começam as vontades de começar a negociar a escassez das àguas transnacionais entre Portugal e Espanha, mas também entre regiões e municípios.

A questão é que a água é um elemento dinâmico, sempre movendo-se de um estado para outro (sólido, líquido, gasoso), armazenando-se nos oceanos, nas calotes polares, nos rios, nos aquíferos, nas nuvens, etc… No entanto, esta é apenas a água azul, branca e transparente. Sim, a água tem muitas outras cores. É vermelha quando circula na maioria dos animais. Quando no solo, é castanha, barrenta, irrigando os microorganismos do solo e as raízes da flora que cresce à superfície da terra. É verde quando está armazenada na flora aérea (ramos e folhas), permitindo servir de transporte entre a àgua subterrânea e a atmosfera, por vezes promovendo uma maior precipitação local, devido a esse aumento de humidade, associado a uma maior percentagem de partículas de nucleação de humidade (como o pólen e esporos de fundos) que permitem com que as gotas de água se formem e ocorra precipitação. “Sim, as florestas promovem chuva.”

É verdade que os mais recentes cenários climáticos para a zona sul de Portugal indica que poderemos ter perdas de mais de 7% por década de precipitação até ao final deste século. A concretização de tal cenário terá um resultado desastroso, levando a que grande parte dos ecossistemas que conhecemos, como o montado e sistemas agrosilvopastoris, na diversidade e produtividade que conhecemos, não terão condições de sobrevivência e muito menos de desenvolvimento.

Em 2024, e nos anos vindouros, podemos tomar uma de três medidas:

1) Aceitar o que os cenários nos indicam e iniciar uma adaptação às alterações climáticas que promovem a substituição atempada e adequada para espécies adaptadas (ex, como os figos-da-índia) a um clima semiárido daqui a poucas décadas, e das quais podemos ter algum benefício socioecológico e económico (permitindo a permanência de comunidades humanas nesses territórios mas que vai reduzindo ao longo das próximas décadas);

2) Abandonaremos gradualmente esses lugares que se tornaram propícios ao instalar de painéis fotovoltaicos e geradores eólicos face à mortalidade e morbilidade da floresta autóctone, assim como das monoculturas de pinheiro, eucalipto e outras de rega mais intensiva, como é o caso dos abacateiros. (E lembro que continuam a ocorrer cortes ilegais de árvores autóctones protegidas como o sobreiro, para que alguns destes projetos acima mencionados sejam actualmente implementados. Ou seja, quanto mais necessitamos que estes seres vivos estejam saudáveis e as suas florestas se tornem viveiros reais para uma reflorestação em massa, mais vulneráveis estes sistemas estão na luta contra a transição energética “verde”.);

3) Aceitamos os cenários pelo que são e alteramos as suas premissas, considerando que o ser humano, as organizações e as políticas internacionais, nacionais e locais têm uma capacidade suficiente ou mesmo elevada de promover e sustentar uma forte reflorestação de floresta autóctone (exemplo: projetos rewilding e agroflorestais) e forte produção de solo (através de processos de compostagem), favorecendo florestas maduras daqui a poucas décadas, se bem geridas. Uma das florestas que tive o privilégio de conhecer é a floresta privada do Vale das Amoreiras, promovida pela Rewilding Sudoeste, em Aljezur. São 53 hectares, dos quais mais de 10 são uma floresta densa, alta, madura e cujo meu ser sentiu uma presença maior, um ecossistema saudável e vibrante (em pleno verão). A associação Rewild Sudoeste defende que renaturalizar “não significa plantar” árvores, mas sim “permitir que a natureza siga o seu curso” e ajudar na sua conservação, quer seja eliminando espécies exóticas ou criando condições para que as autóctones “possam crescer e sobreviver.”

Esta opção pode ser fortemente apoiada pela recente Lei do Restauro da Natureza, já aceite por Portugal. Esta lei tem como objetivo a adoção de medidas para restaurar, pelo menos, 20% das zonas terrestres e marítimas da UE até 2030 e todos os ecossistemas que necessitem de restauração até 2050.

Se vários destes projetos restaurativos ocorressem na grande parte do Alentejo e Algarve, tenho a percepção, ancorada em estudos científicos, que a precipitação desta região não ia reduzir e poderia até aumentar a partir do momento que as florestas conseguissem promover uma evapotranspiração significativa, o que poderá levar 20 a 30 anos. E por isso não temos tempo a perder, pois estas espécies necessitam dos níveis de precipitação atuais e em redução dos próximos anos, para se estabelecerem.

Tal convicção e concretização na prática é vivida pela Herdade do Freixo do Meio, que em colaboração com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (centro cE3c) e a 2adapt (também conhecida pela promoção do Guia Mini Florestas para Mega Aprendizagens) tem investigado formas de regular localmente o ciclo da água promovendo as condições para aumentar a precipitação local (exemplo do projeto OnePlanet4all).

A um nível regional, e em conversa com a Marta Cortegano, coordenadora de projetos na ESDIME e da Terra Sintrópica, partilhou que tem projetos passados e a decorrer que têm conseguido criar comunidades regionais de prática (intermunicipais) de agricultores, produtores de madeira, industria, instituições administrativas, entre outras por forma a caminhar para a regeneração dos territórios, das produções, das comunidades e das economias locais. A área de abrangência destes projetos vão de Odemira a Mértola e alguns territórios adjacentes, face à curiosidade do que estes projetos e equipas conseguem criar. E sim, uma estrutura florestal mais saudável e densa, e solos mais altos e com mais matéria orgânica, são as principais estruturas que regulam o ciclo da água ao nível regional.

Esta terceira opção é algo que não se encontrar no mesmo paradigma das duas opções anteriores. Esta opção atua de um nível de pensamento de sistema vivo, que funciona com o todo dinâmico e, tal como a vida, promove abundância, e não num paradigma mecânico, linear, fragmentado e que funciona em escassez. O pensamento em sistemas vivos compreende que o sistema planetário e regional está vivo e é através de ações em pontos nodais que podemos alterar a dinâmica em que o sistema se encontra. Nós não precisamos de melhores respostas e soluções… precisamos de melhores perguntas, que nos fazem expandir o nível de consciência.

Por exemplo, há 15 anos, num seminário em que participei na EDIA, fiz o seguinte comentário e porterior pergunta: “Sabendo que cada vez haverá (segundo os cenários climáticos da altura) menos água no alentejo, e que estão a ser promovidas culturas de rega intensiva, a EDIA tornar-se-á uma galinha de ovos de ouro, atendendo que os Espanhóis continuem a deixar passar água e de qualidade (outra questão a resolver no futuro). Mas, o que seria se a EDIA fosse paga pela água que não vendesse? … Silêncio … E depois um “Ah, mas isso é hipotético”… “Sim”, disse eu, o que estou a trazer é outras formas de gestão financeira que promovem outro tipo de comportamentos e se possível uma regeneração ecológica e socioeconómica.” “Vamos tentar explorar esta situação hitotética”. E assim foi. Durante 20 minutos havia muita energia na sala, por forma a garantir que os territórios mantinham água nos solos, carregavam os seus aquíferos e que os agricultores e criadores de gado não necessitassem de recorrer às águas do alqueva. E sim, um bom travão às culturas de rega super-intensiva. Depois desdes 20 minutos, apesar de a energia ser contagiante, houve o encerramento que nos voltou a trazer à “realidade”.

No entanto, apenas a terceira opção permite começar a caminhar o percurso de restaurar os ciclos da água (grandes e pequenos), a seu tempo. Tal irá permitir ter solos com mais água e produtivos, aquíferos cheios dos quais voltam a brotar durante grande aprte do ano nascentes que nutrem rios e ribeiras quase permanentes.

Por outro lado, enraizamos um direito universar que é a soberania de água, pois tudo o que é vivo tem necessidade de acesso à água. Já se escuta no vento que as guerras do futuro serão sobretudo sobre a posse e distribuição de água. Mas porquê chegarmos a um futuro onde a água é escassa quando grande parte do planeta é agua (embora que salgada) e se soubermos compreender como funcionam os ciclos e processos naturais podemos ter a própria natureza e seus ciclos naturais a produzirem a quantidade “suficiente” (baseado no conceito de suficiência) para que possamos viver em harmonia entre nós humanos (regionalmente e internacionalmente) e em estreita relação de interdependência com a restante natureza.

Tal opção nos fará percorrer um caminho fundamental de sermos guardiões dos ciclos da água, assim como seremos missionários da Paz, promovendo que a abundância de água nunca permita que se iniciem guerras por causa da escassez deste elemento essencial à Vida.

Para saber mais:

A reportagem de 2023 do Público sobre a floresta do Vale das Amoreiras conta a estória inspiradora deste projeto , da sua resiliência e da necessidade de expandirmos esta pratica no território Algarvio e Alentejano.

Para saber mais sobre os projetos regenerativos que a ESDIME e a Terra Sintrópica estão a realizar, contactem cada uma das instituições.

Se já teve a oportunidade de assistir, nem que seja na televisão, a uma prova entre ginastas de alta competição, então terá percebido que não se trata apenas de saber executar as acrobacias. É-lhes exigido, também, uma certa graciosidade, no antes, no durante e até no momento mais difícil, quando saltam e caem no tapete. Pois bem, este Lenovo Yoga 9i é isso, mas aplicado ao mundo dos computadores portáteis. Flexibilidade e capacidade acrobática não lhe faltam e, neste modelo em específico, graciosidade também não. 

Lenovo Yoga 9i: Azul profundo

O novo Lenovo Yoga 9i é uma belíssima peça de hardware. Tem em si vários pormenores que, em conjunto, criam uma máquina muito elegante e chamativa. Gostamos do facto de a base do portátil ter não só os cantos, como as próprias laterais arredondadas. E como a base é ligeiramente maior do que a tampa, quando está fechado, dá ao equipamento dois níveis distintos e que criam um efeito diferenciador. Além disso, a Lenovo trabalha bem alguns destes pormenores ao conferir-lhes um acabamento brilhante (como na dobradiça e nas laterais da base), que contrastam com o azul fosco, mas profundo, do restante chassis em alumínio. E por falar em dobradiça, de salientar que este portátil, como o nome deixa antever, é um convertível (o ecrã roda em 360 graus), com a dobradiça a ter-se mostrado ‘no ponto’ – não é forte ao ponto de impedir que a tampa abra e rode de forma fluida, mas é robusta ao ponto de permitir um manuseio preciso e sem que o ecrã sofra abanões enquanto o usamos. 

A Lenovo aposta ainda no seu já característico entalhe na parte superior da tampa, que além de alojar a webcam (de muito boa qualidade, com imagens bastante nítidas e cortina de privacidade), facilita na movimentação do ecrã, sobretudo quando o portátil está fechado. Ah, já salientamos que o tom azul escuro dá-lhe um apelo muito próprio?

Lenovo Yoga 9i

Tem, no entanto, um problema notório. O acabamento usado ‘agarra’ as manchas dos nossos dedos de forma alarmante. Ou seja, convém ter um pano por perto, caso contrário terá um portátil todo ‘fancy’, mas altamente manchado. 

Sim, talvez tenhamos a pele um pouco gordurosa… Mas como nós, muitos, e o Lenovo Yoga 9i fica num estado ‘desagradável’

E a boa aposta na qualidade de construção faz-se sentir, por outro lado, no peso. Não sendo um portátil superpesado, admitimos que acabamos por senti-lo mais na mão do que esperaríamos para este tamanho e perfil.

Polegadas de realismo

A qualidade de imagem deste ecrã é… de loucos. Talvez até exagerada para o tamanho de painel (14”) que temos à nossa frente. Mas hey, que os conteúdos ficam todos incrivelmente nítidos, lá isso ficam. A resolução é elevadíssima, o que significa que vídeos, jogos, imagens e textos têm uma definição assinalável (com os conteúdos certos, importa salientar). Mas a Lenovo não ficou só pela resolução 4K num portátil. Dá-nos também um ecrã OLED e tudo o que estes têm de bom: profundidade muito boa dos tons pretos, contrastes vincados, cores saturadas e, no geral, uma experiência de visualização excelente. 

Lenovo Yoga 9i

Seria de esperar que com um ecrã destes (que é sensível ao toque) não viessem críticas, mas já sabem como somos… Por um lado, o ecrã é muito reflexivo (uma opção que compreendemos, para manter a nitidez o mais apurada possível, pois os painéis baços esbatem um pouco os contornos dos conteúdos). Isto é mitigado com o bom nível de brilho máximo que o painel atinge, mas nunca nos livramos por completo do nosso próprio reflexo. E é com pena que vemos que este ecrã só entrega uma taxa de atualização de 60 Hz. Mais uma vez, compreendemos a opção, pois tornar-se-ia muito exigente ‘puxar’ tantos píxeis numa taxa de atualização superior, mas daí que talvez fosse preferível ter uma resolução um pouco mais baixa (3K) e uma taxa de atualização superior, já que esse elemento seria importante naquilo que é outra característica distintiva deste portátil, a capacidade de converter-se e de vir com um estilete para desenho.

Modo Picasso

A Lenovo inclui, na caixa do Yoga 9i, um estilete. O que, para nós, faz todo o sentido, pois estimula-nos a tirar partido da versatilidade de posições do computador sem investimentos extra. E o desempenho conseguido foi bastante convincente. A resposta do desenho aos nossos movimentos é praticamente instantânea (ainda que este seria um daqueles casos nos quais ter um ecrã de 120 Hz seria mais vantajoso) e o estilete é capaz de identificar diferentes níveis de pressão, assim como uma utilização inclinada. Ou seja, dá-nos uma utilização muito precisa e versátil. Apesar do bom desempenho, admitimos que não ficamos fãs do formato achatado do estilete, que o torna mais difícil de segurar na mão. Por outro lado, torna-o mais fácil de fixar ao computador, na tampa, através de um sistema magnético forte.

Lenovo Yoga 9i

Referência também para o desempenho sonoro muito convincente, com quatro saídas de som (duas das quais integradas na dobradiça) a garantirem uma boa amplitude e detalhe ao áudio, ainda que os graves, no entanto, sejam modestos.

Lenovo Yoga 9i: Pé no acelerador

Este é um dos mais completos, senão mesmo o mais completo, portátil que já nos passou pelas mãos para tarefas de produtividade. Além do contributo da ergonomia e do ecrã para este fator, também o desempenho é muito bom para navegação web, edição de documentos, streaming de conteúdos, videoconferência e outras tarefas que envolvam, acima de tudo, o processamento ‘puro’. O chip Intel Core Ultra 7 entrega resultados de benchmark muito competentes e, de facto, durante a nossa utilização no dia-a-dia, sentimos que esta máquina tem uma performance sólida e sem momentos de ‘entrave’. E à medida que fomos acumulando aplicações e separadores no browser abertos, não perdemos ‘gás’ graças à muito generosa memória RAM de 32 GB.

Já do ponto de vista gráfico, a Intel Arc integrada é meramente satisfatória no desempenho em jogos, mas consegue ser superior aos gráficos integrados das Iris Xe que estamos mais habituados a ver noutras máquinas do género. Por exemplo, conseguimos jogar Ghost of Tsushima (em Full HD, gráficos em Alta), mas de forma pouco fluida. Num computador deste perfil também não esperávamos loucuras em termos de jogos, pelo que acabamos por ficar positivamente surpreendidos com a experiência jogada e com os números que obtivémos nos testes de desempenho.

Outro elemento importante ao nível da produtividade é o teclado e a Lenovo voltou a não desiludir. Integrou mais um teclado de elevada qualidade neste portátil, que nos dá uma distância de viagem ‘palpável’ para um feedback pronunciado, ao mesmo tempo que permite uma escrita rápida, confortável, num teclado bem distribuído na base. 

Talvez o elemento que menos cumpriu as expectativas no Lenovo Yoga 9i foi a autonomia. Conseguimos perto de oito horas de utilização no nosso benchmark (modo equilibrado), mas no modo desempenho e numa utilização real conseguimos menos (por exemplo, uma videochamada de três horas foi suficiente para esgotar quase toda a autonomia). É um valor que, por exemplo, acaba por colocar em evidência os portáteis Copilot+ (baseados em chips ARM), que combinam muito boa performance de produtividade e elevada autonomia (na casa das 14 horas). Dito isto, consideramos que o resultado entre performance e consumo energético deste Lenovo é equilibrado e suficiente para enfrentar a maioria das necessidades dos utilizadores. 

De destacar a inclusão de uma linha de teclas dedicadas, à direita, para aquelas que são funcionalidades diferenciadoras do portátil. Temos uma tecla de reconhecimento de impressão digital, rápida a identificar o utilizador, para maior segurança, e muito conveniente na nossa opinião. Há uma tecla que ativa o modo de leitura noturna no ecrã. E uma outra que altera o modo de desempenho e do sistema de dissipação. Há até uma tecla que podemos personalizar para abrir a nossa aplicação ou site favorito num ápice. Gostamos!

‘Nós tratamos disso por si’

Como é habitual nos ultraportáteis, a espessura reduzida significa muitas vezes uma poupança no número e tipologia de portas multimédia. Quanto ao número, consideramos que as deste Lenovo são positivas, pois temos três portas USB-C (cada vez mais usadas) e uma USB-A. O que significa que deixa a desejar é do ponto de vista da versatilidade. Mas a Lenovo responde ao próprio problema que criou (e quem nos dera que mais marcas tivessem esta consciência), ao incluir na caixa um acessório que inclui ligação HDMI, VGA (sim, leu bem) e mais uma porta USB-A. E por falar em acessórios incluídos, além do estilete e do dongle já mencionados, conte ainda com um rato de oferta. Mimos, quem não gosta de os receber?

Já do lado negativo, temos a sublinhar o facto de o sistema de dissipação ter algumas dificuldades em cargas de trabalho mais exigentes, com a parte superior da base do portátil a atingir temperaturas desconfortáveis ao toque e com o ar a ser expelido diretamente para o ecrã, o que a longo prazo nos levanta algumas reservas.

Mas, todas as contas feitas, é difícil não ficar embeiçado por este portátil. É bonito, é capaz, é versátil e é diferente. É verdade que pelo mesmo valor consegue portáteis com muito mais desempenho, sobretudo na componente gráfica. Mas se essa parte não lhe diz muito e quer um computador que continuará a ser um topo de gama por muitos e bons anos, então esta pode muito bem ser a máquina pela qual tem procurado.

Tome Nota
Lenovo Yoga 9i 14IMH9 €2109,01
lenovo.com/pt

Benchmarks PCMark 10 Extended: 6602 • Essenciais 11526 • Produtividade 9364 • Criação Conteúdo Digital 8215 • Jogos 5793 • Time Spy 2612 • Time Spy Extreme 1276 • Wild Life 16281 • Wild Life Exreme 4865 • Fire Strike 5429 • Fire Strike Extreme 2930 • Fire Strike Ultra 1578 • Night Raid 17981 • Solar Bay 10147 • Cinebench R23: CPU Single 1771 • CPU Multi 8518 • Cinebench 2024: CPU Single 100 • CPU Multi 375 • Geekbench 6 Single/Multi 2425/11980 • GPU 30209 • Final Fantasy XV (FHD, Standard) 3196 • Final Fantasy XV (4K, High) 1263 • Autonomia (PCMark 10 Modern Office, Modo equilibrado) 7h43m

Ecrã Excelente
Produtividade Muito bom
Jogos Satisfatório
Conetividade Bom

Características Ecrã OLED 14”, 3840×2400 p, 60 Hz, 400 nits (máx.) • Proc. Intel Core Ultra 7 155H, GPU Intel Arc • 32 GB RAM LPDDR5X, 1 TB SSD (PCIE Gen 4) • Wi-Fi 6E, BT 5.1 • 2xUSB-C (Thunderbolt 4), 1xUSB-C (3.2), 1x USB-A (3.2), áudio 3,5 mm (+ HDMI, VGA e USB-A com o dongle) • Videoconferência: webcam 5 MP, 2x microfones, 4x 2W (som) • Bateria: 75 Wh • 16x220x15,9 mm • 1,3 kg

Desempenho: 4
Características: 4,5
Qualidade/preço: 4

Global: 4,2

Incentivar a sustentabilidade é, pois, o caminho a seguir e foi a identificação dessa necessidade que levou a ConsumerChoice a criar o selo “Escolha Sustentável”, como dá conta o CEO, José Borralho.

Como surge a “Escolha Sustentável”?

A “Escolha Sustentável” surgiu da crescente necessidade de promover práticas empresariais responsáveis e reconhecer empresas que se destacam na implementação de ações sustentáveis.

Fala-se muito em sustentabilidade, de uma forma geral associada ao ambiente, mas a sustentabilidade vai mais longe e também abrange as áreas sociais e económicas. Por outro lado, os sistemas de certificação existentes não são do conhecimento do consumidor e nem estes se reveem neles. Com consumidores cada vez mais conscientes do impacto ambiental, económico e social das suas escolhas, a criação de um sistema que valorize e incentive a sustentabilidade tornou-se essencial.

Com a “Escolha Sustentável”, conseguimos, através da avaliação de produtos, serviços e medidas na área social, económica e ambiental, envolver especialistas e consumidores, destacando as empresas que se comprometem com a sustentabilidade e estão a desenvolver esforços, por vezes não reconhecidos publicamente, incentivando outras a seguir o mesmo caminho. Queremos ser um facilitador da identificação de marcas que fazem a diferença em termos ambientais, sociais e económicos, ajudando os consumidores a tomar decisões informadas e responsáveis.

Qual a importância de um sistema de qualificação neste domínio?

Um sistema de qualificação em sustentabilidade é crucial por várias razões. Primeiro, porque estabelece padrões claros e objetivos que as empresas devem cumprir para serem reconhecidas como sustentáveis. Isso não apenas as incentiva a adotarem práticas melhores, mas também ajuda os consumidores a fazerem escolhas informadas. Além disso, um sistema de qualificação promove a transparência, permitindo que os stakeholders, investidores e consumidores confiem nas alegações de sustentabilidade das empresas. Pode e deve, também, incentivar a competição saudável entre empresas, levando a inovações e melhorias contínuas em práticas sustentáveis.

Que atributos e práticas são valorizados?

Na “Escolha Sustentável”, valorizamos uma série de atributos e práticas relacionadas com a sustentabilidade do produto, serviço ou medida apresentada, nomeadamente critérios gerais como a credibilidade da solução (ex. not greenwashing), certificações, potencial de reprodução/inspiração/benchmarking, a inovação sustentável (impacto no meio ambiente ou social), boas práticas de gestão (ex. certificações, compromissos), avanços tecnológicos (departamento de I&D, high tech), e depois critérios específicos que podem passar pela arquitetura do produto/serviço ao nível do design, da sua função, embalagem, informação, pelo grau de inovação e sustentabilidade, impacto na comunidade, investimentos, e cumprimentos de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Queremos assegurar que as práticas de sustentabilidade e responsabilidade são genuínas e eficazes.

josé borralho, ceo consumerchoice

A nossa preocupação está sempre na aplicação de metodologias rigorosas e suficientemente abrangentes que nos permitam validar as boas práticas das empresas. No caso da “Escolha Sustentável”, o processo inclui auditoria detalhada e revisão de documentação, bem como análise por experts em termos da análise de indicadores-chave de desempenho e depois análise de perceção pelos consumidores. Queremos assegurar que as práticas de sustentabilidade e responsabilidade são genuínas e eficazes. O nosso objetivo é garantir que as empresas reconhecidas não apenas cumprem os requisitos legais, mas também excedem as expectativas em termos de impacto social, económico ou ambiental.

Como se conciliam as faces da sustentabilidade? Pesam o mesmo?

Conciliar as diferentes faces da sustentabilidade – ambiental, social e de governança (ESG) – é fundamental para uma abordagem holística. Embora as três sejam essenciais, o peso de cada uma pode variar dependendo do contexto específico da empresa e do setor em que atua. No entanto, no sistema “Escolha Sustentável”, procuramos equilibrar esses elementos, pelo que uma empresa precisa demonstrar um desempenho robusto em todas as áreas para ser reconhecida. Isso assegura que as práticas sustentáveis não sejam apenas superficiais, mas integradas em todas as operações.


A caminho do selo 

A primeira edição da iniciativa “Escolha Sustentável” distinguiu 11 empresas que operam em Portugal, que ostentam, assim, o selo durante o ano de 2024. Com a segunda edição no horizonte, importa saber que: 

  • Podem candidatar-se todas as empresas no mercado nacional, independentemente do setor, da dimensão e da antiguidade; 
  • As candidaturas devem incluir documentação detalhada sobre as práticas e políticas sustentáveis
  • Uma equipa de especialistas realiza uma primeira análise para verificar se a candidatura respeita os critérios básicos; 
  • Segue-se a avaliação por consultores externos independentes, com base no respetivo conhecimento e na informação transmitida pelas marcas; 
  • Finalmente, um painel de 100 consumidores foca-se no impacto reconhecido da sustentabilidade do produto, serviço ou medida candidatos; 
  • São “Escolha Sustentável” os produtos, serviços ou medidas que obtenham uma nota superior a 70%, obtida a partir da ponderação da avaliação dos especialistas (60%) e dos consumidores (40%). 

Que sinais dá ao mercado uma empresa com este selo?

Há vários sinais importantes a destacar. Começando logo pela confiança e credibilidade, garantindo que a empresa adere a práticas sustentáveis rigorosas, aumentando a confiança entre consumidores e stakeholders; depois destaca a empresa como líder em sustentabilidade, incentivando outras a seguirem o seu exemplo; e indica que a empresa está comprometida com práticas que podem gerar valor a longo prazo, atraindo investidores que procuram sustentabilidade. Podemos ainda considerar que mostra que a empresa se preocupa com o impacto social das suas operações, promovendo uma imagem positiva e ética.

O mercado e os consumidores valorizam as escolhas sustentáveis das empresas?

Sim, o mercado valoriza cada vez mais as escolhas sustentáveis das empresas. Há diversos estudos que mostram que os consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços de empresas que demonstram um compromisso genuíno com a sustentabilidade.

No que toca aos investidores, estes estão cada vez mais interessados em empresas que priorizam critérios ESG, vendo-as como menos arriscadas e mais preparadas para o futuro.

josé borralho, ceo consumerchoice

Há quem refira a questão do preço como condicionante na decisão de compra de soluções sustentáveis, mas começa a ser muito óbvio a disponibilidade de serviços e medidas que não comportam acréscimo de preço, porque a maioria das empresas que os promovem assume parte integrante do custo ou recorre a tecnologia que torna o eventual acréscimo de preço inexistente. Estaremos, portanto, em alguns casos, perante uma situação de mera perceção errada do preço.

Além disto e no que toca aos investidores, estes estão cada vez mais interessados em empresas que priorizam critérios ESG, vendo-as como menos arriscadas e mais preparadas para o futuro. Esse aumento na procura pela sustentabilidade está a levar empresas de todos os setores a repensar as suas práticas e a adotar abordagens mais responsáveis e transparentes.

A sua marca ou empresa está a fazer a diferença na área da sustentabilidade? Saiba como participar no “Escolha Sustentável, o primeiro sistema de qualificação público em sustentabilidade.

Ao escrevê-lo, arrisco-me a que me considerem velha rezingona, mas, ainda assim, sujeito-me: tenho para mim que um dos motivos pelos quais as pessoas – os leitores, os telespectadores, os ouvintes – têm vindo a afastar-se dos órgãos de informação tradicionais, privilegiando outras plataformas, também decorre do facto de aqueles se terem tornado bastante previsíveis. Como é evidente, arrisco-me a que a crítica caia (muito legitimamente) direitinha em cima da minha cabeça, enquanto jornalista e responsável editorial da VISÃO. Cá estou e cá estarei, para assumir os erros – continuar a tentar, falhar de novo e, como dizia Beckett, falhar melhor.

Chegámos, pois, àquela altura do ano em que, sem surpresa, a Educação volta a fazer manchetes de jornais e a abrir telejornais. Como os últimos anos têm provado sobremaneira, o tema interessa verdadeiramente a muito poucos. Interessam as carreiras profissionais, a reposição do tempo de serviço, os sindicatos dos professores e do pessoal auxiliar, as greves e as manifestações, os computadores e a internet das escolas, os manuais e os exames em papel ou digitais. Interessam também, nos últimos tempos, as colocações e a falta de professores. Que não existem em Portugal e, de um modo geral, em lado nenhum, diga-se de passagem… O relatório da OCDE Education at a Glance, tornado público esta semana, indica que 18 dos 21 países que disponibilizam dados sobre o tema revelam não ter conseguido recrutar docentes para preencher todas as vagas. (No mínimo, Luís Montenegro foi imprudente quando, na última campanha eleitoral, disse tratar-se de falta de planeamento, mas, como diria o outro, isso agora também não interessa nada…)

A esta lista (algo cínica, concedo, mas realista) do que interessa acrescento ainda que a existência de telemóveis no recinto escolar importa q.b. e apenas na medida da dicotomia do “pró ou contra” desse debate estéril entre os malefícios e os benefícios da tecnologia. Enquanto isso, no caso português, a cada ano que passa, acentuam-se as desigualdades entre o ensino público e o ensino privado, com este último a não hesitar na hora de estabelecer regras, impor limites e até proibir o uso do telemóvel durante o tempo letivo às crianças mais novas. 

Perdoe-me, caro leitor, por trazer para aqui o meu caso pessoal. Faço-o na esperança de que o testemunho possa sensibilizar outros pais, dirigentes políticos, cidadãos atentos e preocupados e professores, sobretudo professores. Como encarregada de educação de três alunos, sinto-me sozinha quando falo na importância de recuperar o tempo perdido durante aqueles dois anos letivos em que o encerramento das escolas foi a principal medida de saúde pública para combater a Covid-19. Em que, de ânimo mais ou menos leve, parámos o tempo, fingimos que estava tudo bem e que ia ficar tudo bem. Enquanto isso, os miúdos não iam à escola, faziam como que um intervalo na vida, à espera do dia em que pudessem retomar a normalidade (alguns usufruíram da escola à distância, uma medida bem-intencionada, mas que foi apenas uma forma de remendar a situação).      

Estou a ser simpática e a cingir-me aos anos mais difíceis da pandemia, ao ano letivo de 2019/2020 e ao de 2020/2021. Ouço-me a pregar no deserto quando abordo este assunto entre colegas de profissão, familiares e amigos, pais de amigos dos meus filhos, professores dos meus filhos. Não encontro quem queira saber do impacto que aqueles anos tiveram nos mais novos e a verdade é que não passou uma década, passaram menos de cinco anos! Pouco percebo de patologias do foro psicológico, mas intuo que andaremos perto do “é melhor não falar”, “mexer no assunto só vai piorar a situação”.   

Também não estou insatisfeita com a escola dos meus filhos, é justo que se diga. Nem com os seus resultados, muito menos com os professores que os acompanham. Sei que serão sempre meninos privilegiados (esforço-me, aliás, por lhes recordar isso todos os dias). Mas é justamente por causa disso que me sinto na obrigação de falar por quem não pode falar, de explicar por quem não consegue explicar, até de observar por quem não tem meios nem condições para observar. Os resultados do último PISA já refletem uma tendência geral de queda acentuada, à qual Portugal não é alheio, nas médias de matemática e de leitura. 

O atual ministro da Educação, Fernando Alexandre, tem demonstrado ser um homem sensato, como revela a carta que esta semana enviou aos professores. Já adiantou caminho na reposição do tempo de serviço congelado e no subsídio de deslocação, e prometeu rever o Estatuto da Carreira Docente. É por isso que, aproveitando o incêndio político estar aparentemente em fase de rescaldo, me atrevo a perguntar: professores, vós que tendes a nobre missão de ensinar e de transformar, conseguireis agora pensar sobretudo nos alunos?

Breviário

Turismo sim, Disneylândia não

Conhecíamos o fenómeno da “cidade bloqueada” por causa das corridas, que durante umas horas impedem a circulação e nos obrigam a dar “uma volta a mais”. Tolera-se, a bem da promoção da atividade desportiva. Realidade bem diferente é o que, nos últimos tempos, tem acontecido em Lisboa: do Rock in Rio (agora no Parque Tejo) ao Red Bull Flugtag (que, no fim de semana, ocorreu na Doca da Marinha), têm sido constantes os cortes, as proibições e, sobretudo, a brutal ocupação do espaço público pela “indústria dos eventos”. O ponto não é se queremos ou não ter turismo, é se queremos transformar a cidade num parque de diversões onde ninguém quer viver e, muito menos, passar férias. 

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Palavras-chave:

Não sei se as companhias aéreas dos outros países fazem correr tantos rios de tinta como em Portugal. Também não sou capaz de assegurar se os processos de privatização, nacionalização e ajudas públicas dessas empresas que aconteceram por esse mundo fora levantaram tanta celeuma e tiveram tantas consequências políticas como aqui, mas era capaz de apostar singelo contra dobrado que não.

Não me contando entre aqueles que ganham a vida a gritar que os portugueses são um povo inferior, que não se sabem governar e outras coisas do género, tento perceber as razões por que alguns fenómenos têm uma dimensão especial cá no burgo em vez de resumir tudo ao preguiçoso e idiota “isto só em Portugal” dito com a conhecida pesporrência.

Não se pode olhar para a TAP como uma empresa qualquer. Portugal é, de facto, uma ilha. Tirando a proximidade geográfica com Espanha (e nem toda), todos os outros países com os quais temos importantes relações de vários tipos não têm outra forma de ser alcançados em tempo razoável que não seja através de ligação aérea.

Por outro lado, a nossa História fez com que tenhamos laços profundos com países e comunidades muito distantes de nós. No mesmo sentido, somos um país que tem muita gente emigrada pelos quatro cantos do mundo. E, claro, convém lembrar que o turismo representa 20% do nosso PIB e a TAP transporta cerca de 50% das pessoas que chegam ao nosso país.

Por estas e outras razões, se o termo “empresa estratégica” se pode aplicar a alguma companhia portuguesa é, sem sombra de dúvida, à TAP.

Como sabemos, a discussão sobre a TAP tem sido fundamentalmente sobre se deve ser privada ou pública. Mais do que isso, em poucos anos a empresa já foi pública e privada. Assim, a primeira pergunta é se uma empresa estratégica pode ser privada, ou seja, se uma companhia fundamental para a prossecução do bem comum pode ser gerida sobretudo em função do lucro dos seus acionistas.

Convém acrescentar que qualquer empresa que definamos como estratégica, seja por circunstâncias objetivas (que é o caso da TAP), seja por decisão do poder político – aqui segundo princípios subjetivos –, não tem o lucro como objetivo central. É apenas um meio para outro tipo de desígnios.

Como defensor da privatização da TAP, parto do princípio de que é possível ao Estado conciliar através de instrumentos jurídicos e de regulação os interesses estratégicos nacionais com a saudável procura do lucro pelos acionistas. Porém, sei que o mercado faz milagres, mas se esquece muitas vezes das pessoas e das comunidades.

É que não podemos esquecer-nos de que parte importante dos destinos que são estratégicos para Portugal não é lucrativa. Como também convém lembrar que algumas das privatizações do tempo da Troika foram nacionalizações por parte de outros países. Uma coisa é lidar com empresas privadas, outra, com países como a China.

Claro que a discussão sobre a privatização da TAP tem contornos ideológicos e isso não tem mal nenhum. Aliás, a conversa de que se tem de tirar as convicções ideológicas da disputa política tem feito mais mal do que bem e ajudado muito os diversos populismos. Mais, a privatização feita pelo governo Passos Coelho, foi (esperemos) apenas guiada por considerações ideológicas (ter sido à décima quinta hora cuspindo-se em toda a ética e lealdade política foi um lamentável detalhe).

O problema é quando se mistura ideologia com considerações desonestas quanto ao papel e à dimensão do Estado na nossa economia.

A verdade é que somos dos países europeus com menor peso do Estado na economia. Temos três empresas públicas (com regimes jurídicos diferentes, mas com o Estado a mandar) relevantes: TAP, RTP e CGD. Nós até a rede elétrica nacional temos privada – caso único na Europa.

O problema do relacionamento entre o Estado e as empresas privadas está longe de ser ele a operar como jogador. O Estado prejudica a economia pela sua demasiada interferência legislativa e regulamentar e sobretudo pela ineficiência e a ineficácia dos serviços públicos. A gestão das empresas públicas que funcionam em mercados abertos, ao contrário do que se faz constar, tem as mesmas qualidades e defeitos que as das grandes empresas privadas. Neste caso, o problema está quando empresas públicas deixam de ser empresas para serem agências de interesses partidários ou semelhantes. Não há melhor exemplo do que a CGD sob a égide de Paulo Macedo ou com outras lideranças.

Vamos inevitavelmente voltar à discussão da privatização ou não da TAP. É essencial que a discussão seja honesta e que os cidadãos percebam exatamente os objetivos e o que está em causa. Tiradas demagógicas em que se confunde gastos com investimentos, em que se garante que o mercado resolve tudo ou que a presença do Estado é por definição má dispensam-se. Como não vale a pena insistir que só o Estado garante a melhor prossecução do interesse público em todos os setores e sem ele é a anarquia capitalista ou que a regulação é sempre ineficiente.

A ideologia é um ponto de partida, não uma trincheira. Andamos muito esquecidos disso.

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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Palavras-chave:

As palavras cantadas por Sérgio Godinho voltaram a fazer-se ouvir, repetidamente, este ano, na celebração das cinco décadas do 25 de Abril. E, na minha cabeça, têm ecoado nos últimos dias, enquanto se vai aproximando o início de mais um ano letivo que, sem surpresas, tem sempre caos, muitos números e ainda mais pânico à mistura. Primeiro ponto: já sabíamos que ia haver falta de professores para o início do ano. O cenário repete-se há demasiado tempo, e a falta de respostas estruturais não costuma ser solução para problemas que teimam em se agravar. Tentar fazer parecer que é de agora ou que o cenário está pior do que noutros anos é intelectualmente desonesto. Segundo ponto: não se pode pedir a um Governo que tomou posse há seis meses que resolva o desinvestimento que, nas últimas décadas, foi feito na Educação, por sucessivos executivos. E tentar encontrar culpados nesta altura não ajuda ninguém, bem pelo contrário.

Fernando Alexandre não tem experiência política, mas é um homem da educação. Pelo seu percurso, podemos aferir que não só tem noção da importância desta no contexto de uma sociedade desenvolvida, como tem estado a tentar resolver – se é da melhor forma ou não, não sei. Mas, pelo menos, está a fazer algo. Na semana passada, o movimento Missão Escola Pública dava conta de que faltariam mais de 1 700 professores nas escolas públicas nacionais – a FENPROF falava de 800, uns dias antes. As contas do movimento foram feitas, segundo os responsáveis, tendo por base os horários que estão a integrar o concurso de contratação de escola, após não terem sido atribuídos na primeira Reserva de Recrutamento. O distrito de Lisboa é onde a situação é mais complicada: faltavam 697 professores, na altura. Seguem-se Setúbal, Faro e Beja. Em falta estão especialmente professores de Informática, Português e Matemática. Já esta semana, o ministro da Educação anunciou que o apoio a professores deslocados colocados em escolas onde faltam docentes pode ir até aos €450 – a proposta inicial era de, no máximo, €300. Assim que a criação deste apoio foi anunciada, no final de agosto, muitas vozes se levantaram: porque havia professores injustiçados, porque não era suficiente, porque iria haver professores contra professores…

Outra das críticas que têm sido feitas é o facto de haver docentes sem tempo de serviço a garantir um lugar nas escolas – como se anos de experiência alguma vez evitassem a existência de maus profissionais, ou como se a inexperiência fosse sinónimo de incompetência.

Repito: não sei se estas medidas são boas. Mas sei que são medidas necessárias e concretas para resolver um problema que já não devia existir. Se a alternativa a um professor inexperiente é haver alunos sem aulas, que tenham um inexperiente – há de ganhar experiência! Se a alternativa a um subsídio de deslocação é haver alunos sem aulas, que haja subsídio! Porque um país onde não há educação é um país menos livre, onde a ignorância encontra solo fértil para crescer e para se disseminar, o que, em tempos de ameaça à democracia, é um risco demasiado elevado para corrermos.

Há imensas coisas erradas no nosso país – demasiadas, ainda. E nós estamos todos cansados, e com razões para tal. Mas às vezes é preciso deixarmos o queixume de lado, remetermo-nos a um valioso silêncio e deixarmos trabalhar quem está a tentar resolver um problema que é de todos. Sobretudo se não temos alternativas válidas para apresentar. Que seja o melhor ano letivo possível!

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Cadernos e manuais, lapiseira e canetas de cor, lápis, borracha e afiadeira. Nalguns dias, o compasso; a régua e o esquadro. Noutros ainda, o saco para a educação física. Quem nasceu até meados da década de 1990, não se recorda de ser preciso carregar muitos mais utensílios na mochila a caminho da escola. Apenas, talvez, uma bola de debaixo do braço, para usar naquele futebol caótico que se joga no cimento dos recreios, em que todos maltratam a bola, enquanto gritam “passa, passa, chuta, chuta”.

Hoje, porém, quem passar junto a uma escola à hora do intervalo não vê muito disto. Observa, muitas vezes, apenas silêncio. E grupos de crianças e adolescentes sentados no chão, enfileirados, de costas apoiadas à parede enrugada dos blocos, cabeças curvadas, segurando com as duas mãos um ecrã iluminado, que é mantido à distância de apenas cinco centímetros dos olhos. Ao lado, podem estar as/os melhores amigas/os, mas poucas palavras trocam até a campainha voltar a tocar para a aula seguinte. Se comunicam, por vezes, é porque ainda lhes restam dados móveis para gastar em mensagens tecladas entre si.

As correlações negativas do uso excessivo de telemóveis por crianças e jovens – os adultos, hoje, não são para aqui chamados (mas poderiam sê-lo perfeitamente) – estão devidamente identificadas, provadas e documentadas por especialistas. Não vale a pena enumerar, bastando destacar as consequências para “ferramentas” como a concentração e a atenção; ou às questões associadas ao bullying online.

Ainda há um ano, um grande artigo das jornalistas Joana Loureiro e Sónia Calheiros, que fez capa da VISÃO, alertava para o risco de termos os “nossos” mais novos “Viciados, isolados e deprimidos” por causa da utilização excessiva dos telemóveis. Agora, o Ministério da Educação deu um (primeiro) passo para (tentar) resolver, ou, pelo menos, minimizar, o problema.

Em conferência de imprensa, no final da reunião do Conselho de Ministros, ontem realizado, o ministro Fernando Alexandre anunciou que o Governo vai recomendar às escolas a proibição da entrada de telemóveis nas escolas para os alunos do 1.º e 2.º ciclos e restrições para os do 3.º ciclo. Mesmo no ensino Secundário, o Executivo apela a uma utilização “responsável” dos smartphones. A medida, a ter um defeito, talvez seja o de ter sido tardiamente anunciada. 

A decisão revela sobretudo a coragem de dar um passo que, efetivamente, outros não quiseram ou puderam dar – mas que deveriam ter dado. Exemplos lá fora, não faltam.

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Até 1991, era a Dona Helena quem tomava conta da pensão da Rua Dr. Pádua, com muito boa reputação. Depois da sua morte, nesse ano, ninguém mais lhe pegou e a casa, com mil metros quadrados, caiu em ruína. Só em 2019, este edifício histórico de Olhão, do século XIX, seria salvo pelo casal de franceses Jack e Walter – conheceram-se, imagine-se, no festival de marisco que acontece todos os anos em agosto (há muitos souvenirs deste certame pela casa). 

Depois, apesar de continuarem a viver os dois em Paris, meteram mãos à obra para a reabilitar para um turismo de habitação com 10 quartos. Só há dois anos abandonaram a capital francesa para passarem a viver na terra em que se apaixonaram e gerirem este alojamento, aberto em março. Será por isso que a casa se chama Amor? “Não é um nome fantástico?”, questiona, sem responder, Jack, o nosso anfitrião.  

O boutique hotel tem 10 quartos

Walter está mais arredado dos hóspedes, porque entretanto tirou um curso de pastelaria e encarrega-se das delícias que se comem por aqui: desde as madalenas, que são servidas no quarto, à pastelaria que há na coffee shop de porta aberta para a rua ou no pequeno-almoço especial, de cariz caseiro. O restaurante também há de servir para passantes, mas só em caso de residências culinárias, com chefes convidados a fazerem aqui algumas experiências. 

Ainda cheira a novo nos três andares deste recente boutique hotel. Existem vários recantos que nos envolvem em indiscutível bom gosto e nos puxam para o desligamento quase total, apenas concentrados nos pormenores que garantem o respeito pela originalidade da arquitetura, das paredes caiadas às abóbadas ou às pedras ocre, típicas da região. 

A piscina de água salgada

Um dos pontos irresistíveis da Casa Amor é a sua açoteia, o local onde antes se secavam os polvos. Hoje, existe aqui uma pequena piscina de água salgada, perfeita para refrescar do calor do verão. Dentro de água, dá para apreciar o recortado árabe, muito evidente nesta cidade algarvia, a que se chama de capital do cubismo: um mar branco, sem telhados, pintalgado de chaminés de balão e mirantes. Podemos até dizer, sem mentir, que o cenário em tudo se assemelha a uma terra do Norte de África, que fica já ali, no final do oceano que conseguimos avistar desde o ponto mais alto do terraço.

Casa Amor > R. Dr. Pádua, 24 A > T. 91 066 9436 > a partir de €127,50 > coffe shop > ter-sáb 9h-15h 

Aqui à volta 

Mercado de Olhão  Dois edifícios gémeos, um de peixe e marisco e o outro de fruta e legumes, qual deles o melhor. Av. 5 de Outubro > seg-sáb 7h-14h 

Marina com Noélia  O novo spot da chefe Noélia Jerónimo, aberto neste verão em Olhão, com uma ementa diferente da que nos habituou em Cabanas de Tavira. Real Marina Hotel & Spa, Av. 5 de Outubro > T. 91 330 8129 > seg-dom 19h-23h 

Ilhas É daqui que partem os barcos que navegam na ria Formosa e nos levam até às ilhas com praias paradisíacas, como a Deserta, Culatra ou Armona. 

Associação República 14  Aproveite-se esta agenda cultural, que está preenchida por exposições, concertos e cinema ao ar livre, além de atividades mais regulares como ioga ou capoeira. Av. da República, 14 > ter 16h-20h30, qua 10h-20h30, qua-dom 16h-20h30