O Xiaomi 13T Pro já tinha os ingredientes necessários para um dos melhores smartphones até 1000 euros: desempenho sólido, câmaras competentes, ecrã brilhante e com boa riqueza de cor, sem esquecer uma construção com acabamento premium. Ao renovar a linha, a fabricante chinesa mantém a aposta nesta receita, com novidades pelo meio que tornam o Xiaomi 14T Pro ainda mais ‘apetecível’.

Fotografia com toque profissional

O Xiaomi 14T Pro está equipado com uma configuração tripla de câmaras traseiras, liderada por um sensor de 50 MP, semelhante àquele que é usado no Xiaomi 14. A colaboração da Xiaomi com a Leica traduz-se em dois perfis de imagem (Vibrant e Authentic), dois estilos próprios para retratos (Leica Portrait e Master Portrait) e vários filtros fotográficos com o toque da fabricante alemã.

Xiaomi 14T Pro
Câmaras vista ‘à lupa’

Xiaomi 14T Pro
  • Câmara principal de 50MP (23 mm; sensor Light Fusion 900 de 1/1.31″; 2.4μm Super Pixel; ƒ/1.6; OIS)
  • Teleobjetiva de 50 MP (60 mm; ƒ/2.0)
  • Ultra-grande angular de 12 MP (15 mm; ƒ/2.2; campo de visão de 120°)
  • Câmara frontal de 32 MP (25 mm; ƒ/2.0)

Centrando as nossas atenções nos perfis de imagem, o Leica Vibrant permite captar imagens com cores bem vibrantes e com um maior nível de saturação. Já no perfil Leica Authentic, os tons ganham uma dimensão mais dramática, com maior ênfase nos contrastes e sombras, assim como um efeito de vignette.

Xiaomi 14T Pro: Leica Authentic vs. Leica Vibrant

Com a câmara principal, obtivemos os melhores resultados em cenários mais amplamente iluminados, tanto em exteriores como interiores. As imagens contam com um bom nível de detalhe, preservando os pequenos pormenores e texturas, incluindo em modo retrato. Embora não tenha um modo macro dedicado, conseguimos usar o zoom ótico de 2x para captar fotografias em modo close-up com grande detalhe. Este sensor também deixa uma muito boa impressão no vídeo, mantendo as capacidades de estabilização que vimos na geração anterior.

Veja as fotografias que captamos com o Xiaomi 14T Pro

Em cenários mais desafiantes, como em fotografia noturna, os resultados são um pouco mais inconsistentes. Em alguns casos conseguimos imagens com uma boa amplitude dinâmica, sem grandes exageros nos níveis de exposição e contraste. Por outro lado, notámos algumas dificuldades quando se trata de captar adequadamente fontes de iluminação artificial, sendo possível verificar zonas sobreexpostas, por exemplo, em torno das luzes em candeeiros de rua e até efeitos de lens flare.

Já no que respeita às imagens captadas com as restantes câmaras traseiras, os resultados não são excepcionais, mas as lentes telefoto e ultra-grande angular conseguem fazer um bom trabalho quando há melhores condições de iluminação. O mesmo se aplica à câmara frontal, apesar do sensor usado nesta versão ter dado um ‘salto’ para 32 MP.

Um pacote completo

Equipado com um ecrã de 6,67 polegadas, o Xiaomi 14T Pro é um smartphone com dimensões generosas, no entanto, sem ser demasiado pesado. Por fora há todo um conjunto de pormenores que contribuem para um aspeto mais premium, como a estrutura em liga de alumínio, ou o painel traseiro curvo em vidro com acabamento frosted, disponível em três cores de inspiração metálica. Apesar das dimensões igualmente generosas do módulo de câmaras, que assume um formato quadrangular, a sua espessura não causa desequilíbrios quando usamos o smartphone numa superfície plana.

Ao contrário do painel traseiro, o ecrã é plano, o que ajuda a reduzir a quantidade de toques acidentais nas laterais. Este painel AMOLED é rodeado por uma moldura reduzida, traduzindo-se num maior equilíbrio visual, mas também numa experiência de visualização um pouco mais imersiva.

O ecrã destaca-se pela boa resolução e nível de contraste, assim como pela nitidez e brilho elevado. No que toca à reprodução de cor, há vários esquemas à escolha, entre um modo de “Cor original PRO”, “Vívido” e “Saturado”, a par de opções de gama de cores mais avançadas. Deste conjunto, o segundo esquema é aquele que se afirma como a opção mais equilibrada, apresentando tons vibrantes sem serem demasiado artificiais. A taxa de atualização até 144 Hz também marca pontos pela positiva, trazendo mais fluidez à experiência de visualização.

Xiaomi 14T Pro

Do ecrã ‘saltamos’ para o interior do Xiaomi 14T Pro, onde encontramos um SoC Dimensity 9300+ da MediaTek. Não estamos perante um processador de topo, mas este chip permite uma melhoria em relação à geração anterior, que o digam os resultados que obtivemos nos nossos testes de benchmark. Pusemo-lo à prova como ferramenta de trabalho e não ficamos desiludidos.

O Dimensity 9300+ assegura um desempenho competente para as tarefas do dia a dia e até para algumas que são um pouco mais exigentes a nível gráfico, como em jogos. Nesta segunda categoria de tarefas há tendência para aquecer, se bem que não tenhamos notado quedas na performance.

Este modelo usa o HyperOS, baseado no Android 14, com a Xiaomi a dar o seu toque pessoal ao sistema operativo da Google. Se está habituado a uma versão mais ‘clean’ do Android, o HyperOS é um gosto adquirido, mas está longe de ser disfuncional. A integração de funcionalidades com Inteligência Artificial é cada vez mais uma tendência entre as fabricantes de smartphones e este modelo não foge à ‘moda’.

Xiaomi 14T Pro

A Xiaomi 14T Series é das primeiras gamas da fabricante a contar com a funcionalidade Circle to Search da Google. O Gemini da gigante de Mountain View também está integrado como assistente predefinido. Fora das funcionalidades da Google há espaço para outras opções da Xiaomi com IA, seja na fotografia, notas, legendas, gravações, ou tradução através de um intérprete inteligente. Algumas destas funcionalidades ainda não estavam disponíveis quando testámos este modelo, mas, das que conseguimos experimentar, a experiência mostra, para já, mais potencial do que utilidade.

Tal como o 13T Pro, este smartphone tem uma bateria de 5000 mAh, mas, com um novo chip, chega também uma melhor eficiência energética. Se nos testes de benchmark a autonomia do modelo anterior não ia além das 12 horas e 21 minutos, desta vez conseguimos ultrapassar a marca das 15 horas. Numa utilização típica foi possível mantê-lo fora da corrente por um dia e, se tiver hábitos de consumo mais regrados, conseguirá prolongá-la um pouco mais.

Às melhorias na autonomia junta-se uma novidade: suporte a carregamento sem fios a 50W. Se prefere carregamento com fios, deixamos um importante aviso à navegação. O Xiaomi 14T Pro suporta carregamento HyperCharge de 120W, que promete carregar a bateria até 100% em 19 minutos, de acordo com a marca. Porém, o carregador não está incluído na caixa. Tendo em conta que, sem carregamento rápido, o processo de dar mais energia ao smartphone e de encher completamente a bateria torna-se desnecessariamente moroso, este é um investimento que compensa, sobretudo se planeia dedicar-se a tarefas mais ‘glutonas’ de energia.

Tome Nota
Xiaomi 14T Pro (12 GB/1 TB) – €999,99
xiaomistore.pt

BENCHMARKS AnTuTu 2007402; CPU 448324; GPU 817615; UX 316211; Memória 425252 • 3D Mark: Wild Life Extreme 4795; Solar Bay 6484 •  PCMark Work 3.0 15703;  Autonomia 15h12 • Geekbench: CPU 2088/6749 (Single/Multi); GPU 12369 

Construção Muito Bom
Ecrã Muito Bom
Câmaras Muito Bom
Autonomia Muito bom

Características Ecrã AMOLED 6,67” (2712×1220; 144 Hz; HDR10+; 4000 nits máx.) • CPU MediaTek Dimensity 9300+; GPU ARM Immortalis-G720 MC12; NPU MediaTek NPU 790 • 12 GB de RAM; 1 TB (+ 32 GB) de armaz. interno • Câmaras: 50 MP (principal), 50 MP (teleobjetiva), 12 MP (ultrawide); 32 MP (selfie) • Bateria: 5000 mAh •USB-C; WiFi 6E; 5G; BT 5.4 • Android 14, HyperOS • IP68 • 160,4×75,1×8,39 mm • 209 gramas 

Desempenho: 4,5
Características: 4,5
Qualidade/preço: 4

Global: 4,3

O Coliseu enche-se de rostos sedentos de sangue. Todos os olhos estão postos na arena, onde um novo herói se ergue, contra todas as probabilidades, pela defesa da honra do povo de Roma. Mais de vinte anos depois de ter lançado um dos maiores épicos históricos do cinema, Ridley Scott dá continuidade à saga de poder, intriga e vingança na Roma Antiga com Gladiador II, que promete ser inesquecível. 

É um novo mergulho imersivo, de duas horas e 28 minutos, na visão de Scott, uma viagem pelos meandros da história do Império romano, onde a realidade se alia à ficção. Cenários imponentes, figurinos criados por milhares de artesãos, efeitos digitais surpreendentes e muitos combates corpo a corpo, dentro e fora da arena. Por onde nos leva esta sequela? 

Força e honra, depois de Maximus 

Um dos combates entre Lucius (Paul Mescal) e o General Acacius (Pedro Pascal) © 2024 Paramount Pictures

Anos depois de testemunhar a morte do venerado herói Maximus às mãos do seu tio, Lucius (interpretado por PaulMescal) é forçado a entrar no Coliseu depois da sua casa ter sido conquistada por dois imperadores tiranos que agora lideram Roma, com mão de ferro. Com um sentido de revolta e o futuro do Império em jogo, Lucius terá de olhar para o seu passado como forma de encontrar força e devolver a honra e a glória de Roma ao seu povo

Eu sabia que deveríamos considerar uma sequela, mas demorou anos a descobrir qual seria a história

Ridley scott, realizador de gladiador ii

Esta é a história de Gladiador II, que estreia nos cinemas de todo o País esta quinta-feira, 14, em IMAX, 4DX, ScreenX, D-BOX e Dolby Atmos, trazendo o fortíssimo legado do original, lançado em 2000. Recorde-se: este épico de Ridley Scott conquistou cinco Óscares, incluindo o de Melhor Filme, foi um êxito de bilheteira que arrecadou mais de 465 milhões de dólares e foi considerado um “marco cultural icónico para fãs de cinema em todo o mundo”, nas palavras do produtor Michael Pruss.  


“O filme permaneceu na mente do público. Eu sabia que deveríamos considerar uma sequela, mas demorou anos a descobrir qual seria a história”, explica o realizador. E como se continua a história, depois do herói Maximus (Russel Crowe) morrer? Mais: como se faz juz a este legado? O desafio era enorme. “Sabíamos que tínhamos de superar a ação envolvente do original, mas também tentar capturar a sua intimidade emocional”, afirma a produtora Lucy Fisher. “O que quer que criássemos, tinha de proporcionar novas emoções cativantes”, adianta. 

Uma experiência imersiva  

Uma das cenas que já estava na mente de Scott em 2000 e que só agora foi colocada em prática, com a ajuda dos efeitos especiais digitais © 2024 Paramount Pictures

Um impressionante combate entre gladiadores e babuínos, um Coliseu inundado recriando uma batalha que envolve tubarões famintos, um gladiador enorme montado num rinoceronte a atacar um grupo de homens… estas são algumas das sequências de ação mais surpreendentes deste novo filme, e que surgem de uma combinação de cenários reais e efeitos especiais de CGI (imagens geradas por computador). 

A batalha homem-contra-rinoceronte era, aliás, uma ideia que já habitava a mente de Ridley Scott em 2000, mas considerada demasiado perigosa e dispendiosa para a época. A sequência dos babuínos também saiu diretamente da imaginação do realizador, inspirada no vídeo de um ataque real de babuínos a turistas num parque de estacionamento na África do Sul. 

Reza a História que os gladiadores eram conhecidos por lutarem contra vários animais selvagens na arena e esse foi mais um detalhe que Scott não quis deixar de fora nesta sequela, para criar um espetáculo que merece ser visto numa sala de cinema

Dar o corpo à história 


A narrativa e o espetáculo de Gladiador II ganham vida com um elenco que se entregou de corpo e alma à visão de Scott. No centro da trama temos Paul Mescal como Lucius, o novo herói da arena, que nos traz uma mistura de raiva intensa, dureza, mas também profundidade emocional. “Quando o Ridley bate à porta, dizemos logo que sim. Foi sem dúvida um ponto alto na minha carreira observar a forma como o cérebro do mestre funciona. E ele foi incrivelmente generoso ao partilhar o seu conhecimento e talento comigo”, diz Paul Mescal. 

Foi sem dúvida um ponto alto na minha carreira observar a forma como o cérebro do mestre funciona. E ele foi incrivelmente generoso ao partilhar o seu conhecimento e talento comigo

paul mescal, ator

Denzel Washington interpreta Macrinus, um homem de negócios rico, com uma desmesurada sede por poder; Pedro Pascal é General Acacius, um general romano adorado pelo povo e marido de Lucilla, interpretada novamente por Connie Nielsen, como no original; Joseph Quinn e Fred Hechinger dão vida aos insanos e terríveis imperadores gémeos Caracalla e Geta


Veja o trailer…


VI Curiosidades sobre Gladiardor II  

© 2024 Paramount Pictures

I O filme reúne atores da América do Sul, Ucrânia, Dinamarca, Egito, Israel, Irlanda, Inglaterra e EUA, para refletir o “melting pot” que era Roma naquela época; 

II Paul Mescal foi praticante de rugby irlandês, o que “calhou” bem para conseguir desempenhar um papel tão físico como o de um gladiador; 

III As cenas que decorrem no lendário Coliseu romano e arredores foram filmadas novamente no Forte Ricasoli, em Malta, num edifício do século XVII; 

IV Estima-se que cerca de 1000 pessoas trabalharam em vários países para produzir os elaborados cenários; 

V Mais de dois mil figurinos foram criados por artesãos de todo o mundo sob a supervisão de Dave Crossman e equipa, que desenharam os uniformes do exército romano e dos gladiadores; 

VI Nenhum animal foi ferido na realização do filme. O resultado é obtido através dos muitos efeitos especiais e imagens geradas por computador que lhe conferem a imensa espetacularidade a que todos poderemos agora assistir no grande ecrã. 


É o fim da saga?  

Gladiador II pode mesmo não ser o fim da história, mas apenas de um capítulo. Ridley Scott avançou, em entrevista à revista norte-americana Total Filme, que “já tem oito páginas” daquele que poderá ser o Gladiador III. Mas deixa um enigma: “Se houvesse um Gladiador III, acho que não voltava à arena. Mas eu tinha de voltar à arena…”. O que irá sair dali desta vez? 


CONTEÚDO PATROCINADO POR PARAMOUNT PICTURES

1. É unanimemente reconhecida a importância que na vitória de Trump, assim como nas vitórias de outros candidatos “populistas” de direita mais ou menos (pelo menos…) radical, têm tido as redes sociais. Através da utilização de métodos que nada têm a ver com a defesa séria de qualquer ideologia ou “ideia”, com o objetivo de convenceram os cidadãos de serem elas as melhores para a sua opção democrática através do voto. Pelo contrário, em geral estamos perante simples manipulação, amiúde se servindo da mentira e do “discurso de ódio”.

No caso norte-americano houve a especificidade de o maior propagandista/financiador de Trump, Elon Musk, o homem mais rico do mundo, ser até o “dono” da poderosíssima X, ex-Twitter. Que ele próprio vasta e variadamente utilizou. Até inventando e espalhando “teses conspiratórias” sobre a responsabilidade da Administração Biden, de que a sua adversária Kamala Harris é vice-presidente, nos furacões Helene e Milton!… 

2.  Neste momento, em que decorre a COP29, é uma evidência um daqueles mais graves perigos ser o que se prende com a preservação do ambiente, com as mudanças climáticas. De facto, segundo a Organização Meteorológica Mundial, 2024 será, a nível planetário, o ano com temperatura média mais alta de sempre, ultrapassando em 1,5 graus Celsius o aquecimento em relação aos níveis pré-industriais – quando esse era o limite desejável fixado, na conferência de Paris de 2015, para o fim do século.

Os tremendos efeitos desta situação já se fazem sentir em todas as latitudes, e agora mesmo, bem perto de nós, na vizinha Espanha, tivemos a prová-los a tragédia de Valência. Ora, com Trump senhor absoluto dos EUA, país grande “poluidor” e decerto o que podia/devia dar o maior contributo, inclusive financeiro, para combater esta caminhada para o abismo, a perspetiva é só a da aceleração dessa caminhada.

REDES SOCIAIS E volto atrás, ao problema, que se tem de considerar gravíssimo, da utilização, sem limites e sem controle, das redes sociais com objetivos manipulatórios, desonestos, mesmo criminosos. E, no que para aqui interessa, potencial e progressivamente destruidora da democracia e de uma sociedade civilizada – do respeito pelo(s) outro(s), da tolerância, dos valores consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Quando falo de “sem limites e sem controle” já não estou a pensar em ética, verdade, “decência”, mas só em legalidade. Sei que a questão é muito complexa, já tem sido bastante debatida, é dificílimo arranjar soluções, que serão sempre polémicas e muito atacadas. Desde logo por aqueles que hoje, através das redes sociais têm enormes influência e força. Mormente junto do poder político que, pelas razões aduzidas e outras, lhe têm um enorme medo…

Assim, como defender a democracia? Que fazer para pôr termo a tal estado de coisas? Obviamente não tenho a resposta, mas penso que quem legisla e quem governa tem de encarar o problema a sério e tomar medidas adequadas. Haverá, já se sabe, os que face a qualquer normativo que vise impedir e/ou punir os abusos e crimes cometidos nas redes sociais, virão acusá-lo de atentado contra a liberdade de expressão, de censura. Mas, sem prejuízo de haver algum inocente que de boa-fé os acompanhe, os “acusadores” são exatamente os que querem acabar com a liberdade de expressão, que para o efeito usam, e querem que haja censura. Numa das suas novas formas, como a da propriedade dos meios de comunicação concentrada no grande poder económico/político.

ELON MUSK Concentrada nos “novos disto tudo”, como o dito Elon Musk, que se considera acima da própria lei. No Brasil, por exemplo, desobedecendo assumida e frontalmente a uma decisão do Supremo Tribunal. Enquanto vai intervindo, com os métodos referidos, na vida política de vários países, sempre em favor de destemperados “ultras”, e enquanto vão prosperando os seus negócios. E como será então daqui para a frente, espécie de nº 2 do futuro poder nos EUA?

LEONOR BELEZA Admira-me o relativamente pouco relevo que foi dado ao regresso de Leonor Beleza à vida política ativa – e logo como nº 2 do partido, de que desde há muito é figura de relevo, a certa altura a mais querida e aplaudida.

E admira-me, não só ou não tanto por ser caso raro, não sei mesmo de único, a presidente executiva de uma grande e benemérita Fundação (a Champalimaud) vir ocupar tal cargo político, executivo, como pela importância que isso tem ou deverá ter para o PSD. Este regresso de Beleza foi, em meu juízo, de longe o mais significativo do Congresso.

A ex-ministra declarou, mais uma vez, que nem sequer põe a hipótese de ser candidata à Presidência da República. Não tenho dúvidas que ela seria a(o) melhor candidata(o) que o PSD poderia apoiar. Quanto ao resto, voltarei ao assunto…

OUTROS ARTIGOS DESTE AUTOR

+ “Viva a morte”…

+ Palavra contra palavra

+ As “pantufadas” no sueco…

O voto não é o cerne da democracia, mas é um seu pilar fundamental. É sobretudo o momento em que todos somos efetivamente iguais, cada voto tem o mesmo valor independentemente da nossa condição social, económica, cultural ou qualquer outra.

Como elegemos representantes baseamo-nos no que eles nos propõem e naquilo que conhecemos das suas vidas, posturas, atitudes e decisões.

Podemos não concordar com tudo o que aquele homem ou mulher nos apresenta, podemos ser contra várias coisas que defenda e até desconfiarmos dele ou dela, mas no balanço que fazemos é aquela pessoa a nossa opção.

Claro que a nossa decisão pode ser pela negativa, simplesmente não querermos as alternativas. No entanto, isso, no que conta para a escolha global, representa um voto afirmativo no outro candidato. Abstenho-me de discorrer mais uma vez sobre a bacoquice a que se deu o nome de voto de protesto e que não quer dizer rigorosamente nada.

Depois aparecem tipos como eu a tentar perceber porque é que as pessoas tomam as decisões que tomam. Não é novidade assistir a uma quantidade enorme de pessoas com voz no espaço público a fazer os eleitores de estúpidos e ignorantes, mas bateu-se todos os recordes no rescaldo das eleições americanas.

A economia. A maioria das pessoas votaram no Trump porque a inflação as afetou, sentem que estão a viver pior e não é de agora.

Convém encarar alguns factos. Como recordava Bernie Sanders, os salários ajustados à inflação do trabalhador médio americano são hoje mais baixos do que há 50 anos, sendo que a produtividade cresceu imenso. Os americanos mais ricos estão imensamente mais ricos. O país mais rico do mundo é um dos mais desiguais, e essa desigualdade é cada vez maior.

Ainda citando Sanders, apesar de serem factos largamente conhecidos, os americanos não têm um sistema de saúde minimamente decente – não se compara sequer ao português, por exemplo.

Robert Reich escrevia que as pessoas estavam zangadas com Wall Street, que tinha feito desaparecer as pensões, iradas por não terem segurança no trabalho e revoltadas por não conseguirem pagar as casas e a educação dos seus filhos ser de terceira categoria. “As pessoas que conheci estavam furiosas com os patrões, o governo federal e a Wall Street”, conclui o antigo secretário de Estado de Bill Clinton.

Fareed Zakaria rematava: “Independentemente do partido político, a maioria pensa que o sistema económico funciona a favor dos mais ricos.”

Isto e coisas similares foram repetidas à exaustão por pessoas cá no burgo que fazem o que eu faço. Tudo certo. No entanto, lamento informar que os eleitores americanos disseram que queriam mais do que, pelos vistos, não gostavam. Diz-se que o Partido Democrata não deu soluções para os problemas, mas Trump disse de forma transparente que queria insistir na fórmula.

As pessoas votaram em alguém que acha e disse que o corte de impostos para bilionários vai fazer com que os mais pobres vivam melhor, que a concentração do poder económico vai fazer os trabalhadores ganharem mais dinheiro, que a guerra aos sindicatos dará mais direitos a quem trabalha e com isso ter mais segurança laboral, que os Elon Muskes vão resolver os problemas.

Mas disse mais. Disse que iria fazer deportações em massa e isso resolveria os problemas de emprego (inexistentes) e da insegurança (que é das melhores de sempre).

Repetiu que não há problema nenhum de poluição nem de aquecimento global e que não regulando mercados e deixando funcionar como se quiser a indústria da Inteligência Artificial e as criptomoedas vai ser ótimo.

E, claro, não podemos esquecer essa praga que foi dar direitos a minorias historicamente humilhadas. Pelos vistos, isso de reconhecer direitos às mulheres, aos negros, aos homossexuais, foi péssimo. Parece, pelo que ouvi, que se exagerou. Não nego alguns disparates. Sei bem que se trocou parte da liberdade de expressão por culturas de cancelamento e códigos absurdos de linguagem que afetaram o próprio pensamento da democracia liberal. Mas convém perguntar: é para regredir ou para ajustar? Esquecer os direitos das minorias é fundamental para que se defendam os trabalhadores? E se não é isso, é o quê? Se esses supostos exageros não existissem, as pessoas votariam em Kamala Harris? Alguém já ouviu quem fala desses supostos exageros? Claro que não. Quem fala disso é gente que de facto não quer ver os direitos das minorias reconhecidos ou compra o que o Ricardo Araújo Pereira imortalizou com o “eles sabem coisas”.

Imagino também que seja um enorme atentado à liberdade de expressão, e isso tenha irritado os americanos, que não se possa dizer que os imigrantes envenenam o sangue dos puros e que são violadores e assassinos, que se possa gozar com pessoas com limitações físicas e mentais, que se menorize as mulheres, que há boa gente nos supremacistas brancos e por aí fora. 

Convém lembrar que em Portugal, onde nunca houve movimento “woke” nem “me too” nem cancelamentos, o discurso da extrema-direita é o mesmo do da americana.

Não chegassem todos estes detalhes, Trump prometeu interferir no poder judicial e colocar juízes a perseguir os seus inimigos políticos, órgãos de comunicação social, bem como indultar os criminosos que o ajudaram a tentar um golpe de Estado. Sim, as pessoas que elegeram Trump borrifaram-se completamente para a tentativa de golpe e não querem saber que ele negue os resultados de há quatro anos. Como ganhou, Trump vai mandar a seu bel-prazer, isso dos checks and balances é questão lá dos intelectuais. Olhem para o Putin e o Orban, tem corrido muito bem, não tem?

Sim, vou mesmo esquecer por agora o que disse sobre política externa e que provavelmente vai ser a pior herança de Trump, fica para a próxima.

Como para os próximos episódios terá de ficar a análise desta nova forma de fazer política. A que utiliza a mentira, o insulto, a difamação, como instrumentos normais no discurso e na práxis política, a que provou aos movimentos iguais ao do Trump que a indecência, a compostura e o respeito pelo outro é coisa do passado e que se tem de prescindir ainda mais disso para ganhar eleições.

Não me lixem. Os americanos sabiam e sabem o que estão a fazer. Como dizia Carlos Lozada no New York Times, é isto mesmo que a América quer, é o que os americanos, pelos vistos, são.

Foi uma escolha democrática, claro. Não é a primeira nem será a última – estou cada vez mais certo disso – que se escolhe democraticamente acabar com a democracia.

E, já agora, basta ter lido e ouvido muitos portugueses com voz e sem voz no espaço público para saber que por cá também não falta quem queira ir por este caminho. Foi uma alegria, uma autêntica festa, onde não faltaram os insultos e as difamações costumeiras.

Os eleitores americanos não são estúpidos nem ignorantes e foram claros: não querem a democracia ou pelo menos não querem vários princípios que a definem. Não serei eu a infantilizá-los e a passar-lhes atestados de inconsciência.

O resultado das eleições americanas deixou-me muito preocupado. Desde 1945, acho que é o sinal mais claro do princípio do fim da democracia liberal. É o que as pessoas querem, tenho de as respeitar. Porém, não falta muito para que elas me deixem de respeitar, e logo depois de me tolerar. Não era este o mundo que queria para os meus filhos e netos.

OUTROS ARTIGOS DESTE AUTOR

+ Vencer a perder?

+ Não há nenhum polo na extrema-direita

+ O culpado disto tudo

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Palavras-chave:

Onze mortes depois, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, em audição parlamentar, assumiu a responsabilidade. Mas reafirmou que se mantém no cargo. As fatalidades alegadamente causadas pelas falhas de atendimento do INEM, durante uma greve largamente anunciada, mas sem qualquer prevenção sobre o que poderia acontecer, dão-nos várias lições. No capítulo político, retiramos a lição de que o Governo gastou mais uma vida dos sete fôlegos do “estado de graça”: independentemente do que venha a ser apurado no plano dos factos – as mortes foram mesmo causadas pelos atrasos apontados? –, se esta ministra pertencesse ao último governo de António Costa, depois de dois anos de casos e casinhos, há muito que se teria demitido – ou sido demitida. A negligência política e técnica relacionada com a falta de previsão dos efeitos de uma greve desta natureza é por de mais evidente. Mais, a responsabilidade afeta toda a cadeia do sistema, a começar, desde logo, pelas estruturas intermédias do Ministério da Saúde, incluindo a direção do INEM que, essa sim, de certeza, tinha de saber o que poderia acontecer e nada fez.

Independentemente do que fica dito atrás, é preciso foco, a partir de agora, no plano jurídico, ou seja, o caso pode envolver responsabilidade civil – não se sabe se, até, criminal – e, por isso, o Ministério Público já estava a investigar seis das 11 mortes, sendo que um sétimo caso já tinha sido arquivado, quando, na terça-feira, fechávamos esta edição. É preciso apurar se estas mortes, e quantas delas, foram mesmo causadas pelo atraso na ajuda e quantas ocorreriam de qualquer forma. Entre as investigações, é indispensável que a ciência médica forense se pronuncie, mediante a realização das respetivas autópsias, e do que delas possa ser, ou não, apurado, isto é, atribuir responsabilidades punidas judicialmente (não estamos a falar da responsabilidade política) exige, nos tribunais, a demonstração da causa-efeito, ou melhor, que seja feita a prova. Neste caso, a prova é particularmente difícil. Mas dela depende a eventual atribuição de indemnizações às famílias das vítimas. Até lá, estamos a pôr o carro à frente dos bois.

No plano moral, é inevitável falar do sindicato, que não pode escapar por entre os pingos da chuva. É que, além da direção do INEM, os trabalhadores sabem, como ninguém, o que pode acontecer nesta situação. Lavar as mãos disto e deixar à tutela o ónus da prevenção não é opção. Ironicamente, o caso do INEM ocorreu na mesma semana em que muito se falou do direito à greve dos polícias. Tem-se entendido que os polícias não podem paralisar, porque a segurança é uma função vital do Estado. E a emergência médica, que serve para salvar vidas em situações extremas, é o quê? Não está em causa inverter o direito à greve, mas ela deve ser usada com parcimónia e com responsabilidade. Já agora, falar de serviços mínimos, no caso do INEM, também fará pouco sentido. Sendo um serviço de emergência, é, por natureza, uma linha de “serviços máximos”. Com serviços mínimos, teria acontecido o quê? Morriam, seis, sete pessoas, em vez de onze?…

PS – Já com o mal feito, Governo e sindicato sentaram-se à mesa e em poucos minutos a greve foi suspensa. Pergunta: se era assim tão fácil, porque não se reuniram antes? Ou será porque o susto provocado pelas mortes ativou a (má) consciência das partes?…

OUTROS ARTIGOS DESTE AUTOR

+ O dia D do Orçamento

+ Danças com cidadania

+ Uma oferta irrecusável

Palavras-chave:

Corria o ano de 2019 quando, cansadas de desenhar roupa e acessórios para grandes cadeias de moda, em catadupa e a uma velocidade vertiginosa, María Borrero e Irene Rodrigo decidiram apostar nas peças de joalharia que produziam “quase só para amigas e como um hobbie”.

Brincos, colares, pulseiras, pendentes e anéis começaram a nascer sob a premissa de que deveriam ser intemporais, livres da ditadura das tendências, feitos com materiais de qualidade e que prestassem homenagem à herança cultural espanhola impressa no ADN de ambas as fundadoras da marca.

O nome da marca remonta mesmo à tradição árabe, já que Alhaja significa jóia ou ornamento precioso nessa língua. A preciosidade das criações de María e Irene prende-se não só com as formas inspiradas pela natureza, folclore e tradição mediterrânicos, como com o cuidado que têm em produzi-las sempre em Espanha, em fábricas que sejam membros certificados do Responsible Jewelry Council.

Cinco anos depois do nascimento de Alhaja, a missão continua a ser cumprida. Não existem coleções propriamente ditas e vão surgindo novas peças que continuam a ser produzidas em Espanha, sempre com o cuidado de não utilizar materiais químicos, dando primazia a cristais, pedras semi-preciosas, pérolas de rio, ouro de 18 quilates e prata 925.

De Espanha para Portugal, sobretudo graças às redes sociais e às compras online, foi um salto. Irene e María contam que, tendo em conta o número cada vez mais elevado de encomendas feitas a partir do nosso país, acharam que faria sentido uma presença física em Lisboa.

“É um teste”, avisam. Mas, pelo menos até domingo, 17, no The Disco Wheel, um estúdio e oficina de cerâmica localizado no número 150 da Rua de São Paulo, podem-se experimentar, entre outros, os anéis da marcacom as palavras “bonita”, “amore”, “mami” ou “te amo”, brincos em forma de laço feitos de pedras semi-preciosas, e pendentes em forma de concha, sol, estrela, besouro ou sardinha.

Será também possível pedir que qualquer uma das peças seja reproduzida em ouro (e não apenas placada a ouro), encomenda que dá direito a personalizá-las.

Alhaja Cult Store Pop Up > The Disco Wheel > R. de São Paulo 150, Lisboa > 13-17 nov, 12h-19h

Palavras-chave:

É impossível entrarmos nesta nova geladaria, no rés do chão de uma casa de 1903 na Rua Senhora da Luz, na Foz do Porto, e não nos determos a olhar para o teto e as paredes. Tudo é uma tela de pinturas datadas de 1960, da autoria de Costa Carvalho, descobertas durante as obras de recuperação deste espaço (a cargo do designer de interiores Paulo Lobo), onde outrora funcionou um talho e uma loja de lingerie. “Foi uma surpresa. Tudo isto estava tapado”, aponta António Vieira, o chefe de cozinha do Wish, no Porto, e do UVA by Calém, em Vila Nova de Gaia, que há muito planeava abrir uma geladaria.  

A paixão pela confeção de gelados nasceu há cinco anos, quando António Vieira comprou uma pequena fábrica nos arredores do Porto. Desde então, tem apurado receitas e inovado nos sabores, para os servir nos seus restaurantes e também a pedido de outros chefes. “Complementam-se com a cozinha. A confeção de um gelado é um balanceamento entre açúcares e frutos. Cada um tem uma receita própria”, diz.  

A Segreti do Chef tem mais de 80 sabores no seu portfolio, embora a loja disponha de 24 variedades que vão rodando nas vitrinas. Aos habituais baunilha, morango e chocolate juntam-se, entre outros, caramelo salgado (um dos mais procurados), amarena, bergamota, ricota com figo, açaí com banana ou maracujá, além dos sazonais – por estes dias, há maçã assada, dióspiro e romã.

“A experimentação é constante. O segredo da receita está no equilíbrio entre leite, natas e fruta de boa qualidade”, salienta António Vieira. Além de ser servido em copo (€3, dois sabores) ou cone (€3,90, três sabores), este gelado pode ser saboreado num invulgar crepe enrolado num cone de baunilha ou num waffle (€5) e coberto com ingredientes à escolha: pistácio, amendoim torrado, coco, marshmallows, peta zetas… O objetivo de António Vieira é franchisar a marca e levar a Segreti do Chef a outras zonas do País.

Os frescos descobertos nas paredes e no teto datam de 1960

Segreti do Chef > R. Senhora da Luz, 121, Porto > T. 22 318 5337 > seg-dom 10h-19h  

É quase impossível falhar a entrada do Grand Hotel Açores Atlântico, na marginal de Ponta Delgada, junto às Portas do Mar. As arcadas da fachada distinguem este edifício histórico da cidade. O guardião da porta deste cinco estrelas é o jovem trintanário Hugo Miranda, que de sorriso rasgado dá as boas-vindas aos hóspedes. A hospitalidade açoriana há de sentir-se ao longo da estada e a herança marítima transparece a cada canto. “As pessoas vivem muito a história do hotel, inspirada na Empresa Insulana de Navegação, fundada em 1871 pelos proprietários”, destaca o diretor, Jorge Xavier, chegado há unidade há pouco mais de um mês.

Do hotel, partimos a pé à descoberta de Ponta Delgada, com paragens sugeridas no Museu Carlos Machado, nas Portas da Cidade e na Igreja Matriz de São Sebastião. De carro, num fim de semana prolongado, pode explorar-se a ilha de São Miguel, a maior dos Açores, com toda a calma.

A todo o vapor

Das varandas dos quartos virados para o mar arregala-se a vista, com o imenso espelho de água do Atlântico. Ao mesmo tempo, apreciam-se os mergulhos no pesqueiro, nome dado pelos locais à piscina natural das Portas do Mar, localizada do outro lado da avenida, junto ao porto onde também atracam os navios de cruzeiro. O hotel até tem uma apetecível piscina interior de água quente, mas dar um mergulho de mar, estando a tão curta distância, é coisa a que poucos hóspedes resistem.

Os 140 quartos, de várias tipologias, estão decorados com gosto, numa combinação de madeira escura e pormenores originais, como a estrutura de veludo em verde-sálvia que serve de cabeceira e se repete na parede oposta, melhorando a insonorização e, por conseguinte, a qualidade do sono, já beneficiada pela superioridade dos têxteis de cama.

Por onde quer que se passe, do hall de entrada ao sexto andar, sucedem-se as memórias da Empresa Insulana. Maquetas de navios, mapas, um escafandro, retratos antigos e outros objetos da vida a bordo integram a decoração da autoria de Paulo Lobo, contando a história dos navios, portos e viagens feitas pela companhia marítima.

Sugere-se um percurso com início no piso 1, onde está o restaurante Balcony, aberto ao público. Depois, subir ao sexto andar e vir descendo até ao segundo, deixando o rés do chão para o final. Aqui, a ondulante escadaria central do hall faz sonhar com glamorosas viagens de paquete, assim como o ritual de ir tomar uma bebida ao final da tarde no Vapore Bar e Lounge. Fica uma curiosidade: no início do século passado, a chegada do navio da Insulana aos portos açorianos designava-se como Dia de São Vapor, e era uma festa. Que assim seja a estada no Grand Hotel Açores Atlântico, onde todos são bem-vindos a bordo.

Grand Hotel Açores Atlântico > Av. Infante D. Henrique, 113, Ponta Delgada, São Miguel > T. 296 302 200 > a partir de €180

Viajar no prato

O Balcony, restaurante do hotel, merece uma visita por si só

Os jantares vínicos acontecem duas vezes por ano, em março e em novembro. Consecutivamente esgotados, convidam a uma viagem enogastronómica sempre diferente, com um menu especial e um produtor vinícola convidado. “Muitas vezes começam e terminam nos Açores, mas vamos a outras regiões, aliando muito daquilo que é o nosso produto local. Têm um quê de vinho, produto e cultura e implicam uma investigação profunda”, diz o chefe de cozinha, José Gala. Nesta edição, viajou-se pelo Tejo, ao sabor de ostras, salicórnia e algas, peixe seco, codorniz, coelho, marmelada e café da ilha Terceira. Para acompanhar, os vinhos de influência atlântica da Quinta do Chocapalha, “arintos com frescura, um branco com mais madeira, um tinto feito com castelão”, explica o chefe de sala, Acácio Oliveira, que criou a carta de vinhos do Balcony com base na diversidade. Tem cerca de 150 referências “e algumas coisas pelas quais marcamos a diferença, caso dos vinhos sem álcool e dos sem sulfitos”.

Foto: DR

O Balcony serve jantares à carta ou com menu de degustação. “É uma cozinha de sabor com identidade, um fine dining de conforto. Os Açores têm muitos produtos, chamamos a atenção para isso, depois vamos ao que o País também tem de bom”, diz o chefe. No final de novembro, a nova carta há de trazer outros sabores, “mas há coisas que não retiramos, como o nosso arroz cremoso feito com as algas do Faial”, garante o chefe. Nos vinhos, Acácio Oliveira vai incluir “o orange wine e o primeiro espumante certificado dos Açores, 100% arinto brut nature de 2017”. Seg-dom 19h-22h > menus de degustação €75 a €150 (inclui um copo de vinho, escolhido pelo sommelier, para acompanhar cada um dos pratos), suplemento de vinhos €15

Ainda o jornal Público não tinha chegado às bancas e já o artigo assinado por António Costa, José Leitão e Pedro Silva Pereira circulava pelos WhatsApp dos socialistas. O texto “em defesa da honra do PS” era a machadada final na fragilização de Ricardo Leão enquanto líder da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS. Disso ninguém tinha dúvidas. Na véspera, uma reunião da concelhia de Lisboa do PS, a propósito do Orçamento do Estado, tinha revelado as divisões em torno das polémicas declarações de Leão que, como presidente da Câmara de Loures, aprovou uma recomendação do Chega para retirar casas municipais a pessoas que se tenham envolvido nos desacatos que ocorreram após a morte de Odair Moniz, um cidadão negro baleado pela PSP na Cova da Moura. O desconforto com a aproximação ao discurso do Chega era maioritário nas hostes socialistas, mas havia também muitos dispostos a entender as razões do autarca de Loures e a desvalorizar o que disse. O ataque de António Costa foi a gota de água.

Queridos inimigos António Costa com Pedro Nuno Santos (e Francisco Assis). Relações entre líder e ex-líder foram sempre tensas

De manhã cedo, Pedro Nuno Santos já tinha a carta de demissão de Ricardo Leão. Mas, mais uma vez, decidiu deixar o anúncio nas mãos de Leão, sempre com o intuito de não fragilizar o partido. Leão só anunciou que deixava a liderança da FAUL perto da hora de almoço. Antes de o fazer, Duarte Cordeiro, talvez a pessoa mais influente na máquina do partido em Lisboa, falou à VISÃO para arrasar António Costa. “Acho o artigo arrogante e desnecessário”, disse Duarte Cordeiro, dando voz aos que em surdina se indignavam não só pela forma como o antigo secretário-geral, de uma penada, fragilizava Ricardo Leão e Pedro Nuno Santos (em relação ao qual havia no texto uma alusão velada ao seu alegado “taticismo” na gestão desta polémica) mas também pelo modo como Costa baseava o seu argumentário sobre a matriz humanista do PS nas políticas de integração e imigração, quando o tema nunca tinha sido levantado por Ricardo Leão.

Mas se a intervenção de António Costa feria de morte o líder da FAUL, o parágrafo mais mortífero do artigo era dirigido a Pedro Nuno Santos. “Quando um dirigente socialista ofende gravemente os valores, a identidade e a cultura do PS, não há calculismo taticista que o possa desvalorizar. É esse legado do Partido Socialista que sentimos agora o dever de recordar e defender. Em defesa da honra do PS!” Estas palavras davam gás à ideia de que a defesa da matriz socialista e a demarcação de Pedro Nuno em relação a Ricardo Leão tinham sido pífias. Mais: acusavam o líder do PS, que conquistou o partido a clamar sobre as suas convicções, de se ter enredado no pragmatismo da tática política.

Uma “vendetta” de Costa?

Contactados pela VISÃO, nem António Costa nem Pedro Silva Pereira quiseram falar sobre as razões que os levaram a assinar um texto tão arrasador, numa altura em que o partido ainda está a lamber as feridas do processo que levou Pedro Nuno Santos a decidir abster-se no Orçamento do Estado. Mas nos bastidores socialistas não faltam teses sobre as motivações dos autores. Um deles, José Leitão, foi apoiante de José Luís Carneiro nas diretas contra Pedro Nuno e tem um histórico nas políticas de integração, por ter sido alto-comissário para a Imigração e Minorias Étnicas entre 1996 e 2002, havendo quem atribua a isso a forma como o texto se debruça tanto sobre esse aspeto, que nem constava das declarações de Ricardo Leão. Já Pedro Silva Pereira ficou fora das listas para o Parlamento Europeu graças a Pedro Nuno Santos, que quis uma renovação completa nas últimas europeias. E terá esse capital de queixa.

Mas por que razão o indigitado presidente do Conselho Europeu entraria na polémica, a cerca de um mês de iniciar funções em Bruxelas? “É o perfil do Costa”, vai-se apontando entre socialistas, notando que mesmo sem ter pretensões de voltar à liderança “quer controlar o partido”. Essa é uma parte da explicação. A outra passa por uma relação tensa e nunca completamente resolvida entre António Costa e Pedro Nuno Santos, que começou no Congresso da Batalha, quando uma moção setorial apresentada por Pedro Nuno quase se confundia com uma moção de estratégia e levou o então secretário-geral a frisar que ainda não tinha “metido os papéis para a reforma”, e teve o seu culminar no momento em que o então ministro das Infraestruturas desafiou o primeiro-ministro, emitindo um despacho que na prática definia a localização do novo aeroporto de Lisboa, quando Costa estava em Madrid e sem qualquer articulação entre os dois. Este texto seria, pois, nessa tese amplamente difundida entre os socialistas, mais uma pequena vendetta de António Costa, que é conhecido por “nunca esquecer o que lhe fazem”.

Pedro Nuno não se revia nas palavras de Ricardo Leão, mas não podia esquecer-se de que o autarca liderava uma das estruturas mais importantes do partido

Certo é que a polémica de Ricardo Leão apanhou Pedro Nuno Santos no pior momento. Quando rebentaram as declarações de Leão a defender que se retirassem casas camarárias “sem dó nem piedade” a quem tivesse cometido atos de vandalismo, o debate do Orçamento do Estado na generalidade ia a meio e, nos corredores do Parlamento, o desabafo mais recorrente entre os socialistas era a vontade de “encerrar este capítulo depressa”. Ao optar pela abstenção, Pedro Nuno evitou uma crise política, mas tem agora de encontrar uma fórmula (nem sempre óbvia) para aparecer como responsável, mas não como líder de uma bancada que suporta o Governo. No meio desse equilíbrio, lidar com as declarações do autarca de Loures era tudo aquilo de que Pedro Nuno Santos não precisava. E, efetivamente, apesar da insistência dos repórteres que o apanharam à saída do Parlamento, conseguiu esquivar-se a comentar a quente Ricardo Leão.

O assunto, dizia-se no Largo do Rato, era para “ser gerido com pinças”. Pedro Nuno Santos não se revia nas palavras de Ricardo Leão, mas não se podia esquecer de que Leão era o líder de uma das estruturas mais importantes do partido, apoiado por Duarte Cordeiro (próximo de Pedro Nuno) e o militante socialista que lidera a autarquia com mais peso na área de Lisboa (Sintra é encabeçada pelo independente Basílio Horta). Fragilizar politicamente Ricardo Leão estava fora de questão. Sem agenda pública durante o fim de semana, o secretário-geral do PS decidiu que só falaria do tema na segunda-feira, quando os jornalistas o confrontassem com isso durante uma visita ao bairro do Zambujal, na Amadora, na sequência da morte de Odair Moniz.

Antes que Pedro Nuno Santos falasse, Alexandra Leitão fez um tweet explicando que a Câmara de Loures nunca poderia seguir a recomendação do Chega por motivos legais. “Determinar a aplicação de penas acessórias a quem comete crimes, mesmo após o trânsito em julgado, é uma opção exclusiva do legislador e, mesmo assim, muito limitada pela Constituição”, explicou Leitão, já depois de o ex-ministro da Educação João Costa e dos deputados Isabel Moreira, Filipe Neto Brandão e Cláudia Santos (que escreveu um artigo duríssimo contra Leão no jornal do PS Ação Socialista) terem arrasado as palavras do líder da FAUL.

Mas se as críticas a Ricardo Leão subiam de tom no espaço público, nos bastidores socialistas a condenação não era propriamente unânime, mesmo que vários socialistas contactados pela VISÃO tenham recusado dar a cara por essa defesa. “A posição [de Ricardo Leão] é mais comum entre autarcas socialistas do que se possa pensar”, dizia então à VISÃO um destacado socialista, defendendo a importância de o PS ter um discurso que afaste a ideia de qualquer facilitismo na atribuição de apoios sociais.

Alexandra Leitão atacada

“Não foi feliz, mas não era preciso fazer esta tempestade”, comentava um dirigente do PS Lisboa, que não se sentia incomodado pelas palavras de Leão, mas revelava incómodo pelos ataques feitos ao líder da FAUL. “O secretário-geral exigiu recato aos que têm acesso aos media, mas os mais próximos foram exigir a cabeça do Leão”, criticava, numa alusão à forma como Pedro Nuno Santos atirou aos críticos da sua liderança durante a discussão sobre o Orçamento do Estado.

Alexandra Leitão ficou debaixo da linha de fogo, apesar de ter feito intervenções (primeiro na rede social X e depois na CNN) essencialmente jurídicas, sem um ataque político a Ricardo Leão. Foi criticada tanto por pedronunistas, que entenderam que a sua intervenção pôs pressão sobre o líder do PS, como pelos que defendiam Ricardo Leão como “um grande autarca”. E resolveu não voltar a falar publicamente do assunto. Na verdade, Alexandra Leitão é uma das mais leais apoiantes de Pedro Nuno e o seu afastamento de António Costa é público e notório desde que, depois de ter conquistado a maioria absoluta, Costa deixou Leitão fora do elenco governativo e esta recusou ser sua líder parlamentar.

Mariana Vieira da Silva que, sendo costista, faz hoje parte do núcleo duro de Pedro Nuno, não hesitou em demarcar-se de Ricardo Leão no programa que tem na Renascença com o social-democrata Duarte Pacheco, que aí declarou solidariedade ao socialista. Mariana Vieira da Silva defendeu mesmo que Leão fizesse uma “reflexão” sobre as suas condições políticas (antes da sua demissão). Apesar de ser (juntamente com Alexandra Leitão) uma das hipóteses que Pedro Nuno Santos tem para uma candidatura à Câmara de Lisboa, esta demarcação não lhe valeu o coro de críticas nem a pressão interna a que nos últimos dias foi sujeita Alexandra Leitão.

Outros pedronunistas como Pedro Delgado Alves, Marina Gonçalves ou Maria Begonha optaram por não se pronunciar sobre o caso. E Ascenso Simões, que apoiou Pedro Nuno, fez uma defesa de Ricardo Leão em moldes que pareceram um ataque a quem, como Alexandra Leitão, se demarcou da posição do autarca de Loures. “Leão não é um autarca fora da lei como alguns dos seus camaradas quiseram fazer acreditar nos últimos dias. Leão tem é a realidade do seu lado e, se nada fizer, um dia teremos Loures, Amadora e outros concelhos governados pela extrema-direita”, escreveu Ascenso Simões no seu Facebook.

Crise interna na FAUL: e agora?

O caso Ricardo Leão teve uma implicação prática: suscitou uma crise interna que era tudo aquilo de que Pedro Nuno Santos não precisava e que, em certa medida, baralha o calendário que tinha definido. O líder socialista queria concentrar-se nas autárquicas assim que o Orçamento do Estado fosse aprovado (coisa que acontecerá no final deste mês), e tudo levava a crer que anunciasse os candidatos a Lisboa e Porto nessa altura. A demissão de Ricardo Leão não ajuda. É certo que não seria o líder da FAUL a escolher o candidato à Câmara de Lisboa, mas Ricardo Leão teria sempre uma palavra na feitura das listas e ter a Federação a meio de um processo de eleições internas não é bom. Mais: o processo de escolha do sucessor de Leão pode levar a divisões.

Miguel Prata Roque anunciou logo que é candidato à FAUL, ainda antes de Pedro Pinto de Jesus (o vice-presidente de Ricardo Leão) ter oportunidade de o fazer. E nos bastidores há movimentações para encontrar outro nome, com mais projeção nacional, para fazer face a Prata Roque. Algo que poderá não se revelar fácil, uma vez que Carla Tavares (próxima de Leão e antiga autarca da Amadora) está como eurodeputada, assim como Marta Temido, que abandonou recentemente a liderança da concelhia de Lisboa para rumar a Bruxelas, e Duarte Cordeiro tem feito saber que enquanto durar o processo da Operação Tutti Frutti não quer estar na política ativa.

Alexandra Leitão Líder parlamentar interveio de forma muito crítica, arrasando, do ponto de vista jurídico, a ideia da retirada de casas em Loures Foto: Marcos Borga

Miguel Prata Roque e Pedro Pinto já estiveram juntos no secretariado da FAUL da JS, que Pinto viria a liderar, num momento em que Prata Roque preferiu dedicar-se à carreira académica e ao trabalho no Tribunal Constitucional. Desde aí, Pedro Pinto tem andado sempre pelas estruturas partidárias, tendo sido assessor de António Costa na Câmara de Lisboa e presidente da Gebalis, nomeado por Duarte Cordeiro. Prata Roque fez carreira fora da política, mas foi também assessor de Costa no Parlamento Europeu e seu secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros. “Um tem vida, o outro tem partido”, resume uma fonte do PS Lisboa, que gostava de encontrar uma terceira via, notando que “a estrutura é muito cacicada” e que será difícil ao comentador Prata Roque encontrar apoios. “Não basta aparecer na televisão.”

Entre os que apoiam Prata Roque defende-se que a vantagem da candidatura é precisamente a de tirar o partido da lógica aparelhística, notando que Pedro Nuno Santos tem, desde a JS, criado à sua volta um núcleo duro composto essencialmente por pessoas que são funcionários do partido ou trabalham em gabinetes. “É algo que afunila o PS”, comenta um socialista, que vê na forma como uma figura como Ricardo Leão chegou à liderança da FAUL um sinal desses tempos. “É uma figura que não tem a dimensão de outros líderes da FAUL”, nota a mesma fonte, recordando que por aí passaram nomes como António Costa, João Soares, Jorge Coelho, Edite Estrela ou mesmo Joaquim Raposo.

Miguel Prata Roque apoiou Pedro Nuno Santos nas últimas diretas, mas está longe de ser um pedronunista. Na JS, estavam em polos opostos da barricada: Pedro Nuno mais à esquerda, Prata Roque mais ao centro. Mas o tempo no Governo aproximou-os e ajuda a explicar o apoio nas diretas.

Há, contudo, outra consequência do caso Ricardo Leão: um debate interno sobre como lidar com o Chega. Se figuras como Isabel Moreira ou Alexandra Leitão têm defendido abertamente que essa disputa se faz no campo das convicções e da demarcação total, há quem (sobretudo nas estruturas locais) note a necessidade de ter um discurso consonante com o ar dos tempos, que dê mais respostas às questões que a imigração suscita e que não deixe ao partido de André Ventura o monopólio de um discurso sobre a exigência na atribuição de apoios sociais.

Se as críticas a Ricardo Leão subiam de tom, no espaço público, nos bastidores do PS a condenação não foi propriamente unânime

“O combate à extrema-direita não se faz só com declarações, faz-se com políticas concretas (…) É assim que se combate a extrema-direita, resolvendo os problemas dos portugueses”, disse Pedro Nuno Santos na reação ao texto de António Costa, repudiando a insinuação de qualquer taticismo. “Se há político em Portugal que não é tático sou eu”, insistiu.

Em Setúbal, um distrito onde a extrema-direita tem crescido, a discussão já deu frutos. André Pinotes Batista, líder da Federação de Setúbal, pediu a Nuno Mascarenhas (presidente da Câmara Municipal de Sines) e a Patrícia Gaspar (antiga secretária de Estado da Administração Interna) para prepararem um plano de intervenção a nível local para as migrações, a tempo das próximas autárquicas, como avançou o jornal Público.

De resto, Eurico Brilhante Dias, ex-líder parlamentar do PS, também já veio defender “uma reflexão” sobre esta questão, notando que “há problemas com o Estado Social e da relação da classe média com o Estado Social” que obrigam o PS a ter uma posição sobre o tema e a dar-lhe respostas que não passem pela divisão entre a classe média, os pobres e os muito pobres.

Palavras-chave:

Já quase tudo foi dito e escrito sobre a futura Administração Trump, que toma posse a 20 de janeiro. Portanto, basta-nos repisar a matéria dada. Não é normal que o homem mais rico do mundo seja escolhido para liderar um ministério com o pomposo nome de “Departamento para a Eficácia Governamental”, inventado para cortar cerca de dois biliões de dólares no erário público – quase um terço do orçamento ainda em vigor. Como Elon Musk gosta de se armar em engraçadinho e agora até acha que consegue fazer rimas como se fosse um rapper, escreveu na rede social de que é proprietário que a sua nomeação é uma forma de “desmantelar o excesso de burocracia”, “reestruturar as agências federais” (entenda-se eliminá-las) e “cortar nas despesas inúteis”. Em suma, tem um “mandato para acabar com a gigantesca regulamentação que em nada contribui para o bem comum”. Como? “Bem comum”? Estará ele a falar da humanitas, uma das virtudes que Cícero, na Roma Antiga, considerava indispensável na política da república e que também significava “amor pelo próximo”? Não, não vamos acreditar que o dono da X e da Space X conhece a obra e os ensinamentos do filósofo que viveu um século antes de Cristo. Logo ele que faz gala em “ser pragmático” e “não perder tempo” com idiotices históricas ou “leis absurdas”. Sim, estamos a falar do omnipotente e prepotente patrão da Tesla que, por exemplo, possui uma fábrica na Alemanha em que os funcionários são perseguidos por estarem de baixa médica. Ficção? Antes fosse.

Este artigo é exclusivo para assinantes. Clique aqui para continuar a ler

Palavras-chave: