Um novo estudo realizado por uma equipa conjunta de investigadores das Universidades de Cambridge e de Exeter, no Reino Unido, sugere que medicamentos comuns – como antivirais, antibióticos e vacinas – estão associados à redução do risco de demência. Segundo as conclusões do estudo, publicado recentemente na revista científica Alzheimer’s and Dementia: Translational Research & Clinical Interventions, a utilização destes medicamentos pode acelerar o desenvolvimento de novos tratamentos para a demência.

Atualmente, os medicamentos indicados para esta doença estão direcionados para o tratamento de sintomas. “Precisamos urgentemente de novos tratamentos para abrandar a progressão da demência, se não mesmo para a prevenir. Se conseguirmos encontrar medicamentos que já são autorizados para outras doenças, podemos submetê-los a ensaios e – o que é crucial – disponibilizá-los aos doentes muito mais rapidamente do que poderíamos fazer com um medicamento totalmente novo”, explicou Ben Underwood, da Universidade de Cambridge, um dos investigadores envolvidos no estudo.

Para a investigação, a equipa de especialistas realizou uma revisão sistemática de 14 estudos anteriores, com dados médicos de cerca de 130 milhões de pessoas – das quais 1 milhão com a patologia – que já estabeleciam uma associação entre estes medicamentos e o risco de demência. Através dessa análise, e embora tenha existido alguma falta de consistência entre os estudos na identificação destes medicamentos, foi possível identificar uma associação entre os antibióticos, antivirais e vacinas e uma redução do risco de desenvolvimento da doença. “A associação entre antibióticos, antivirais e vacinas e a diminuição do risco de demência é intrigante”, pode ler-se no estudo.

Medicamentos anti-inflamatórios – como o Ibuprofeno – também foram associados a uma redução do risco. Entre as vacinas analisadas, os investigadores destacaram a associação entre as vacinas contra a difteria, hepatite A, febre tifoide e combinação de hepatite A e febre tifoide e uma redução do risco de demência entre os 8 e os 32 por cento.

Embora os resultados do estudo sejam animadores, os autores do mesmo defendem ser necessários mais testes e ensaios clínicos para comprovar a eficácia destes medicamentos na redução do risco de demência. “O facto de um determinado medicamento estar associado a um risco alterado de demência não significa necessariamente que cause ou que ajude, de facto, a combater a doença”, explica Ilianna Lourida, uma das autoras do estudo. Atualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que cerca de 55 milhões de pessoas sofram de demência em todo o mundo.

Banzo, de Margarida Cardoso

Portugal tem dificuldade em lidar com o pior lado da sua História, o passado violento de usurpação e escravatura. Só assim se explica a quase ausência do tema na cinematografia portuguesa, apesar do seu inegável potencial narrativo. Banzo, de Margarida Cardoso, torna-se assim um objeto raro no cinema português. E tem como primeiro mérito o de preservar a memória, contra narrativas atenuantes, para que a História não se replique. 

Margarida Cardoso, que tem dedicado a parte mais significativa do seu percurso à revisitação do passado colonialista, tendo como cenário predileto Moçambique, desta vez viaja até São Tomé para contar uma história de escravatura, já depois da sua abolição oficial. Banzo passa-se em São Tomé em pleno século XX, quando os exploradores das roças disfarçam a escravatura efetiva com a figura dos “contratados” – vinham voluntariamente, ou forçados, mas perdiam os seus direitos e eram tratados como escravos. 

É-nos dado preferencialmente o ponto de vista de um médico que chega à roça e se depara com um grupo de escravos que sofrem de uma doença mortal apelidada de “banzo”, que pode traduzir-se num estado profundo de melancolia.

O filme oferece-nos um mundo de Natureza frondosa que se transforma num cárcere, em que tudo se torna opressivo, incluindo a chuva e a floresta. Margarida consegue assim tirar partido da generosidade natural da ilha num sentido contrário ao esperado. O ambiente é opressivo no seu todo. Não só para os escravos, mas também para os portugueses que vêm da metrópole, em busca de melhores condições de vida, e acabam a trabalhar como capatazes. 

Banzo é feito de personagens fortes e boas interpretações – não só de Carloto Cotta, no papel principal, como de Gonçalo Waddington, Sara Carinhas e Hoji Fortuna. O filme chega às salas depois de ter vencido o prémio da Competição Nacional do IndieLisboa. Com Carloto Cotta, Gonçalo Waddington, Sara Carinhas e Hoji Fortuna > 127 min 

O Brutalista, de Brady Corbet

Na pole position para a corrida dos Oscars deste ano está O Brutalista, do jovem realizador e ator americano Brady Corbet. Um filme que ganha uma leitura política acrescida no atual contexto dos Estados Unidos. 

Corbet conta a história de um arquiteto judeu húngaro, sobrevivente ao Holocausto, que decide emigrar para os EUA, em luta pelo sonho americano. No país de todas as oportunidades, passa por inúmeros obstáculos, incluindo a xenofobia, na sua persistente luta para encontrar estabilidade para si e para a sua família. O filme conta com um elenco de luxo, com Adrien Brody em destaque.

Recorde-se que Brody também foi o ator principal de O Piano, de Roman Polanski, e beneficia da memória do espectador para uma maior credibilidade da interpretação.

O Brutalista, primeiro filme de fôlego de Corbet, tem feito um percurso notável, vencendo, entre outros, o Leão de Prata, em Veneza, e três Globos de Ouro, incluindo o de Melhor Filme na categoria de Drama. Na lista dos nomeados aos Oscars 2025, soma dez nomeações. A cerimónia de entrega dos prémios está marcada para a madrugada de 3 de março (hora portuguesa). Com Adrian Brody, Felicity Jones, Guy Pearce, Joe Alwyn > 214 min 

Entre o final da Guerra Civil (1861-1865) e o início da Grande Depressão de 1929, os republicanos venceram 12 das 16 eleições presidenciais nos Estados Unidos da América (EUA). Essa Longa Era Dourada, de grande crescimento económico, foi marcada pela ascensão de homens que fizeram fortuna com os caminhos de ferro, a extração de petróleo e carvão, a construção de automóveis e a banca. John D. Rockfeller surge no topo da lista, seguido pelo magnata das finanças J. P. Morgan e pelo barão da indústria Henry Ford.

John D. Rockefeller (1839-1937)
O homem mais rico do seu tempo

O primeiro bilionário da América, dono de uma fortuna avaliada em 2% do PIB, foi também o fundador do filantropismo moderno e o patriarca de uma das mais poderosas dinastias de negócios nos EUA. Nada disso retira a John Davison Rockefeller o rótulo de homem enigmático e controverso, sobretudo depois de ter sido acusado de recorrer a práticas monopolistas para transformar uma pequena refinaria de Cleveland num vasto império petrolífero chamado Standard Oil Company.

John foi o segundo de seis filhos de uma família de agricultores remediados de Cleveland, no estado do Ohio. Terminados os estudos, juntou mil dólares num primeiro emprego como guarda-livros, pediu outros mil dólares ao pai e, com um sócio, investiu no negócio do petróleo, à medida que a cidade onde crescera se transformava num centro de refinação para toda a costa leste dos EUA.

Em 1872, a Standard Oil Company, fundada dois anos antes com um capital de um milhão de dólares, controlava quase todas as refinarias de Cleveland, além de duas outras situadas perto de Nova Iorque. A procura de petróleo crescia a bom ritmo, com a descoberta de novas aplicações como o querosene para iluminação e os combustíveis para os automóveis, dando origem à concentração de todos os negócios na Standard Oil Trust, com um capital de 70 milhões de dólares distribuído por um conjunto de 42 sócios.

Mas a companhia de John D. Rockefeller tornou-se demasiado grande, adotando práticas predatórias de preços que dificultavam a vida à concorrência. Nos anos 1890, a Standard Oil controlava 75% do negócio do petróleo nos EUA e ocupava 100 mil trabalhadores. Os jornais referiam-se-lhe como “O Polvo” e criticavam “o monopólio mais cruel, atrevido, impiedoso e ganancioso que já se apoderou de um país”. Um dos ataques mais eficazes contra o magnata foi a publicação de uma série de artigos assinados por Ida Tarbell, uma conhecida jornalista de investigação, denunciando os atos de espionagem, guerras de preços e atropelos da lei para conquistar o controlo absoluto do mercado.

Mesmo estando na mira de jornalistas e políticos, a Standard Oil somava lucros atrás de lucros e ganhara uma aura de invencibilidade. Até que Theodore Roosevelt, o republicano que assumiu a Presidência em 1901, iniciou dezenas de processos contra o império Rockefeller, ao abrigo da lei antimonopólio Sherman. No livro The Power and the Money (ed. Regnery History, 2024), o autor Tevi Troy descreve a reação irada do inquilino da Casa Branca quando descobriu que o filho e sucessor do magnata, John D. Rockefeller Jr., enviara telegramas de apoio a seis senadores que se opunham à tentativa presidencial de quebrar o monopólio petrolífero. Entre outros “mimos”, Roosevelt considerou o episódio como “a tentativa mais descarada da história do lobby”.

Em 1904, a família Rockefeller decidiu “relutantemente” apoiar Roosevelt para um mandato presidencial completo, reconhecendo que “provavelmente venceria as eleições”, como veio a acontecer. Uma doação de campanha no valor de 100 mil dólares, tornada pública, criou um sério embaraço ao candidato. Este admitiu que a aceitação do dinheiro o colocaria “sob uma obrigação imprópria” e anunciou que iria devolvê-lo aos donos da Standard Oil. Ao que parece, não terá chegado a fazê-lo porque a quantia já teria sido gasta na campanha… Durante o mandato de Roosevelt, os Rockefeller não tiveram descanso. Depois da publicação de diversas leis antimonopolistas e de uma longa batalha judicial, o Supremo Tribunal dos EUA considerou, em 1911, que o cartel violava a lei Sherman e determinou o seu desmantelamento. As 38 companhias destacadas da empresa-mãe deram origem a gigantes petrolíferas como a ExxonMobil, a Chevron, a Amoco, entre outras. A separação, contudo, tornou o clã ainda mais rico do que antes.

Embora tivesse sido presidente da Standard Oil até ao desmembramento, John D. Rockefeller afastara-se dos negócios em 1896, aos 57 anos. Sofrendo de alopecia, doença que lhe provocou a queda do cabelo (substituído por uma peruca) e a perda do bigode farfalhudo, o magnata passou as quatro décadas seguintes a lançar as bases da filantropia moderna, através de generosas doações à Igreja Batista, da qual era um fervoroso devoto, e de financiamentos dirigidos à Educação que culminaram na criação da Universidade de Chicago. Com a ajuda do filho, John Jr., fundou instituições como o Rockefeller Institute for Medical Research (hoje Universidade Rockefeller) ou a Fundação Rockefeller, vocacionada para as áreas da ciência e da medicina. Morreu em 1937, dois meses antes de fazer 98 anos.

J. P. Morgan (1837-1913)
O financeiro da nação

John Pierpont Morgan, o banqueiro mais poderoso do seu tempo, ocupou um lugar de destaque na história dos desastres financeiros que marcaram a passagem do século XIX para o século XX. No início de novembro de 1907, quando uma crise bolsista ameaçou a saúde do sistema, convocou os banqueiros mais influentes de Nova Iorque para uma reunião na sua biblioteca particular, num sábado à noite. Pediu-lhes que apoiassem uma das instituições em dificuldades, a Trust Company of America, mas os convidados recusaram e começaram a discutir formas alternativas de debelar a crise. Já de madrugada, aperceberam-se de que o anfitrião os tinha fechado na biblioteca e guardado a chave. Este lançou-lhes um ultimato: ou ajudavam o banco em questão ou enfrentavam as consequências da falência e o pânico que se seguiria. A reunião só terminou às 4h45 de domingo, depois de todos terem assinado um acordo de assistência mútua para salvar o sistema.

Anos antes, a seguir à crise financeira de 1893 que ameaçou consumir o ouro da nação e fragilizar o mandato do Presidente democrata Grover Cleveland, Morgan e outros banqueiros adquiriram títulos do Tesouro e comprometeram-se a pagá-los com o precioso metal, para ajudar a repor as reservas da nação. Mas o seu “patriotismo” não foi entendido como tal. O magnata acabou por ser investigado pelo Congresso em 1895, devido ao montante recebido em comissões, e a reputação do Presidente Cleveland não recuperou da polémica.

Protótipo Henry e a mulher, Clara, circulando no primeiro automóvel, construído a partir de um chasside carrinho de bebé e rodas de bicicleta

Natural do Connecticut, J. P. Morgan nasceu em berço de ouro e foi educado para suceder ao pai, o financeiro Junius Spencer Morgan, cujos negócios se estendiam ao continente europeu. Durante décadas, construiu uma sólida carreira na alta finança e em 1895 era líder absoluto da J. P. Morgan & Company, uma das casas bancárias mais poderosas do mundo. Devido às ligações a influentes banqueiros britânicos, financiou a reorganização de várias companhias ferroviárias, começando por unir a New York Central Railroad e a Pennsylvania Railroad. Mais tarde, reestruturou as principais linhas ferroviárias do país, incluindo a Southern Railroad, a Erie Railroad e a Northern Pacific Railway, e passou a controlar cerca de oito mil quilómetros de linhas férreas. Na mesma altura, financiou operações de consolidação industrial que deram origem a gigantes do aço, como a US Steel Company, e do setor elétrico, como a General Electric.

Através de um sistema de participações cruzadas nas empresas que reestruturou, Morgan e a sua casa bancária alcançaram uma forte posição de controlo sobre alguns dos maiores grupos industriais e instituições financeiras do país. A acumulação de tanto poder valeu-lhe a desconfiança ocasional dos governos federais. Em 1902, durante o mandato de Theodore Roosevelt, foi acusado de monopólio na ferrovia, o que levou ao desmembramento da Northern Securities Company. Apesar disso, continuou a ser a maior figura do capitalismo americano até à sua morte, aos 75 anos.

Henry Ford (1863-1947)
O espírito da América industrial

Henry Ford encarnou o espírito da industrialização que transformou a América numa potência. Filho de imigrantes irlandeses, deixou a escola aos 15 anos e deu asas ao espírito empreendedor. Em 1896, construiu o primeiro automóvel motorizado, a partir de um chassi de carrinho de bebé e de umas rodas de bicicleta. Radicado em Detroit, uma pequena cidade industrial com 200 mil pessoas na região dos Grandes Lagos, lançou a Ford Motor Company em 1903. Aos 40 anos, o seu objetivo de “pôr a América nas rodas” concretizou-se. O mítico Modelo T, lançado em 1908 e rapidamente transformado num sucesso, vendeu cerca de 15 milhões de unidades até o seu fabrico ser descontinuado em 1927.

A popularidade do Modelo T revolucionou as técnicas de gestão e de produção em massa, através da instalação de cadeias de montagem em série na indústria automóvel – um processo que ficou conhecido como fordismo. O tempo médio de fabrico caiu de 12 horas para apenas 1h33 por veículo, o que permitiu colocar automóveis no mercado a preços cada vez mais baixos. Até a característica cor preta dos Ford T se devia à secagem rápida da pintura. “Vou dar a cada americano o automóvel da cor que ele prefere, desde que seja o preto”, dizia o empresário. As últimas unidades do Modelo T custavam apenas 300 dólares cada, menos de metade do preço das primeiras saídas da fábrica de Detroit duas décadas antes.

Pacifista e idealista, o industrial financiou uma missão de paz e viajou para a Europa num navio a vapor, numa tentativa de travar a I Guerra Mundial, mas regressou a casa coberto de ridículo devido ao insucesso da iniciativa. Em 1918, a convite do Presidente democrata Woodrow Wilson, apresentou-se a uma eleição para o Senado. Este acreditava que Ford poderia decidir a votação a favor da criação da Sociedade das Nações, na qual se empenhou profundamente. “Você é o único homem em Michigan que pode ser eleito e ajudar a trazer a paz que tanto deseja”, escreveu-lhe o Presidente. “Se querem eleger-me, deixe-os fazê-lo, mas não investirei nem um cêntimo”, respondeu. Derrotado por sete mil votos pelo candidato republicano, manteve o apoio a Wilson quando este fez uma ronda de palestras no verão de 1919 para promover a iniciativa.

Ford mandou disparar contra uma marcha da fome organizada por trabalhadores da indústria automóvel, causando cinco mortos e mais de 60 feridos

Na década de 1930, beneficiou, tal como outros industriais, do New Deal do Presidente Franklin D. Roosevelt, que apostou na construção de mais de 65 mil quilómetros de estradas e autoestradas para tirar a América da Grande Depressão. Além dos fabricantes de automóveis, por detrás do plano estiveram as pressões das grandes companhias petrolíferas e dos bancos que tinham apostado no automóvel como substituto do comboio.

Apesar de pagar melhores salários e de ter reduzido a semana de trabalho para 40 horas nas suas fábricas, nunca gostou dos sindicatos e sempre fez tudo para quebrar os movimentos grevistas. Em março de 1932, mandou disparar contra uma marcha da fome organizada por trabalhadores da indústria automóvel, causando cinco mortos e mais de 60 feridos. Em maio de 1937, os seguranças da Ford, obedecendo às suas ordens, espancaram selvaticamente membros do United Automobile Workers (UAW).

Com a ascensão do fascismo na Europa, Ford adotou um discurso antissemita, destilando ódio contra os judeus, que considerava uma das desgraças da Humanidade. Declarou apoio a Hitler, foi condecorado em 1938 com a Ordem de Mérito da Águia Alemã e opôs-se à entrada dos EUA na II Guerra Mundial, afirmando que resultava de uma conspiração dos “financiadores das guerras”. Como outros magnatas, nunca confiou totalmente na atuação de Franklin D. Roosevelt. No início do conflito, ainda forneceu material de guerra à Alemanha nazi, mas, a partir de 1942, iniciou o fabrico de aviões de guerra B-24 para as tropas norte-americanas.

Henry Ford morreu em 1947, meses antes de completar 84 anos, na sua casa de Fair Lane, não muito longe de Detroit, onde residia com a mulher, Clara. Na altura, a General Motors já tinha vencido a corrida por uma América motorizada, deixando a Ford para trás.

Passa o tempo. A intensidade desvanece. O desejo transforma-se em memória e, sem que se perceba, instala-se uma distração camuflada. A ausência é silenciosa. O que era urgente vira rotina e o que antes era valorizado agora é dado como garantido.

Há um momento em que o olhar de alguém parece ser a nossa única prioridade no mundo. Depois, sem aviso, a magia esmorece.

Como passamos de “adoro ouvir-te” para “desculpa, não estava a prestar atenção”? De “não quero perder um minuto contigo” para “estou cansado, falamos depois”?

A distração nas relações raramente é explosiva. É silenciosa. Invisível. Esconde-se no adiamento de uma conversa importante, na troca de um café a dois por horas em frente ao ecrã ou naquelas mensagens lidas que ficam sem resposta. Cresce nos beijos dados por rotina, nos abraços sem calor e nas distrações digitais que fazem esquecer quem está presente.

O que a ciência nos ensina sobre o amor

No início de uma relação, o cérebro é inundado por dopamina e oxitocina, criando uma euforia intensa e uma conexão profunda. Com o tempo, porém, essa explosão hormonal estabiliza.

É aqui que as escolhas conscientes entram em cena. O que antes era movido pela novidade passa a depender de pequenos gestos planeados. À medida que o cérebro procura otimizar energia, começamos a automatizar comportamentos que antes eram vividos com total atenção.

Não é por mal. Não é intencional, mas é, de certa forma, deliberado. Num esforço para equilibrar tantas prioridades, acabamos por negligenciar quem está ali, mesmo ao lado. Não é sempre por falta de amor, mas pela ilusão de que o conquistado não precisa de cuidado constante. Pela distração e pela crença reconfortante de “em breve melhora”. A verdade, no entanto, é clara: ninguém sobrevive apenas de bons começos.

4 dicas de casal para colar no frigorífico e garantir que não expira!  

Em vez de lutar contra o desgaste, concentre-se no essencial: cuidar, fortalecer a relação e redescobrir o que vos aproxima.

  • Transformem o “como foi o teu dia?” num momento VIP: Perguntem com atenção e ouçam sem distrações. Larguem os telemóveis, olhem nos olhos e deem espaço para a conversa. Só isso já faz uma grande diferença.
  • Comunicação sem drama: Falem sobre o que sentem de forma direta e tranquila. Sem complicar ou filtrar. A honestidade é o mais importante.
  • Surpresas para o dia a dia (ou para as noites!): Deixem um bilhete, enviem uma mensagem ou façam algo simples, mas inesperado. Um pequeno gesto pode transformar o dia um do outro.
  • Gratidão é uma escolha: Não deixem que a rotina apague o valor das pequenas coisas. Agradeçam-se mutuamente, seja por algo simples, como o café da manhã ou um gesto carinhoso. Reconhecer estes momentos reforça a conexão e fazem toda a diferença no dia a dia.
  • Rebobinem o filme até ao início: Voltem a fazer algo que adoravam no início da relação. Pode ser um jantar no restaurante onde tudo começou ou ouvir a música que marcou aquela época. As memórias antigas ajudam a criar novos momentos.

No fundo, é simples: cuide como no início. Porque o início não é um momento no tempo; é uma atitude diária, uma escolha contínua de dedicação e atenção.

MAIS ARTIGOS DESTE AUTOR

+ E se o seu maior sucesso estiver num “quase”?

+ Por fora, celebração, por dentro, um misto de gratidão e inquietude. Os conflitos internos de fazer anos e dicas para os ultrapassar

+ O vazio do Natal: Também sente esse silêncio?

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Palavras-chave:

O caso em que é suspeito do furto de malas dos tapetes de bagagens das chegadas dos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada quando viajava de e para os Açores “rebentou psicologicamente” Miguel Arruda, que vai meter “baixa psicológica” .

Em declarações à SIC, o agora deputado independente acrescenta que o caso está também a afetar emocionalmente a família, que “está um caco”.

Já esta sexta-feira Miguel Arruda viaja para os Açores e sem data de regresso. “Não sei quando volto. Vou desligar o telefone”, afirmou.

Todos os anos, o Dia Internacional da Educação, celebrado a 24 de janeiro, oferece ao mundo uma oportunidade para refletir sobre o poder transformador da educação. Com os desafios globais, desde a pobreza e a desigualdade até às alterações climáticas e aos conflitos, a educação é uma das ferramentas mais eficazes que temos para construir um futuro melhor. Por isso, é um dia de celebração em torno do que alcançamos com a educação, mas também um apelo à ação para garantir que todas as pessoas tenham acesso a uma educação de qualidade.

Em 2025, a propósito deste dia, a UNESCO propõe-nos a reflexão sobre a inteligência artificial e a educação a partir do tema “AI and Education: Preserving Human Agency in a World of Automation” (IA e Educação: Preservar a Agência Humana num Mundo de Automação). A inteligência artificial está a transformar a forma como vivemos, trabalhamos e aprendemos, com oportunidades e desafios. A educação, como pilar fundamental da sociedade, pode contribuir para melhor enfrentarmos os desafios e aproveitarmos as oportunidades trazidas por esta revolução digital, enquanto preserva o papel central da humanidade no processo educativo. A agência individual e coletiva é, talvez, uma das condições que pode garantir o uso inteligente e humanizado da IA.

Preservar a agência humana significa garantir que alunos e professores mantêm o controlo sobre as suas experiências educativas, mesmo num ambiente cada vez mais automatizado. Isto envolve um uso consciente e ético da IA, onde a tecnologia serve para potencializar, e não substituir, a interação humana. O desafio reside em encontrar formas de integrar a IA que respeitem a criatividade, o pensamento crítico e a empatia – competências essenciais para a formação de cidadãos conscientes e participativos.

A inclusão também desempenha um papel crucial neste cenário. A implementação de ferramentas de IA na educação deve ser feita de forma que não se ampliem as desigualdades existentes, mas sim se reduzam. É necessário garantir que todos os alunos têm acesso às tecnologias, nos seus diversos usos e, sobretudo, a uma educação que contribua para um uso informado, consciente e ético. A tecnologia integra necessariamente a educação hoje, mas o centro de ação da educação deve continuar a ser a pessoa. Por isso, neste dia, fica o apelo à ação no sentido de se potenciar a agência individual e coletiva tendo em vista uma educação humanizada, centrada na pessoa.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Uma startup chinesa chamada Lingkong Tianxing Technology apresentou um protótipo de drone chamado Cuantianhou que vai abrir caminho para o voo supersónico de passageiros. A empresa alega que o veículo não tripulado vai conseguir viajar a velocidades quatro vezes superiores à velocidade do som (Mach-4, cerca de 4.900 km/h). O modelo é uma adaptação de tecnologia militar hipersónica à realidade da aviação comercial. A startup quer que este drone seja a base para a criação de um jato de passageiros supersónico.

O primeiro voo de testes deste drone está marcado para o próximo ano, mas a startup já realizou um voo de um protótipo de avião comercial capaz de duplicar o desempenho supersónico do Concorde em outubro do ano passado, lembra o Interesting Engineering.

Empresas dos EUA e da Suíça também estão a realizar experiências semelhantes neste setor. Nos EUA, está a ser desenvolvido um avião capaz de atingir velocidades Mach-5 e na Suíça o foco está em modelos alimentados a hidrogénio, mas em nenhum dos países foi ainda realizado qualquer voo. Na China, os primeiros voos de protótipos de avião comercial supersónico estão marcados para 2030.

Este drone chinês vai conseguir atingir Mach 4,2 a uma altitude de 20 quilómetros, mais do dobro da velocidade do Concorde. Com um peso de 1,5 toneladas e comprimento de sete metros, o drone tem dois motores de detonação para se conseguir movimentar.

O voo de outubro do avião Yunxing foi um sucesso, com a empresa a testar tecnologias essenciais como a aerodinâmica, a resistência ao calor e os sistemas de controlo, o que permite antecipar a janela de voo de protótipo comercial completo de 2027 para 2026. No Cuantianhou, estão a ser implementadas melhorias, nomeadamente no formato e nos componentes. O drone tem um consumo eficiente de combustível, necessitando de seis quilos para voar 50 quilómetros.

Os próximos passos envolvem desenvolver soluções de supressão de ruído, tirar partido da ciência de materiais e novos sistemas de controlo, para conseguir desenvolver mais rapidamente a aviação supersónica de passageiros.

A Equipa Global de Investigação e Análise (GReAT) da Kaspersky prevê que o panorama de cibersegurança vai registar um aumento das ameaças persistentes avançadas (APT) em 2025. Esta equipa destaca a ascensão de alianças hacktivistas, o aumento de utilização de ferramentas alimentadas por Inteligência Artificial por parte de intervenientes associados ao Estado e ataques à cadeia de abastecimento em projetos de código aberto e um aumento no desenvolvimento de malware utilizando Go e C++.

Este grupo da Kaspersky monitoriza mais de 900 grupos de cibercriminosos e operações APT em todo o mundo, proporcionando um mapa para as organizações e profissionais se prepararem para o ano. Maher Yamout, investigador principal no GReAT, alerta que “a IA é uma faca de dois gumes. Enquanto os cibercriminosos a utilizam para melhorar os seus ataques, as equipas de defesa podem aproveitar o seu poder para detetar ameaças mais rapidamente e reforçar os protocolos de segurança. No entanto, os especialistas em cibersegurança devem abordar esta poderosa ferramenta com cautela, garantindo que a sua utilização não abre inadvertidamente novas vias de exploração”.

Também a tecnologia deepfake, para se fazerem passar por indivíduos importantes, vai ser mais usada este ano para, por exemplo, criar mensagens ou vídeos convincentes para enganar funcionários, roubar informações confidenciais ou executar outras ações maliciosas.

De acordo com o relatório, as principais ameaças para 2025 passam por:

– Aumento de ataques à cadeia de abastecimento em projetos de código aberto;

– Malware C++ e Go capaz de se adaptar ao ecossistema de código aberto;

– iOT como vetor de atauqe APT (com a previsão de 32 mil milhões de dispositivos da Internet das Coisas em 2030, aumentam os riscos de segurança associados a servidores inseguros ou firmware desatualizado, o que os torna vulneráveis e alvos apetecíveis);

– Aumento do número e atividade de alianças hacktivistas, que partilham ferramentas e recursos para atingir objetivos maiores e com mais impacto;

– Explorações BYOVD (de Bring Your Own Vulnerable Driver), tendência que surgiu o ano passado e deve continuar em 2025, onde vemos atacantes cada vez mais hábeis em alavancar vulnerabilidades de baixo nível e com técnicas cada vez mais refinadas.

A OpenAI anunciou o Operator, um agente com Inteligência Artificial e que é capaz de “ir à web realizar tarefas por si”, explica a empresa. Este agente só está disponível, para já, nos EUA e para utilizadores do ChatGPT Pro, uma modalidade que custa 200 dólares por mês.

“O Operator consegue ‘ver’ (através de capturas de ecrã) e ‘interagir’ (usando ações do rato e do teclado) com um navegador, permitindo-lhe realizar ações na web, sem necessitar de integrações personalizadas de API”, detalha a OpenAI. O agente é um modelo que combina a capacidade de visão do GPT-4o com um modelo de reforço de aprendizagem e é capaz de interagir com outras interfaces gráficas, noticia o The Verge.

O agente é ainda capaz de se autocorrigir e, se ficar ‘preso’, devolve o controlo ao utilizador, o mesmo acontecendo se a página web estiver a pedir dados sensíveis, como credenciais. Depois, pede ainda autorização para ações como enviar um e-mail e está configurado para “recusar pedidos nocivos e bloquear conteúdo não autorizado”.

https://x.com/OpenAI/status/1882509286439637448

Nesta fase, a OpenAI está a colaborar com empresas como DoorDash, Instacart, OpenTable, Priceline, StubHub, Thumbtack ou Uber para o Operator poder ajudar em tarefas e cenários pedidos, ao mesmo tempo que cumpre as normas.

A OpenAI pretende disponibilizar mais tarde o Operator aos utilizadores de outras modalidades do ChatGPT e chegar a outros países, eventualmente integrando-o no ChatGPT.

Palavras-chave: