Visão
Num filme famoso – e escandaloso – do início dos anos 1960, o realizador Pietro Germi conseguiu sintetizar, numa hilariante sátira, o machismo ridículo que vigorava então nos países do Sul da Europa. A comédia, intitulada Divórcio à Italiana, contava a história de um decadente aristocrata siciliano, interpretado pelo inesquecível Marcello Mastroianni, que, ao apaixonar-se por uma prima mais jovem, durante umas férias de verão, procura um estratagema para se livrar da mulher com quem era casado – no tempo em que o divórcio era proibido em Itália. Elabora, para isso, um plano que pensa ser infalível: arranjar um amante para a mulher e apanhar os dois em “flagrante delito”. Em seguida, simulando um “ataque de fúria”, poderia aniquilá-los, ciente de que, nessa época, os homicídios por “honra” eram perdoados pela justiça e aceites pela sociedade.
A sátira à autoridade omnipresente da Igreja Católica e aos “bons costumes”, que tornavam socialmente mais admissível matar o cônjuge do que aceitar o divórcio, era uma “carga” demasiado pesada para os censores do Portugal salazarista. Por isso, aqui, o filme só foi exibido muitos anos depois, após o 25 de Abril, apesar do êxito internacional que obteve, tendo inclusive conquistado o Oscar de Melhor Argumento Original, além de outros prémios em diversos festivais.
Salvaguardadas as devidas distâncias, estamos agora a assistir a uma espécie de remake ao vivo de algo semelhante nas relações internacionais, com muitas alianças a desmoronarem-se, sem que o divórcio seja declarado. E sem que faltem, nalguns casos, até algumas ameaças de assassínio, sempre justificadas por questões de honra ou de interesse próprio.
Após décadas de casamento, com muitas celebrações pelo meio, a Europa e os Estados Unidos da América estão, desde o regresso de Donald Trump à Casa Branca, numa separação de facto. As diferenças entre os dois são cada vez mais acentuadas, há desacordo em quase tudo e, na verdade, já não têm o mesmo interesse em continuar juntos.
Donald Trump, como Marcello Mastroianni no filme, já só pensa em arranjar formas de poder livrar-se dos antigos aliados europeus. Seja através de ameaças de invasão da Gronelândia, administrada pela Dinamarca, do anúncio de novas tarifas para enfraquecer a economia ou patrocinando os radicais e extremistas que querem destruir a União Europeia por dentro. E já nem sequer esconde o seu desejo antigo por um relacionamento mais permanente e estável com Vladimir Putin, que representa a maior ameaça à paz europeia.
O romance entre os dois já é assumido e visível para o mundo. Prova disso foi dada esta semana na Assembleia Geral das Nações Unidas, quando, pela primeira vez, os representantes de Moscovo e de Washington estiveram do mesmo lado, contra a maioria, na recusa em condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia.
Os factos são já mais do que evidentes. A Europa não pode, então, continuar a iludir-se com a aliança e a proteção dos EUA. Precisa de quebrar a relação de décadas de dependência e assumir o divórcio. E deve fazê-lo sem planos maquiavélicos nem subterfúgios, mas antes com frontalidade – a única maneira que tem de ganhar força perante o resto do mundo.
Só há uma forma de o fazer: com uma liderança inequívoca e a firmeza de convicções que nortearam a criação do projeto europeu. Uma convicção assente num Estado social forte e solidário, na defesa da democracia e da liberdade, no respeito escrupuloso pelos direitos humanos e numa ideia de progresso para todos os cidadãos, sem exceções.
Neste processo, ninguém pode dizer que foi apanhado de surpresa. Tudo o que Trump está a fazer é exatamente o que tinha prometido. Não adianta, por isso, continuar a tentar adiar o divórcio cada vez mais próximo e inevitável. Está na hora de começar a fazer as partilhas, como avisou o próximo chanceler alemão, Friedrich Merz, ao assumir que a sua “prioridade absoluta” é garantir “a independência em relação aos EUA”. E, neste caso, é melhor um divórcio litigioso do que continuar a perpetuar crimes justificados pela “honra”.
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Hoje, seria necessário entrar num filme de recriação histórica para entender a importância de uma lei publicada há precisamente 50 ano. As palavras são poucas para fazer sentir aos mais novos como era Portugal nos anos 70. Nada era como hoje. O futuro do País vivia-se na rua, os partidos ensaiavam estratégias e procuravam a sua identidade, os políticos tentavam aprender como governar um país. Uma lei ajudou a mudar tudo. E mostrou como o essencial ainda não estava salvaguardado na legislação.
O País estava a sair de um regime de 48 anos que se sustentava na repressão e que mantinha intensa barragem de fogo sobre a informação, impedindo que a realidade, de dentro e de fora de Portugal, fosse conhecida. Era proibido contar, era proibido saber, era proibido discutir. Até a Coca-Cola estava proscrita.
Daí a importância de recordarmos e celebrarmos a legislação modestamente designada por Decreto-Lei 85-C/75, de 26 de fevereiro de 1975. Viria, porém, a ficar conhecida pela mais digna designação de Lei de Imprensa. Passados 50 anos e um dia, vivemos uma época em que a informação e o jornalismo voltam a ter imperiosa necessidade de se repensar. Já lá iremos.
Defendidos pelos capitães de Abril e consagrados no programa do MFA, o fim da censura e a consagração das liberdade de expressão e de informação mudaram por completo os cenários que se acreditava serem reais no 25 de Abril.

Logo no Dia da Liberdade, a comunicação social libertou-se do espartilho, mas foi o tal decreto 85-C/75 que viria a consagrar os direitos repostos pelo movimento militar e pelas reações que desencadeou.
O Verão Quente de 1975 ainda estava por chegar quando foi publicado o diploma que, logo no artigo primeiro, estipulava a liberdade de acesso às fontes de informação, garantia o sigilo profissional e assegurava a liberdade de publicação e difusão. Mais: defendia as liberdades de empresa, a de concorrência e garantia a “independência do jornalista profissional e da sua participação na orientação da publicação jornalística.” Quem não viveu nos tempos do Estado Novo dificilmente entenderá porque era tão importante fixar na lei conceitos que já eram seguidos em quase todo o mundo moderno. Mas foi.
A Lei de Imprensa não se ficou pela garantia dos direitos básicos. Criou o Estatuto de Jornalista e deu-lhes garantias de independência, ao ponto de estipular o direito a despedirem-se e serem indemnizados se houvesse “uma alteração profunda na linha de orientação de um periódico”.
O que ajuizaria esta “alteração” era o Conselho de Imprensa. Este órgão, um parente muito, muito, muito afastado da atual Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), viria a ter primordial importância no âmbito da regulação da Comunicação Social. Presidido por um magistrado, tinha representantes do MFA, jornalistas, nomes escolhidos pelas empresas, pelos diretores das publicações, do governo e mais quatro cooptados pelos restantes membros. Como qualquer entidade que tem por dever pronunciar-se sobre questões que envolvem o jornalismo, houve decisões que desagradaram aos diferentes setores, mas até por isto se vê como foi independente. Nenhum dos organismos que herdaram as suas competências viria a alcançar o prestígio que o Conselho de Imprensa granjeou.
Papel fundamental tiveram também os conselhos de redação, igualmente nascidos a 26 de fevereiro de 1975. Eram – ainda são, embora com raras provas de pública vitalidade – órgãos presididos pelo diretor do jornal e compostos por jornalistas “da casa”. Acompanhavam a direção do periódico, zelavam pelos rigor e ética – a lei de Imprensa deixou aos jornalistas a criação de um Código Deontológico – e concedia-lhes um poder inesperado, uma “bomba atómica”: recusar o nome indicado para a direção do jornal. Grandes combates travaram, durante anos, os Conselhos de Redação. Diga-se que esta “bomba atómica” teve menos uso do que a atribuída ao Presidente da República para dissolver o Parlamento.
Vem também da Lei de Imprensa a regulação da publicidade e a obrigação de a apresentar bem distinta da informação, impunha que os órgãos de informação fossem detidos e dirigidos por portugueses, criou o direito de resposta, definiu os crimes de injúria e difamação e definiu as multas a pagar por quem “violar qualquer dos direitos, liberdades ou garantias da imprensa consagrados na presente lei”. Impunha, também, a existência de um estatuto editorial.
Para quem puder pensar que a Lei de Imprensa surgiu de um grupo mais ou menos revolucionário, é bom recordar que a comissão que a redigiu foi nomeada pelo então major Sanches Osório, era presidida por Sousa Franco, e tinha entre os seus elementos Francisco Pinto Balsemão (que tinha tentado apresentar um projeto em 1973, juntamente com Sá Carneiro) e Marcelo Rebelo de Sousa.
Curiosamente, o poder não demorou muito a tentar torpedear a legislação, pois durante o governo de Vasco Gonçalves nasceu o chamado “Projecto Jesuíno”, largamente contestado, que admitia transformar “um ou mais jornais diários (…) em órgãos oficiosos”. O “controlo” da rádio e televisão era abertamente defendido. Mais: admitia que viesse a ser criada “legislação revolucionária” e, para “garantir a legitimidade revolucionária” , preconizava “instrumentos revolucionários” que permitissem “uma resposta aos atentados à liberdade e às atitudes contra-revolucionárias”.
Os órgãos de comunicação subordinados às regras do jornalismo perderam força e a mentira e a calúnia andam à solta. A liberdade individual já não termina quando afeta a liberdade dos outros
O diploma de 1975 tinha servido de base para as posteriores lei da rádio e da televisão e foi sofrendo alterações até 1999, quando Jorge Sampaio e António Guterres publicaram a Lei 2/99. Daí para cá, o diploma sofreu pequenas alterações. De 1975, a legislação manteve como desígnio a defesa da liberdade de informação, embora retirando força à participação dos jornalistas e da sociedade civil e aumentando os das administrações e do poder político. Multiplicaram-se os diplomas e contratos que impõem aos funcionários do Estado e de empresas o dever de sigilo, assim restringindo o livre acesso à informação. Uma norma criada por um governo de Cavaco Silva, naquilo que ficou conhecido por Lei da Rolha, e a tentativa de impedir os jornalistas de circularem na Assembleia da República foram os episódios mais mediáticos desta tentativa de controlo às fontes de informação.
Volvidos 50 anos, havendo lei de imprensa, da rádio e da televisão, fica de fora o que é hoje o principal canal de informação: a internet. Num mundo em que o disparate é livre, faltam soluções para regular o que se vai escrevendo no mundo virtual. Tudo é possível, embora nem tudo seja lícito.
Os órgãos de comunicação subordinados às regras do jornalismo perderam força e a mentira e a calúnia andam à solta. A liberdade individual já não termina quando afeta a liberdade dos outros.
Vive-se uma época em que ainda não aprendemos a viver com os avanços. Repare-se como J.D. Vance, vice-presidente dos EUA, veio exigir o direito à difusão de mentiras e de campanhas contrárias a valores civilizacionais adquiridos. Repare-se como a principal agência de notícias norte-americana, a Associated Press, foi banida da Casa Branca apenas porque se recusa a chamar golfo da América ao do México. Tudo isto num país que se dizia ter a imprensa mais livre e era apontado como exemplo.
Não haverá lei capaz de separar o trigo do joio em matéria de informação, sem que se entre no odioso domínio da censura? Daniel Innerarity recorda que “a primeira regra para compreender uma sociedade recomenda que se examine se a retórica coincide com a realidade”. Será isso possível com o ruído das redes virtuais?
O certo é que tem de haver formas de criar defesas, ou a democracia torna-se impraticável. Socorro-me de Yuval Noah Harari e cito: “Pretendo apenas sublinhar que as democracias podem regulamentar o mercado da informação e que a sua sobrevivência depende disso.” A receita: aprender e ensinar a viver com as novas tecnologias. “A maneira mais segura de se evitar uma catástrofe durante o século XXI será por via da manutenção de mecanismos autocorretivos democráticos capazes de identificar e corrigir erros.”
Que diabo, a Inteligência Artificial não há de servir apenas para o mal.
Palavras-chave:
A edição de 2025 do Seguro Directo Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal contou com 72 inscrições, com os automóveis divididos por oito classes. Destes, 43 eram candidatos ao troféu principal, para suceder ao BYD Seal, o grande vencedor do ano passado.
Após os testes dinâmicos, os 18 jurados votaram para escolher os sete finalistas, que passam à fase seguinte. Os escolhidos foram, por ordem alfabética: BYD Sealion 7, Citroën C3, Cupra Terramar, Dacia Duster, KIA EV3, Peugeot 3008 e Renault 5. De recordar que, para o prémio Carro do Ano são candidatos modelos, não versões específicas.
O sucessor do BYD Seal será conhecido no próximo dia 11 de março, juntamente com os vencedores de cada uma das oito classes: Citadino, Design, Desportivo/Lazer, Elétrico, Familiar, Híbrido Plug-in, SUV Compacto (inclui crossovers) e Grande SUV. Nessa ocasião a Comissão Executiva do Seguro Directo Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal 2025 irá ainda atribuir o Prémio Carreira e o Prémio Tecnologia e Inovação.
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“Um imigrante é estrangeiro, mas um estrangeiro não é necessariamente um imigrante. As cadeias têm muita gente que é estrangeira, mas não é imigrante”, disse Luís Neves, na audição na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, por requerimento da Iniciativa Liberal, que pediu “esclarecimentos sobre o real estado da criminalidade em Portugal”.
Luís Neves disse também que a PJ tem dados sobre a nacionalidade de todos os detidos, mas a sua divulgação não é permitida. “A PJ conhece a nacionalidade de todos os nossos detidos, mas não partilhamos [esses dados] porque não nos tem sido permitido partilhar”, explicou Luís Neves a propósito da questão da introdução da nacionalidade no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), que tem sido discutida nos últimos tempos.
Luís Neves destacou ainda os crimes de homicídio e de violência doméstica, que representam uma elevada percentagem do total de crimes cometidos. “Isto é uma vergonha nacional, estes crimes são cometidos na maioria das vezes por cidadãos nacionais”, acrescentou.
Na sua intervenção inicial, Luís Neves falou sobre alguns dos números relacionados com criminalidade violenta, referindo que “a partir de 2010 houve grandes picos de criminalidade violenta, que foram depois estabilizando até ao período da pandemia”.
O mercado imobiliário de luxo está a atravessar uma transformação significativa. Se antes a ostentação e a opulência eram os principais fatores de distinção, hoje, os clientes estão cada vez mais exigentes e atentos a detalhes que vão muito além da mera aparência. A sofisticação está agora aliada à sustentabilidade, à tecnologia e às experiências personalizadas, moldando um novo padrão para o luxo moderno.
A preocupação com a sustentabilidade não é apenas uma tendência passageira, mas uma exigência crescente neste mercado. Os consumidores procuram propriedades e produtos que não apenas reflitam estatuto, mas também uma responsabilidade ambiental concreta. Eficiência energética, materiais sustentáveis, construção ecológica e design bioclimático estão no centro das decisões de compra. A tecnologia também se tornou indispensável: casas inteligentes, integração domótica, segurança avançada e conforto personalizado, através de sistemas de automação, são critérios essenciais para os compradores de luxo. A crescente procura por sustentabilidade e eficiência energética reflete um mercado cada vez mais consciente, em que se destacam propriedades que integram tecnologia verde, como painéis solares e isolamento térmico eficiente. Além do impacto ambiental, estas soluções garantem uma eficiência económica a longo prazo.
Se antes luxo era sinónimo de excesso, hoje está cada vez mais associado à sofisticação e à capacidade de tornar o simples algo especial. A exclusividade não reside apenas no preço elevado, mas na experiência única que um produto ou serviço pode proporcionar. Este novo consumidor não quer apenas um imóvel ou um objeto de luxo, mas sim uma vivência memorável e singular. Os espaços ao ar livre ganharam valor inestimável, especialmente após a pandemia. Hortas privadas, jardins biológicos, varandas amplas e zonas de meditação passaram a ser elementos essenciais nas propriedades de luxo. Há também um aumento do interesse por resorts com foco no bem-estar e em atividades no exterior, promovendo um estilo de vida equilibrado e saudável.
A localização continua a ser um fator crucial no mercado de luxo, mas o que mudou é a perceção do que significa uma boa localização. Antes, bastava estar numa zona nobre; agora, a proximidade ao trabalho, a escolas internacionais, serviços premium e acessibilidades são os fatores que determinam o valor real de um imóvel. Outro ponto que se destaca é a segurança e estabilidade da região. O luxo não é apenas o que está dentro de casa, mas também o que acontece à sua volta. Assim, a escolha de um local passa por um critério mais amplo, que inclui segurança, tranquilidade e qualidade de vida.
A exigência também varia conforme a nacionalidade e o perfil do comprador. Um dos exemplos são os americanos, que preferem destinos com sol e estão muito ligados ao conceito de lifestyle e experiências ao ar livre. Por outro lado, os brasileiros dão prioridade a espaços amplos para atender à complexa logística familiar, incluindo governantas, babysitters e outros serviços domésticos. O investimento em arte é outra tendência crescente, com compradores a exigir paredes que sejam verdadeiras galerias privadas. O luxo está cada vez mais interligado à cultura e à expressão pessoal, tornando-se um reflexo da identidade e dos valores do proprietário.
As branded residences e os imóveis turnkey estão a ganhar destaque, pois eliminam a complexidade do processo de aquisição e adaptação. Estas propriedades, prontas a habitar, oferecem desde acabamentos premium a serviços integrados que garantem conforto e funcionalidade imediatos. Além disso, os clientes procuram cada vez mais outras comodidades como ginásios, piscinas, spas, saunas, salas de meditação, courts de padel e ténis, áreas de cowork, bibliotecas, salas de cinema, salas privadas para receber amigos, concierge, catering, valet parking e personal trainers. Esta exigência reflete uma clientela global muito mais diversificada e atenta ao detalhe.
O domínio das novas tecnologias e ferramentas digitais tornou-se indispensável no setor do luxo. Desde a utilização de plataformas avançadas para apresentações virtuais até à análise de dados de mercado, os consultores de luxo precisam de estar na vanguarda tecnológica para se manterem competitivos. Os clientes internacionais, em particular, esperam um nível de sofisticação digital que lhes permita tomar decisões informadas com rapidez e eficiência.
O mercado de luxo já não é apenas definido pelo preço, mas sim pelo desejo e pela experiência que proporciona. Sustentabilidade, tecnologia, localização estratégica, segurança, personalização e a capacidade de tornar o quotidiano em algo extraordinário, são os novos pilares do luxo contemporâneo. Os consumidores estão cada vez mais exigentes e conscientes, tornando essencial para as marcas e consultores deste segmento, a capacidade de compreender profundamente os desejos dos clientes e entregar não apenas produtos, mas vivências inesquecíveis. O luxo, mais do que nunca, é sobre emoção, exclusividade e significado.
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+ “Ser mulher trabalhadora é um desafio permanente”
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
No próximo dia 1 de março arranca a primavera climatológica – não confundir com a primavera astronómica, que só terá início do final do mês – caracterizada por padrões comuns de precipitação e temperatura – como mudanças bruscas de tempo, temperaturas cada vez mais quentes e precipitação – que se estendem até 31 de maio.
De acordo com Alfredo Graça, geógrafo e editor-chefe da Meteored Portugal, a primavera climatológica deste ano deverá ser marcada por valores de temperatura superiores à média. No continente, os valores mais elevados da temperatura média costumam variar entre os 14 e 18 ºC nos distritos de Santarém, Lisboa, Setúbal, Évora, Beja e Faro. Já nos Açores, rondam, por norma, os 15 e 17 ºC e na Madeira os 17 e 19 ºC. Não está previsto, contudo, que estas anomalias sejam superiores a 1 ºC, com exceção de pequenas zonas do Nordeste Transmontano e Alto Alentejo (distritos de Bragança e Portalegre) onde se preveem anomalias positivas de 1/1,5 ºC.
Primavera deve arrancar com chuva
De acordo com a Meteored, março de 2025 deverá ser um mês com probabilidades de chuva também acima da média – sobretudo no arquipélago da Madeira, ilhas de São Jorge, Terceira e São Miguel (Açores) e regiões a sul do rio Douro (incluindo o Algarve) – devido a uma anomalia positiva de 5 a 10 mm.
Geralmente, os valores médios da precipitação durante os meses de primavera climatológica – março a maio – ultrapassam os 600 mm no Minho (distritos de Viana do Castelo e Braga) e superam os 275 mm nos distritos do Porto e de Viseu. Já no Algarve não chegam, em média, aos 100 mm. Alfredo Graça sublinha, no entanto, que é difícil prever se a primavera será, ou não, muito chuvosa, dado que é possível, nesta estação, existirem diversas situações meteorológicas
Nas últimas três décadas, Marlene Vieira, 45 anos, é a primeira mulher a ganhar uma Estrela Michelin no seu restaurante Marlene, aberto em 2022, no Terminal de Cruzeiros de Lisboa. Na Gala Michelin Portugal 2025, realizada nesta terça, 25, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, só outra mulher se destacou: a jovem Rita Magro, 28 anos (em 2024 tinha sido eleita Jovem Chefe do Ano) que trabalha em equipa com Vítor Matos no Blind, restaurante do Torel Palace Porto, também vencedor de uma Estrela Michelin.
Mas a noite foi de Marlene Vieira, a chefe de cozinha natural da Maia, “portista desde a barriga da mãe” e que, aos 12 anos, já acompanhava o pai nas entregas de carne a vários restaurantes. Foi um deles, aliás, que conquistou Marlene para este mundo: o La Costa Brava, restaurante de cozinha francesa (ainda existente na Maia), no qual trabalhou durante umas férias de verão. Desde então, nunca mais saiu de uma cozinha.
Falámos com Marlene Vieira, pouco depois da cerimónia.
Há 30 anos que não existia uma mulher chefe de cozinha com Estrela Michelin. Como se sente?
É um marco. Sinto que, garantidamente, vai marcar a minha carreira e a de Portugal porque é um país de mulheres cozinheiras. É importante elas usarem um bocadinho da minha energia para seguirem o seu caminho.
O facto de não ter recebido a Estrela Michelin no ano passado, motivou-a ainda mais?
Não sei se motivou… Não quis abdicar de coisas que tinha, como a questão de continuar a trabalhar oito horas… [tal como a equipa]. É um trabalho muito forte internamente e se já existia, este ano saiu fortalecido e uniu-nos mais.

Como é ser mulher no mundo da alta cozinha?
As mulheres que trabalham como chefes de cozinha são donas dos seus projetos. Ninguém investiu nelas. Elas mesmo investiram em si. Não há investimento dentro das organizações para as mulheres, isso não existe. Porque a sociedade quer ver homens a comandar – eu não. Eu alimento-me de talento, gosto de trabalhar com pessoas com talento, é a minha forma de estar na vida. É uma força que ganhei e vem da minha herança familiar. A minha avó [era galega], a minha mãe, toda a vida me ensinaram que ‘se tu não fizeres por ti, ninguém o vai fazer’. Quando a minha mãe me mandou para a escola primária, a primeira coisa que me disse foi: ‘Vais para a primária, vão-te chamar nomes e tu vais ter que te saber defender. Vais ter de lutar.’ E foi isso que fiz, levei aquilo à letra para a vida toda. Portanto, ensinem as vossas filhas e filhos a defenderem-se e a não abdicarem dos seus sonhos por nada, nem pelo marido ou namorado… Só se for por uma causa muito nobre, mas adiam um bocadinho e voltam outra vez.
Não há investimento dentro das organizações para as mulheres. Porque a sociedade quer ver homens a comandar – eu não
É isso que ensina à sua filha de nove anos?
Sim, é isso que lhe ensino. O restaurante Marlene, era para abrir em 2020 [ano da pandemia] e abriu dois anos depois. O pai [João Sá, também chefe de cozinha com uma Estrela Michelin no Sála] ficou com ela em casa e eu fui trabalhar. A minha filha perguntava-lhe porque é que a mãe ia trabalhar. O pai respondia-lhe: ‘Porque a tua mãe só fica saudável se estiver a trabalhar e a fazer comida. Se ela ficar em casa, vai ficar doente’. Eu tenho muita sorte, soube escolher o meu parceiro [risos]. Nós, homens e mulheres, temos que nos proteger no sentido de manter o nosso percurso.
Foi especial receber este prémio no Porto, uma vez que é natural da Maia?
Ui, foi [suspiro]! Parecia que estava escrito. A força que eu tenho vem muito de trás. O mundo sabe que as pessoas do Porto são muito lixadas, até agressivas às vezes na forma de ser e de estar. Se calhar porque tiveram muitas lutas ao longo do seu percurso, sentiram-se inferiores… Também fui educada a sentir-me, de certa forma, inferiorizada e que teria de lutar por um lugar se quisesse destacar-me em alguma coisa. É isso que está na educação das pessoas do Norte, que nos torna resilientes e com muita vontade de vencer. Não tem a ver com competir, tem a ver com vencer. Cresci numa terra batida, tinha muito pouco ou nada, mas do pouco ou nada era preciso fazer muito e construir alguma coisa. Nunca parar. Isso vem da educação. A parte mais difícil da vida é educar um filho. É mais difícil do que criar menus, do que estar numa equipa ou sobreviver a uma pandemia.
O facto de se ser mulher torna muito mais difícil a carreira de uma chefe de cozinha?
Não pensei nisso durante muitos anos. Comecei a pensar nisso mais recentemente, quando me perguntavam. Muitas vezes esqueço-me disso, não penso se sou mulher ou se sou homem. Penso nos meus objetivos, no que quero fazer, nos meus sonhos. É óbvio que quando me perguntam sobre isso hoje, olho para trás e percebo que tive algumas coisas menos boas por ser mulher. Aquela coisa que a minha mãe me dizia: ‘Filha, é uma pedra, vais ter que saltar a pedra.’ Era só um obstáculo para mim, sabia que ia ter que o contornar. Felizmente não pensava nisso, porque depois há a síndrome da vitimização que não nos deixa avançar. Todos nós temos dificuldades, os homens têm muitas dificuldades na cozinha. Hoje menos, mas já houve tempos em que os homens não podiam chorar, mostrar fraqueza. Vocês imaginam o que é isto? Não poder mostrar a vulnerabilidade de chorar numa cozinha. A maior parte das mulheres simplesmente saía, abandonava e ia à sua vidinha. E os homens tinham de aguentar porque a sociedade e os pais os obrigavam a aguentar. Os homens têm uma concorrência enorme, mas dificuldades diferentes.
Não penso se sou mulher ou se sou homem. Penso nos meus objetivos, no que quero fazer, nos meus sonhos. É óbvio que quando me perguntam sobre isso hoje, olho para trás e percebi que tive algumas coisas menos boas por ser mulher
Esta Estrela Michelin vai mudar alguma coisa no restaurante Marlene,?
Em termos de conceito, não vai mudar nada. É um restaurante em que a pessoa se senta, desfruta e vai descobrindo os pratos um a um. A nossa ideia é ir fazendo menus diferentes a cada três meses. Isso não vai mudar, está no nosso ADN. Mas obriga-nos a sair da nossa zona de conforto constantemente. Se isso nos vai levar mais longe? Acredito que sim, porque quando saímos da zona de conforto, há um risco de consistência que tem de ser calculado, mas também há o risco de colher mais frutos.
Na cerimónia, agradeceu a uma cozinheira da sua equipa, Marcela Fernandes [subchefe no Marlene,], que foi mãe há 11 meses. Ser cozinheira e mãe ainda é um empecilho nesta carreira?
Sim, é. Porque as mães têm esta dificuldade de deixar os seus bebés, sobretudo nestes restaurantes gastronómicos que estão abertos essencialmente ao jantar. É uma coisa que acredito que pode vir a mudar no futuro, desde fechar ao sábado e ao domingo a manterem-se abertos à hora de almoço, e se calhar dois ou três dias ao jantar. É uma meta que queremos atingir para que outras mães não tenham de sair muito cedo do lado dos seus filhos, nem os pais. Tenho um subchefe [Mário Cruz] que foi pai há três anos e presenciei a dor que ele sentia por não estar ao lado da filha pequena. É um trabalho que fazemos dentro da nossa equipa, o Marlene nunca vai ser um empecilho a outras crianças nascerem. O meu agradecimento foi mais virado para a Marcela porque sei a luta interior que tive quando estava em casa com a minha filha: sentia uma dor por não estar com a minha equipa, e quando estava com a minha equipa, doía-me não estar com ela.
As mães têm esta dificuldade de deixar os seus bebés, sobretudo nestes restaurantes gastronómicos que estão abertos essencialmente ao jantar. É uma coisa que acredito que pode vir a mudar no futuro
A vírgula no final do nome do seu restaurante (Marlene,) vai manter-se?
A vírgula tem a ver com a história da Marlene Vieira. Aquele restaurante conta a história da minha vida. É o meu percurso, os menus são elaborados com a minha identidade, com aquilo que trago na minha carreira. A vírgula tem que ver com a mudança para o dia de hoje. Vamos trabalhar sempre contemporaneidade no Marlene,. Queremos trabalhar a tradição, os sabores portugueses e a história das pessoas que estão ali na equipa. A vírgula é isso: começa na Marlene e depois há toda uma história que vai estar sempre a ser contada de maneiras diferentes por muitos anos. É isso que queremos.
Como resumiria o que é essencial para uma chefe de cozinha chegar a este patamar?
Excelência e talento, obviamente. Trabalhar e sair da sua zona de conforto, olhar para as coisas com olhar crítico. Eu faço isso muito bem, sou muito autocrítica. E saber ultrapassar todos os obstáculos. Sempre fui muito otimista no meu caminho e não sei ver as coisas de outra forma, apesar de haver momentos de desespero, como aconteceu na pandemia em que achei que iria perder tudo. Mas no dia seguinte, já tinha uma solução. Qualquer um de nós vai encontrar uma solução dentro de si.

Bilhete de Identidade
Aos 16 anos, Marlene Vieira entrou na Escola de Hotelaria de Santa Maria da Feira, começou a trabalhar num hotel de charme em Vila do Conde e, um ano depois, foi para Nova Iorque para o restaurante português Alfama. Dois anos depois regressa a Portugal, passa pela cozinha de hotéis cinco estrelas e, em 2012, abre o Avenue, em Lisboa, e um balcão no Mercado Time Out, também na capital. Mas não ficou por aqui. Em 2020 inaugura o Zunzum Gastrobar e, em 2022, o Marlene, o seu restaurante de alta-cozinha, onde trabalham quatro cozinheiros e cinco pessoas na sala, e no qual revisita as suas memórias. Acaba de ganhar a primeira Estrela Michelin.
A utilização de Inteligência Artificial (IA) nos ambientes integrados de desenvolvimento (IDE) já é comum, com os programadores a contarem com a preciosa ajuda da IA para personalizar os IDE e a ajudar nas tarefas de programação. Os assistentes já conseguem ler e atualizar porções de código identificadas pelos programadores, permitindo ganhos de tempo e de eficiência.
A Google quer levar a utilização de IA na programação para outro patamar e apresentou, já no ano passado, o Gemini Code Assist. Na altura, a ferramenta não conseguiu convencer todos os programadores, apesar de ter sido reconhecida como sendo útil. Na altura, só estava disponível aos utilizadores de modalidades Gemini Advanced e outros clientes empresariais. Agora, a Google anuncia que o Code Assist vai ser gratuito e estar disponível para todos os utilizadores, noticia a ZDNet.
A oferta vai permitir à Google melhorar a ferramenta de forma mais rápida, pois quanto mais feedback de utilizadores recolher, mais correções vai conseguir produzir e disponibilizar.
Além da oferta do assistente, a Google disponibiliza várias ferramentas de integração em modo experimental ou com funcionalidades limitadas. Desta forma, os utilizadores podem testá-las gratuitamente antes de decidir se optam pela aquisição de uma subscrição.
No que toca a limites, a Google revela que os programadores vão poder completar até 180 mil códigos por mês de forma gratuita, o que será suficiente para a maior parte dos utilizadores particulares. A integração já está disponível no VS Code, nos IDEs JetBrain, Firebase e Android Studio.
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A Adobe quer reforçar a presença no segmento dos smartphones e redesenhou a aplicação do Photoshop. Nesta fase, a app está já disponível para iPhone, com mais funcionalidades e uma interface de utilização simplificada. A empresa revela que irá disponibilizar esta versão para Android ainda este ano, em data ainda por definir.
No novo Photoshop, os utilizadores vão poder usar seleções, máscaras e camadas para combinar imagens, substituir elementos com a Tap Select, remover objetos com o Spot Healing Brush e adicionar novos elementos com ferramentas de Inteligência Artificial generativa como o Generative Fill e o Generative Expand.
Com esta aplicação, os utilizadores vão poder usar objetos do Adobe Stock e ligar-se a outras aplicações como o Express, o Lightroom ou o Fresco, noticia o Engadget. Os utilizadores interessados em explorar mais têm disponível uma subscrição mensal de oito dólares (cerca de sete euros por mês ao câmbio atual) que lhes confere acesso a novas funcionalidades, ao Photoshop no iPad e na versão web.
Na modalidade paga, é possível transferir imagens do smartphone para o ecrã do computador, caso seja necessário um ecrã maior ou controlos mais precisos durante o processo de edição. Os pagantes vão ter acesso a outras funcionalidades que tiram partido da IA, como o Firefly Generate Similar, que cria variações das imagens originais, acesso a mais de 20 mil fontes e fazer seleções mais precisas, controlando-se melhor a transparência e iluminação.
Na App Store já é possível descarregar este Photoshop, com a versão para Google Play a estar prometida para ainda este ano.