Netanyahu anunciou nomeação do truculento Trump para o Prémio Nobel da Paz, seguindo as pisadas do Paquistão, que o anunciou inicialmente, há dias, quando os EUA estavam prestes a bombardear o Irão.
Trump finge que os EUA ganham muito com a sua gestão, mas o défice público do país aumentou 6%, segundo dados do Tesouro e quem paga o desvario das tarifas é o consumidor americano.
Putin diz que quer a paz mas só faz a guerra e é um imperialista assanhado que já perdeu a vergonha há muito tempo, bombardeando constantemente as populações civis da Ucrânia.
A China finge que é neutra na Ucrânia mas favorece a Rússia por baixo da mesa, à conta do petróleo russo baratinho e de olho em Taiwan.
A ministra da Saúde faz-de-conta que é a responsável política mais direta pelo estado do SNS, mas não mexe uma palha e cada vez estamos pior com um serviço de urgências miserável, como comprovam mais vinte e cinco mil utentes sem médico de família. Sabe-se agora que ignorou alertas do Tribunal de Contas, INEM e Força Aérea para abrir concurso dos hélis a tempo e horas.
O diretor do SNS finge que exerce as suas funções, mas sacode a responsabilidade e chuta para canto, limitando-se a receber um salário chorudo ao fim do mês.
O director do INEM faz-de-conta que essa estrutura paga pelos contribuintes faz emergência médica, mas dispõe de um único helicóptero que consegue operar durante a noite e que não tem condições para aterrar em nenhum heliporto hospitalar. Entretanto, a ministra da Saúde ignorou os alertas do INEM, Tribunal de Contas e Força Aérea para abrir concurso dos hélis a tempo e horas. E o que faz o diretor? Assobia para o lado.
O ministro das Infraestruturas finge que, quando era oposição, não disse que tinha sido necessário morrer uma pessoa para a então ministra da Saúde se demitir. Agora também morreram pessoas e ele, moita-carrasco.
O primeiro-ministro faz-de-conta que não disse há oito meses que estava apostado em promover o reagrupamento familiar dos imigrantes, e agora vai às compras para a extrema-direita.
O Procurador-Geral da República sugeriu nas entrelinhas a inversão do ónus da prova no caso Marquês, como se as leis do País pudessem ser alteradas quando os arguidos são mediáticos ou tóxicos.
O presidente da Assembleia da República faz-de-conta que preside à casa da democracia, mas não preserva a persistente selvajaria verbal de uma certa bancada, que até utiliza nomes de crianças para desenvolver discurso de ódio. Em nome da liberdade, Aguiar Branco contribui ativamente para a destruição dessa mesma liberdade e da democracia.
Cidadãos portugueses de Samora Correia fingem que são civilizados e tolerantes, mas colocam duas cabeças de porco num local isolado e destinado à construção duma mesquita, a que se opõem.
O líder parlamentar do PSD, quando questionado sobre a fuga de mais dois presos de Alcoentre, felicitou as forças policiais pela rápida captura, mas nada disse sobre a crise estrutural que dá origem a essas mesmas fugas, que são recorrentes.
Apesar da baixa natalidade e do conhecido envelhecimento da população portuguesa, há quem continue a pensar que o País não precisa de imigrantes. No entanto, as estatísticas preveem uma quebra de 23% dos trabalhadores portugueses até 2060, com as óbvias consequências para a economia nacional.
A Europa Ocidental registou o mês de junho mais quente de sempre. Portugal e Espanha chegaram aos 46°C, e agravam-se cada vez mais os fenómenos atmosféricos esquisitos e súbitos em todo o globo, porém, o poder político continua cego e surdo à realidade das alterações climáticas, a caminhar alegremente para o abismo. Entretanto, e segundo o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais, a área ardida no País quase que triplicou face a 2024 e os fogos aumentaram 68%, entre 1 de Janeiro e 11 de julho.
Em suma, vivemos num mundo de faz-de-conta, uma espécie de Alice no País das Maravilhas, mas de pernas-para-o-ar. Ou, como dizia Shakespeare: “Assim que nascemos, choramos por nos vermos neste imenso palco de loucos.”
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