Regressemos aos mapas. O oceano Índico – do Corno de África à Península Arábica, do planalto iraniano ao subcontinente indiano, até ao arquipélago indonésio – representa um cordão geográfico marcado por um diálogo tenso entre o Ocidente e as civilizações islâmicas, os gânglios das rotas globais energéticas, e uma discreta, aparente e inexorável (re)emergência da Índia e da China. Porém, esta reconfiguração gradual do poder surge numa época turbulenta entre os territórios que ladeiam as duas metades do Índico, o Mar Arábico e o golfo de Bengala.
Além disso, o futuro político do mundo islâmico, num arco que vai da Somália à Indonésia, permanece incerto. A região abraça o Índico e caracteriza-se por instituições tíbias, infraestruturas débeis e por populações jovens e inquietas, algumas seduzidas pelo extremismo. Por aqui estão o Mar Vermelho, o mar Arábico, o golfo de Bengala e os mares de Java e do Sul da China. No Índico, também se encontram as principais rotas de transporte de petróleo e gás, como os pontos de estrangulamento em Bab el Mandeb, Ormuz e Malaca, sendo que 40% dos hidrocarbonetos passam pelo estreito de Ormuz e 50% da capacidade das frotas mercantes do mundo circula pelo estreito de Malaca, tornando o Índico o mais ocupado ponto interestadual do globo.