O Portugal do século XXI é o Portugal da estagnação e da hipocrisia, que viu diversas soluções de governo que com o argumento da redistribuição, fizeram na verdade uma distribuição de pobreza.
É o Portugal que espera do Estado fazer grandes investimentos públicos (às custas dos contribuintes) e que vê os privados a tentarem sobreviver e impossibilitados de criar riqueza. Riqueza essa que é indispensável para a existência de qualquer política que se defina como redistributiva.
Em que no debate político, quando alguém propõe redução dos impostos, perguntam automaticamente onde será cortada a despesa, mas que ninguém pergunta com o aumento da despesa, quais impostos serão aumentados.
Um dos países que alega a defesa do estado social, mas que tem das maiores taxas de pobreza da Europa. Que a esquerda diz tanto querer defender o acesso universal à saúde, mas que impossibilita pobres a terem tratamento de qualidade no privado, tendo de ficar em filas de espera no público. Que diz defender educação para todos, mas que perpetua o modelo de escola de ricos e escola de pobres.
Que tem um dos parlamentos mais à esquerda na Europa, mas que perpetua a criação de classes privilegiadas e intocáveis como a função pública. Parlamento esse que tanto fala de igualdade social, cujo elevador social está parado, que aliena o futuro de jovens em Portugal, cuja maioria não vê outra hipótese, se não emigrar. Ou seja, os mesmos que criticam o brain drain (ou fuga de capital humano), são os mesmos que mais estão a fazer políticas para que profissionais qualificados queiram sair daqui.
Que tanto diz lutar contra os “vícios do capitalismo”, mas que aplicam flat tax e regimes fiscais atrativos para estrangeiros que queiram cá se estabelecer, mas que não tem coragem de expandir tal aos seus cidadãos.
Um país que se diz amante dos valores democráticos, mas que vê os partidos de esquerda e líderes partidários de direita ávidos a quererem umas eleições antecipadas em cima de festividades. Em que todos sabemos que o Natal e Ano Novo levam à deslocação de tantos cidadãos dentro do território nacional, cujo único racional para tal defesa é para evitarem o debate, o confronto de ideias e a existência de oposição, quer parlamentar, quer interna nos seus partidos. Para não falar de tantos direitos civis que têm sido colocados em causa nos últimos anos, principalmente no espaço cibernético, que em casos de suspeita de infração, o estado pode intervir sem mandado judicial prévio.
Será agora o inverno do nosso descontentamento? Penso que sim. Apesar de todos os desafios que o nosso país está a passar, temos agora a oportunidade de mudar. De seguir em frente, de lutar por um Portugal de futuro, sem o peso do estado, da estagnação e de perpetuação de hipocrisias.
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