Gosto de Marques Mendes. Foi um dos melhores ministros de Cavaco Silva e está agora empenhado em ser Presidente da República. Ótimo. Faz bem. Teve um ligeiro sobressalto com as eleições legislativas de 18 de maio, e isso faz sombra às candidaturas presidenciais.
Apesar disso, Marques Mendes não deixa de trabalhar, de estar no terreno, de fazer tudo o que está ao seu alcance para que não se esqueçam dele. É um candidato forte, mas sabe que tem contra si dois fatores que não controla: Gouveia e Melo está a ganhar força com a sua discrição, mantendo-se afastado da luta política e, se posso adivinhar, anunciará a sua candidatura logo a seguir às legislativas. O segundo factor deriva da instabilidade externa, com impacto interno, poderá levar os eleitores a afastarem-se significativamente dessa disputa.
Colocando as presidenciais em terceiro plano, Marques Mendes não deveria impulsionar ou sequer tentar juntar o PSD e o PS numa grande coligação de vontades na casa comum do centro — que existe como terreno de disputa do eleitorado, mas não é um bloco político coeso.
O centro é mais uma estratégia retórica do que uma posição ideológica clara. Ainda assim, é fundamental na formação de governos, podendo sustentá-los ou levá-los à queda, sobretudo quando nenhum partido tem maioria absoluta. Esta bandeira e aposta de LMM pode levar muitos eleitores – que querem inequivocamente uma clarificação – a mudar de caminho. E não é uma boa ideia nesta fase de pré-campanha para o Parlamento.