As sondagens não escodem que há um clima de lua-de-mel entre o eleitorado democrata e Kamala Harris. É bonita, tem um sorriso rasgado, é nova, vice-presidente, ex-senadora e ex-procuradora geral da Califórnia. E já tem um guião muito bem definido para atacar Trump até 5 de Novembro. Até à Convenção em Chicago vai estar sempre em alta, mas falta saber tudo sobre o que quer para os EUA.
O guião de ataque a Trump é muito simples e poderosamente básico: eu sou a procuradora, ele é o criminoso. Nas prisões da Califórnia estão muitos detidos, por minha mão, com os mesmos abusos e crimes do ex-presidente. Não há história mais atrativa do que esta: a do polícia e do ladrão. Kamala já disse que vai repetir isso todos os dias.
Mas não basta para Kamala ganhar a Casa Branca. Nem de longe. Os americanos e os democratas querem saber se têm uma candidata só «woke», mais à esquerda de Biden, e sem nenhum programa próprio que não seja o da plataforma de Biden, em que ela era a vice. Falta saber tudo o que pensa. E vai ter de dizer, rapidamente.
Depois, como é normal, acabará a lua-de-mel, lá para meados de Setembro, e aí vai ser duro. Não basta a dicotomia do Bom e Mau, porque nessa altura já se conhece o seu vice, e as suas próprias fraquezas. Se há coisa em que as campanhas são muito boas é em descobrir, inventar e desinformar sobre os candidatos, e Kamala, na verdade, está agora em total e maciço escrutínio. Não convém minimizar as suas qualidades e capacidades, mas é de evitar o lançamento apressado de foguetes. Nasceu, apesar de tudo, uma nova Kamala.
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