Não escondo que tinha uma expetativa muito baixa sobre a entrevista de Lucília Gago à RTP1, mas fiquei positivamente surpreendido com o resultado final. A PGR foi direta, coerente, amável e sincera nas suas respostas. Com isso causou uma indignação geral. Razões?
Porque disse estar perplexa com as afirmações da ministra da Justiça, que quer por ordem naquela casa; porque afirmou que o «Influencer» ainda está a decorrer; porque explicou que só o ex-primeiro ministro é que teria de decidir se estaria em condições de se manter no cargo; porque o parágrafo estava escrito e ninguém, externamente, incentivou ou interferiu.
Também disse que achava existir uma campanha montada contra o Ministério Público e a PGR, aqui exagerou e extrapolou, mas aproveitou para explicar que a hierarquia no MP funciona, tem vários níveis, e está sempre ativa. Ela própria sabe sempre o quer. E o que deve saber.
Foi a única entrevista que deu, diz não gostar de palcos e holofotes, e isso é visível, mas não se mostrou nervosa, ou incapaz de responder às questões mais difíceis. Vai à AR, sugeriu uma data mais alongada para levar o relatório da atividade da PGR, mas acrescentou que estaria disponível a qualquer momento.
Da entrevista saiu um dado indesmentível: a PGR queria falar, e diretamente para os portugueses, e para os seus pares, a três meses de entregar a pasta e a cadeira ao sucessor. Não se viu raiva, fúria ou exaltação naquela meia hora televisiva. Tudo isto vai contra a corrente, e contra mim próprio, que pedi a sua demissão. Processo arquivado.
À Margem: O que disse Luís Montenegro a Biden, que se escangalhou a rir? Presumem-se muitas coisas, mas só os dois é que sabem. Naqueles segundos, naquele instante, Biden ressuscitou!