Javier Milei é o novo presidente da Argentina. Usa peruca, é um anarquista extremado, quer «dolarizar» a economia, e acabar com a inflação anual de 150%. As promessas são tantas, e tão disparatadas, que não prenunciam nada de bom para os seus 46 milhões de habitantes. Se Trump é o que sabemos, Milei ultrapassa-o pela direita e esquerda, por cima e por baixo. Um amigo argentino dizia-me: «só nós, os argentinos, é que conseguimos viver aqui!»
Milei não é apenas um fenómeno argentino. Encarna o que parece ser o início da anarquia política, ou a fase pós-extremista. Já não é a extrema-direita, ou a direita populista, é a desordem institucional e o caos funcional. O novo presidente da Argentina é o princípio de qualquer coisa radical e desagradável.
Quem o escolheu foram os argentinos. Eles é que sabem. Para se chegar aqui são evidentes o desespero e as péssimas condições em que o país se encontra. Uma inflação de 150% é mortal e põe qualquer família no limite da sobrevivência. A Argentina não pode continuar como está. Falida, socialmente desfeita, e politicamente arruinada
A receita de Javier Milei é simples: acabar com o Estado, deixar de emitir moeda, ter um Governo à míngua, abrir o mercado de venda de armas, e criar uma agência anticorrupção. Onde é que já ouvimos isto? Há, também, algum espanto nas suas posições de política internacional: apoia a luta da Ucrânia e de Israel, detesta o Brasil, mas não quer lições de Putin ou Trump. Que vai na cabeça deste presidente eleito?
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