O Orçamento de Estado que vai ser aprovado no dia 29 vai ser o resultado direto da crise política em que Portugal entrou. Assim sendo, vai ser bom para os portugueses. É paradoxal, mas verdadeiro. O Governo já não tem muito que dizer, ou discutir, e tudo estará nas mãos do PS e da sua maioria, que tenderá a ponderar as eleições de Março de 2024.
No fundo, todos os partidos pretendem que alguns dos seus melhores contributos venham a ser incluídos no documento a aprovar. O PS vai mais longe do que o Governo, o PSD não pode atrapalhar ou embirrar com esta ou aquela medida, o Bloco e o PCP sabem que têm aqui uma boa oportunidade para os seus eleitorados, e o mesmo se aplica à Iniciativa Liberal e ao Chega.
De repente, numa semana, o OE para 2024 passou a ser o instrumento que todos querem tocar, e com legitimidade. Um bom Orçamento de Estado é sempre um sinal animador, mesmo que as previsões macro para o nosso país estejam em revisão negativa. É agora ou nunca.
Dizem todos que o novo Governo sempre pode retificar. Parece, mas não é. Só teremos Governo lá para finais de Abril, ou mais tarde, se não existir clareza nos resultados, e mudando a maioria, como se presume, será alterada, certamente, a orgânica do executivo, que leva mais uns tempos, para não contabilizar a habituação necessária dos ministros a cada uma das pastas. E quando tudo estiver a andar, com alguma normalidade, o novo Governo vai então de preocupar-se com o Orçamento, mas o de 2025.
MAIS ARTIGOS DESTE AUTOR
+ António Costa ou António Costa?
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.