A Madeira vai servir de teste de realidade ao PAN. Elegeu uma deputada para a Assembleia Regional, e é dado como certo que fechou um acordo de governação com o PSD/CDS, para os próximos 4 anos. É uma maioria absoluta apenas por um voto, se Miguel Albuquerque não conseguir juntar a IL, e isso gera sempre um estado de inquietação.
Uma coligação, na fronteira da maioria absoluta, torna-se refém de um partido que não tem tradição de poder. É verdade que para se ter experiência é necessário exercer, e passar pelos sarilhos que daí resultam, e isso se verá. Também parece muito sensato, de parte a parte, que a fazer-se um acordo, que seja com este partido.
A IL tem outras aspirações, mais nacionais do que regionais, mas seria interessante, do ponto de vista de estabilidade política, estar também presente nesta maioria. Aconteceria, sem nenhuma dúvida, se fosse a única e última alternativa, mas a liderança dos liberais ainda está muito longe do sossego eleitoral. Conseguiu um deputado na Madeira, subiu de 0,5% em 2019 para 2,6% agora, e é um avanço promissor. Mas apenas isso.
Assim sendo, Miguel Albuquerque deverá estar profundamente arrependido por ter confiado nas sondagens. Se nada tivesse dito, como disse, bem poderia fazer um Governo apenas com o CDS, sem maioria absoluta, como fez António Guterres, e esperar para ver. O ex-líder do PS saiu pelo seu próprio pé, depois de umas eleições desastrosas, mas nunca a AR o deitou abaixo. Isso paga-se caro, normalmente.
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