O mundo ficou espantado com a velharia e ineficácia do arsenal russo que invadiu a Ucrânia, e que descredibilizou e danificou a imagem de uma superpotência militar considerada indestrutível, e na posse dos melhores equipamentos do mundo. Conviria, já agora, olhar rapidamente para dois ou três exemplos – são dezenas ou centenas – de alguma da ajuda militar enviada pelos aliados a Kiev, e que nos deixa abismados e envergonhados.
São apenas dois ou três excertos de um artigo publicado no site do «Kiev Post», assinado por Steve Brown, um ex-militar britânico de carreira, casado e com família ucraniana. É um dos jornalistas e analistas deste órgão de informação de Kiev, o mais reputado em língua inglesa.
- «Um dos pacotes de ajuda militar dos EUA à Ucrânia incluía 6 peças de artilharia M777 de 155mm, e 29 Humvees, que estavam estacionados num depósito americano no Koweit. Durante a inspeção prévia, todos os obuses e 26 dos Humvees foram considerados inutilizáveis.
No caso das peças de artilharia verificou-se que, apesar da documentação em contrário, o cronograma e os procedimentos de manutenção não tinham sido rigorosamente aplicados. A artilharia não tinha sido montada corretamente e os fluidos hidráulicos não tinham sido substituídos. Ambos os fatores poderiam causar uma falha catastrófica durante a utilização, matando provavelmente os operadores.
Esta ajuda, que está a ser investigada no Pentágono, resultou num atraso de quase três meses na entrega, e num custo adicional de várias centenas de milhares de dólares».
- «A Alemanha, a Holanda e a Dinamarca concordaram em fornecer à Ucrânia 100 tanques de batalha Leopard 1, remodelados».
O Daily Telegraph revelou que «dois dos carregamentos, num total de 20 Leopard 1, recebidos da Alemanha, estavam inutilizáveis e necessitavam de reparações que Kiev não era capaz de realizar, porque não tinha militares treinados para realizar o trabalho».
- «Volodymyr Havrylov, um vice-ministro da Defesa ucraniana, citado pelo «New York Times», em junho, disse que a Ucrânia estava a ficar cansada de ouvir certos países doadores a exaltar as suas próprias virtudes nas quantidades de equipamento já fornecido à Ucrânia, quando parte dele chega em condições precárias ou inutilizáveis, apenas aptos a fornecer peças de reposição, em vez de serem diretamente usados em combate». O artigo citou o mesmo «NYT», de junho passado, que revelou que cerca de 30% da ajuda militar enviada para a Ucrânia, ao longo destes 19 meses, não estava em condições de ser utilizada, nem arranjada. Ou seja, um terço era (é) lixo!
Calha bem a publicação desta peça jornalística, com vários exemplos, quando o Congresso americano se mostra dividido na continuação da ajuda militar à Ucrânia. Num encontro com os senadores, Zelensky, visivelmente entristecido, foi direto e taxativo: «se não ajudarem vamos perder a guerra!»
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