Biden foi a Kiev, como sonhava, e pelo caminho aproveitou para avisar Putin, e Moscovo, que não queria confusões durante as horas em que lá estaria. Nenhuma surpresa, nem sequer para os russos. Um ano depois do início da guerra, que sempre foi prevista e anunciada pelos EUA, era ponto assente que o presidente teria de abraçar Zelensky, mas em Kiev.
Com os seus óculos escuros, à “Top Gun”, de fato e gravata, visivelmente cansado, depois de 9 horas num comboio, Biden mostrou-se rijo e duro no apoio à Ucrânia. Deu aos russos, e a Putin, uma lição de resistência dos aliados, por cuja carroça puxa, e agradeceu aos ucranianos o sacrifício e a coragem nestes 12 meses.
Esta visita relembra como em Fevereiro de 2022, inesperadamente, num momento fugaz, a história foi definida por improváveis personagens: Zelensky e seu povo, que não vergou, Biden que se chegou à frente, sem hesitar, e Putin que desfez, com uma ordem, a reputação das suas forças armadas e do seu país. Para não falar da sua.
Tudo isto poderia ter sido ao contrário, com Putin a beber um café, numa esplanada de Kiev, Zelensky metido num avião, a caminho do exílio, e Biden a olhar para o lado, como fez em Cabul.
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