No discurso que preferiu durante a vigília com os jovens, na Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco transmitiu uma mensagem que, entre tantas outras, considero extremamente sábia e a reter: “o que importa não é não cair, mas sim não permanecer caído”, perguntando, a todos os jovens ali, quem fora, em momentos difíceis das suas vidas, um raio de luz que os ajudara a levantar quando caíram.
Muitas vezes, os professores são também essas raízes de alegria, podendo desempenhar um papel fundamental na vida dos jovens, assim como a família e amigos. Todos caímos, de facto, e muitos bateremos no fundo, mas o essencial é termos ao lado as pessoas certas que, com o seu amor, amizade e solidariedade, nos deem a mão que nos ajude a levantar e a confiar nas nossas capacidades, no nosso valor e potencial.
Por isso, considero fundamental que, nas escolas, se cultive cada vez mais os valores, que são tão ou mais importantes como a aquisição de conteúdos. Num mundo cada vez mais frio e desumano, em que parecem prevalecer objetivos financeiros, em detrimento da luta pelos direitos humanos, parece-me fundamental que criemos nos nossos jovens estas “raízes de alegria”, ou seja, que estejam atentos àqueles que os rodeiam e possam ajudar quem deles precisa. O Santo Padre apelou mesmo a que os jovens se deixem guiar por “uma sinfonia de gratuitidade num mundo que vive de lucros”. Isto significa que existem muitos ganhos na vida para além dos financeiros e que os nossos jovens, homens e mulheres de amanhã, devem ser, acima de tudo, deres humanos bons e com compaixão.
O Papa Francisco também falou da importância de que os jovens tenham consciência de que a caminhada que os espera na vida apresentará, certamente, diversos obstáculos que têm de ser capazes de ultrapassar, com vontade e persistência, destacando ainda o facto de viverem demasiadamente no mundo digital, esquecendo, muitas vezes, a vida que acontece para além disso e o que realmente importa.
Na verdade, vemos cada vez mais uma corrida desenfreada por seguidores virtuais, em vez de se procurar amigos verdadeiros no quotidiano real. Quantas conversas importantes ficaram por ser travadas porque estávamos agarrados ao nosso smartphone? Quantas pessoas podíamos ajudar e, no entanto, não o fizemos, porque estávamos demasiadamente ocupados com as nossas redes sociais para percebermos que alguém próximo precisava de ajuda? Estas são questões que julgo da maior relevância e que nos devemos colocar.
O não isolamento é, pois, fundamental e, para os nossos jovens serem “raízes de alegria”, têm também de encontrar em casa e na escola os espaços de diálogo necessários à promoção de valores humanos. Não queremos educar máquinas, mas pessoas. O mundo não precisa de tecnologia mais do que precisa de humanidade. Sejamos ou não católicos, o importante é a mensagem de amor e de entreajuda transmitida pelo Papa Francisco nesta Jornada Mundial da Juventude. Não as esqueçamos e façamos do nosso quotidiano um sítio melhor, mais feliz, mais solidário e mais empático.
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