Esta segunda-feira marcou o início do 3º período letivo, mas também o regresso à luta por parte dos professores, que continuam a reivindicar os seus direitos. Após a apresentação da última proposta da tutela, os sindicatos concluíram que a correção de assimetrias provenientes do congelamento do tempo de serviço acabariam por deixar de fora mais docentes do que o previsto, considerando este diploma ainda mais gravoso que o anterior e apelando à não promulgação do mesmo pelo Presidente da República.
Os professores não são uns “esquisitinhos” que não aceitam coisa nenhuma, nem sequer se estão a “armar em difíceis”, como alguns afirmam. O que pedem é apenas e tão somente aquilo que lhes foi sendo retirado ao longo das últimas décadas: respeito e dignidade! Tempos houve em que os professores eram respeitados e em que esta profissão era considerada nobre. Eu mesma confesso que, apesar de ter sempre sido uma boa aluna a todas as disciplinas e com uma ótima média final de secundário, escolhi ser professora por vocação, mesmo podendo ter optado por tantas outras profissões. Na verdade, acredito que a educação levada a sério é apaixonante e pode fazer toda a diferença na vida de todos, desde que os governos a encarem desta forma e os professores realizem o melhor trabalho possível.
O sonho da educação era, no passado, imenso e partilhado por muitos, mas as vicissitudes acabaram por fazê-lo esmorecer, sendo que aplaudo os resistentes que continuam nesta profissão porque acreditam nela e que, mesmo no meio de tantas injustiças e desmotivação, ainda acreditam que é possível fazer mais e melhor. Contudo, infelizmente, são cada vez menos aqueles que seguem esta carreira como primeira opção, o que se torna extremamente preocupante, porque os professores que tivermos no futuro poderão não ter vocação para esta missão basilar em qualquer país que se pretenda civilizado e desenvolvido, o que retirará imensa qualidade ao ensino.
O que o Governo e, particularmente, o Ministério da Educação ainda não perceberam é que se os professores perderem esta luta, todos perdemos, todo um país, sob pena de que não haja mesmo quem queira ser professor no futuro. E nessa altura? Que faremos? Substituir o professor por algum robot fruto da crescente evolução da inteligência artificial? Estou completamente segura de que tal seria desastroso. O professor é muito mais do que alguém que transmite conhecimentos. É também aquele que faz despertar nos seus alunos o espírito crítico e a vontade de tornar o mundo num sítio melhor, e isto é tão somente fundamental e um traço dos seres humanos!
Por isso, apelo a que o Ministério da Educação demonstre alguma flexibilidade perante o que é solicitado pelos professores, com uma abertura ao diálogo, para que, através da chama da educação, possa haver alguma esperança para o futuro do nosso país. A educação é um dos pilares de qualquer nação, pelo que não pode, em hipótese alguma, ser tão maltratada.
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